segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Grande forcado, homem autêntico: saudades de Zé Luis Figueiredo

Com Maria João Mil-Homens, com quem formou parelha nos últimos anos no site
"Porta dos Sustos" e com o também saudoso Maestro Joaquim Bastinhas numa
gala de entrega de troféus
Inseparáveis uma vida inteira: José Luis e sua Mulher, Isabel Magriço
Na Monumental Plaza México, no grupo de forcados Amadores Lusitanos. O Zé
Luis é o da direita, em baixo, numa formação de grandes glórias da forcadagem
ao tempo comandada por Fernando Hilário e onde se vêem, entre outros, o cabo,
António Manuel Barata Gomes, Silvino Bento, Francisco Costa Montezo, Rogério
Amaro, "Machinó" e também os críticos taurinos José António Lázaro e Virgílio
Palma Fialho. Em baixo, numa excelente foto de António Paulo/Pintar com Luz


Miguel Alvarenga - Era um homem verdadeiro, autêntico, aquilo a que se chama normalmente um terra-a-terra, simples, humilde, grande nas arenas e fora delas. Amigo do seu amigo.
Quis Deus e assim quis o destino que o Zé Luis Figueiredo se fosse embora assim de repente, sem me dar sequer oportunidade de um último adeus, no dia em que eu chegava a La Puebla del Rio para fazer a reportagem das fantásticas festas em honra de San Sebastián. O meu telefone não parou. Foi como se me tivessem dado um murro no estômago e eu longe, a uns 600 quilõmetros, sem me poder despedir dele.
Bem sei que foi mais ou menos a crónica de uma morte anunciada, mas ninguém esperava que fosse assim tão cedo e tão de repente, ele que ainda dias antes estivera ao lado da Maria João Mil-Homens na gala de entrega dos troféus do site "Porta dos Sustos", onde nos últimos anos assinou crónicas tão lúcidas, tão acutilantes e se calhar tão incómodas.
Dele fica a recordação de um amigo bom, de um homem sincero e sempre afável e bem disposto, mesmo nos tempos difíceis que viveu ultimamente, em luta digna e cheia de forças contra a doença que acabou por não conseguir vencer.
Foi a última pega da sua vida, ele que fez tantas e que elevou tão alto a imagem do forcado amador nos grupos do Montijo, de que chegou a ser cabo, depois nos Lusitanos e pela última vez na Selecção de Forcados que o Xico Costa formou para pegar nas duas últimas Corridas "Farpas" na praça da Figueira da Foz. Será sempre recordado como um dos grandes forcados deste país. Pela raça, o valor, a técnica e o poderio com que andou anos e anos nas arenas.
Fora delas, foi um homem bom daqueles que se não esquecem. Mais um que partiu. Que raiva, Zé Luis, só morrem os bons, só morrem os que nos fazem falta. E tu fazes.
Bom marido, grande pai, avô extraordinário - ficam as lições e os exemplos que se fartou de dar a todos. Fica a saudade. Mas ficam sobretudo as memórias dos tempos inesquecíveis que com ele todos repartimos.
Descansa finalmente em paz, meu querido amigo.

Fotos Emílio de Jesus/Arquivo, Maria Mil-Homens, Carmona/Plaza México e António Paulo/Pintar com Luz Lda