sábado, 6 de janeiro de 2024

O Mistério do Montijo: novo concurso, 100 mil euros na mesma?...

Continua a pairar o silêncio (quase mistério...) sobre o futuro da Monumental do Montijo, emblemática praça de toiros nacional inaugurada a 1 de Setembro de 1957 e que desde ontem deveria ter vários pretendentes à sua adjudicação/gestão, depois do concurso público lançado pela Santa Casa da Misericórdia (proprietária) e, pelos vistos, não teve nem um... 

O prazo limite para a entrega de propostas candidatas à adjudicação da Monumental "Amadeu Augusto dos Santos" terminou ontem e na secretaria da Santa Casa não terá dado entrada uma única candidatura, isto apesar de terem sido levantados, a troco do pagamento de 150 euros, dois cadernos de encargos.

Nos últimos dois anos, a praça foi gerida pela empresa Tertúlia Óbvia - de José Luis Zambujeira e João Anão -, depois de ter estado mais de dez anos nas mãos de Abel Correia e João Pedro Bolota.

Zambujeira e Anão pagaram uma renda de 80 mil euros pelos dois anos em que lá estiveram (2022 e 2023). A renda, de novo por duas temporadas, aumentou 20 mil euros neste concurso (100 mil), o que terá desmotivado os empresários de concorrerem e suscitado mesmo uma posição pública da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), que aconselhou os seus associados a deixarem este concurso em branco.

Mas não terá sido só o dinheiro a causar este desinteresse da classe empresarial pela praça de toiros montijense. A maioria dos empresários perderam o apetite de concorrer muito por causa, também, de algumas exigências expressas no caderno de encargos - onde era obrigatória a realização de cinco corridas de toiros por ano (mais uma que no Campo Pequeno), sendo que duas delas deveriam ser pelas Festas de São Pedro, no mês de Junho.

"Mais preocupante", referem alguns empresários, era a obrigatoriedade de contratar os dois grupos de forcados do Montijo - Amadores e Tertúlia - a pegarem cada um deles uma corrida de seis toiros em solitário.

Como referimos esta tarde, contactámos o Director de Comunicação da Santa Casa do Montijo, Marcos Lopes, na esperança de obter todos os esclarecimentos que neste momento pairam no sector tauromáquico, sobretudo e em primeiro lugar, se houve ou não candidaturas; e no caso de se confirmar que ninguém manifestou interesse, que solução iria a Misericórdia encontrar para que a Monumental não ficasse parada.

Esbarrámos num preocupante e misterioso silêncio. O Director de Comunicação da Santa Casa não quis confirmar nem desmentir que o concurso ficou deserto. Pediu apenas para que aguardássemos "com serenidade", que em breve haveria notícias.

Já depois de termos publicado essa peça, o site touroeouro.com veio noticiar que a Santa Casa vai anunciar na próxima semana um novo concurso - o que pode significar que, na realidade, este ficou mesmo deserto - em que manterá o valor da licitação mínima de 100 mil euros, mas alterará alguns pontos do caderno de encargos, muito provavelmente aquelas obrigações - "sem nexo", na opinião de vários empresários - a que fazemos em cima referência.

Foto M. Alvarenga