Fotos de João Dinis na capa do "Correio da Manhã" continuam a dividir as opiniões |
O destaque dado pelo jornal "Correio da Manhã" e pelas televisões, através das fotos do repórter João Dinis, à trágica noite de sábado passado na arena de Coruche continua a dividir as opiniões e, como referimos há momentos, uma sondagem levada a cabo pelo site toureio.pt teve como resultado uma esmagadora vitória (92%) dos que defendem que os jornalistas devem publicar as fotos de dramas que ocorram nas arenas porque a tragédia faz parte da Festa, como a glória e os triunfos.
Miguel Alvarenga analisou ontem aqui a questão num polémico e eloquente texto em que frisou claramente que os jornalistas "devem publicar o que é notícia", independentemente de todos lamentarmos essas situações. "Mas se elas ocorrem, são para noticiar e não para esconder", refere o director do "Farpas". "E quem defenda o contrário, não é jornalista e muito menos profissional", acrescenta.
"Se afinássemos pelo mesmo diapasão dos que dessa ordem de ideias dos que defendem que essas fotos não se devem publicar e essas ocorrências se devem ocultar, estaríamos a passar um atestado de incompetência aos repórteres de guerra, por exemplo, para já não dizer aos jornalistas em geral", afirma ainda Miguel Alvarenga.
Francisco Morgado, veterano crítico tauromáquico, antigo comentador da RTP e actualmnete correspondente no nosso país do importante site espanhol mundotoro.com, reagiu hoje assim ao referido texto do nosso director:
"Parabéns Miguel. Grande texto sobre o profissionalismo dos jornalistas ligado à corrida de Coruche. E as suas palavras ao Dinis, além de merecidas no caso em apreço, têm relevância, até porque 'as guerras com eles' têm sido mais que muitas".
Já Luis Miguel Pombeiro, director do semanário "Olé!", expressa hoje uma opinião diferente no Editorial da sua publicação:
"Desta vez a 'malta' acha que em Coruche no passado sábado houve 'tragédia'. O termo tragédia tem sido utilizado para casos realmente graves como o de Pedrógão Grande e do incêndios em que morreram muitas pessoas. Falamos em tragédia quando realmente há situações que pelo seu grau elevado de gravidade levam a que se titule com esse termo. Em Coruche, volto a repetir, não se deve empregar o termo tragédia, pois o que aí se passou foram apenas azares de profissões de risco e de quem se dispõe a jogar a vida numa arena".
E acrescenta:
"Muitos dos que escrevem ou escreveram sobre o tema são novos e não passaram por situações que marcam e que nos faz distinguir o trigo do joio. Outros querem mais leitores e mais sensação. Respeito todos. Outros querem mostrar que estavam atentos e têm as fotos com todos os pormenores. Também têm a sua razão".
Pombeiro, que confessa ainda "já não ter paciência", nem "idade para andar a batalhar quase em solitário", não publica na edição de hoje do "Olé!" nenhuma fotografia das colhidas que marcaram a corrida de sábado em Coruche.
Fotos João Dinis/"Correio da Manhã", D.R. e Emílio de Jesus