segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Centenário do Maestro Diamantino Vizeu celebrado em Jantar de Gala no Casino Estoril

Graças ao empenho e ao esforço e dedicação de sua Família, muito em particular de seu neto, o matador de toiros Mário Vizeu Coelho, foi prestada homenagem à memória de Diamantino Vizeu, primeiro matador de toiros português, comemorando o centenário do seu nascimento (21 de Julho de 2023), que se celebrou há dois anos, mas que na altura, acabados de sair da pandemia, não foi possível assinalar.

A homenagem teve lugar no emblemático Casino Estoril num jantar que decorreu no passado dia 7 e que contou com ilustríssimas presenças de ganadeiros e toureiros nacionais e também de importantes figuras do mundo taurino de Espanha e México - Diamantino Vizeu, recorde-se, foi casado com uma cidadã mexicana, D. Yolanda, de quem teve duas filhas, Verónica (mãe de Mário Vizeu Coelho, fruto do seu casamento com o saudoso e também destacado matador de toiros Mário Coelho) e Diamantina (que, por motivos de ordem pessoal, não pôde estar presente no jantar). 

Como muito bem referiu o veterano crítico taurino Joaquim Tapada nas redes sociais, "o Maestro Diamantino Vizeu, lá do Alto, deve estar orgulhoso da sua filha Verónica e do seu neto Mário Diamantino pela brilhante festa replecta de glamour para comemorar o seu centenário (2023) que não houve oportunidade de realizar na altura".

"Num ambiente magnífico do Casino Estoril, com deslumbrante vista para a alameda até à Marginal, teve lugar o jantar servido com o maior requinte e que dava ao evento a classe de verdadeira Gala. A forma com  muito gosto como foi traçado o perfil do  saudoso Toureiro através de projecções com retalhos da sua biografia, muitas delas com ele a falar, davam a ideia que ele estava ali conosco" - refere Joaquim Tapada.


Presentes figuras de Espanha, México, Portugal, representantes das embaixadas, políticos, vários matadores de toiros e outros toureiros, ganadeiros e conhecidos comentaristas espanhóis, sendo de salientar os matadores Domingo ValderramaDomingo López Chaves(espanhóis) e Joaquín Angelino de Arriaga (mexicano), bem como o português Joaquim Ribeiro "Cuqui"; o Embaixador do México; os ganadeiros António Luis de Castro, Joaquim Grave Sebastião Ortigão Costa; o director de corrida Marco Gomes e Ana Meira (Museu Taurino de Alter do Chão); o antigo bandarilheiro e director de corrida Francisco Farinha; o bandarilheiro e antigo novilheiro Ricardo Pedro; o novo empresário da praça vilafranquense "Palha Blanco" Bernardo Alexandre; o deputado Paulo Núncio, do CDS, bem como a conselheira do mesmo partido Isabel dos Santos Coelho; o importante taurino espanhol Juan Lamarca, antigo presidente da Monumental de Madrid e presidente da prestigiada tertúlia Círculo de Amigos da Dinastia Bienvenida; muitos familiares de Diamantino Vizeu portugueses e mexicanos; e também, entre outros, o jornalista Javier Hurtado, do programa "Tendido Cero" da TVE, com feliz intervenção que encerrou com brilhantismo a homenagem ao traçar o percurso do Maestro Diamantino Vizeu - "que mostrou Portugal ao mundo através do seu valor como matador especial e com personalidade vincada".


Todo o Jantar foi abrillhantado por um magnífico conjunto azteca de Mariachis com músicas interpretadas com vozes bonitas e alguns trechos muito característicos do México.


Por fim, o neto, também matador de toiros, Mário Vizeu Coelho, subiu ao palco para agradecer a presença de todos, fazendo algumas referências individuais, em especial aos que vieram de Espanha e do México e de várias partes do nosso país, aos seus colegas matadores e outros toureiros, reforçando que "nunca deixem acabar a obra extraordinária" que seu avô criou no Sindicato dos Toureiros, o louvável Fundo de Assistência, que tem sido muito útil a todos.


"E num ambiente pouco vulgar em eventos do género (um autêntico Jantar de Gala) via-se regozijo no rosto não só  dos familiares pelo dever cumprido, mas em todos os convidados" - remata Joaquim Tapada.



A história gloriosa do 
Maestro Diamantino

Diamantino Francisco Martins Vizeu, de seu nome completo, não tinha qualquer relação com o mundo do toureio até ao dia em que conheceu um amigo que frequentava a Escola de Toureio de Júlio Procópio em Lisboa e se começou a entusiasmar pela arte de Montes. As primeiras vacas toureou-as na antiga Feira Popular de Lisboa, onde hoje são os jardins da Gulbenkian. E depois de conhecer o bandarilheiro espanhol Puntaré, rumou ao país vizinho e debutou no ano de 1944 como novilheiro em Toledo.


Teve em Portugal uma primeira apresentação mal sucedida na antiga praça de Santarém, mas em 1945 conseguiu o seu primeiro êxito notável na praça "Palha Blanco" de Vila Franca de Xira, onde alternava com o célebre Cayetano Ordoñez "Niño de la Palma".


O Grupo Tauromáquico "Sector 1" criou então um movimento de apoio à primeira estrela do nosso toureio a pé para que ele se apresentasse na Real Maestranza de Sevilha numa novilhada com picadores, o que veio a acontecer na Feira de Abril de 1946, onde cortou uma orelha.


E a 23 de Março de 1947 tomou finalmente a alternativa na Monumental de Barcelona, sendo seu padrinho Francisco Vega de los Reyes "Gitanillo de Triana" e suas testemunhas Agustín Parra "Parrita" e António Bienvenida. "Comerciante" era o nome do toiro lidado pelo primeiro matador de toiros português e pertencia à ganadaria de Juliana Calvo Albasserrada. Diamantino Vizeu tinha então 24 anos.


Confirmou a alternativa em Las Ventas, Madrid, a 15 de Julho do mesmo ano, das mãos de Pepe Bienvenida e também ainda nesse ano, a 21 de Dezembro, apresentou-se na praça El Toreo da cidade do México, país onde gozou de imensa popularidade.


Em Portugal, formou com Manuel dos Santos a mais célebre parelha do nosso toureio a pé. Em 1958 protagonizou o filme "Sangue Toureiro" contracenando com Amália Rodrigues.


Diamantino Vizeu retirou-se das arenas na praça do Campo Pequeno a 24 de Agosto de 1972, publicou as suas Memórias em 1993 e outro dos seus maiores feitos foi ter fundado o Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses.


Patriota dos quatro costados, recusou um dia receber das mãos do então Presidente da República Mário Soares uma condecoração, por o considerar (e escreveu-o em carta que enviou a Belém) um dos principais responsáveis da "vergonhosa descolonização”.


Em 31 de Março de 1972 foi agraciado pelo Presidência da Republica (Almirante Américo Thomaz) com o grau de Oficial da Ordem de Benemerência.

 

A 20 de junho de 1987, foi agraciado pela Presidência da Republica (era Presidente o General Ramalho Eanes) com o grau de Comendador da Ordem do Mérito.


Diamantino Vizeu morreu a 12 de Outubro de 2001, vítima de atropelamento na Avenida de Berna, em Lisboa, muito próximo da praça de toiros do Campo Pequeno, onde vivera muitas das suas tardes e noites de glória. Estava de regresso a casa (morava junto ao Jardim Constantino), depois de visitar seu irmão que se encontrava internado no Hospital Curry Cabral.


Portugal devia-lhe esta grande homenagem - a Família e, sobretudo, o seu neto, encarregaram-se, em boa hora, de a levar por diante.

Em baixo, extractos do programa "Tendido Cero" da TVE. A seguir, não perca todas as fotos do jantar no Casino Estoril.

Foto D.R. e videos D.R. e RTVE