Miguel Alvarenga - Tinha 63 anos o Jorge quando morreu, há um ano, no Instituto Português de Oncologia, onde dois dias antes o tinha visitado e o tinha visto sorrir pela última vez. Bastinhas morrera há dez dias e o nosso Emílio morreria no dia seguinte ao Jorge. Era o início do mais triste de todos os anos.
O Jorge era irmão do Rui Bento e fora, desde os seus princípios de toureiro, o seu maior e mais entusiasta apoiante. O seu maior e mais eficiente apoderado, sem o ser oficialmente.
Tinha, temos todos, uma saudável dose de loucura - que sabia, como poucos, repartir com os amigos. Naquele tempo, deixava tudo para trás, metia-se no comboio e lá ia ele todos os fins-de-semana até terras de Espanha para estar ao lado do Rui onde o Rui toureasse. Na volta, chegava a Santa Apolónia e tantas vezes ia almoçar comigo na tasca debaixo do jornal (que era ao tempo "O Título" e fora antes "O Diabo"), carregado de programas, de fotografias e recortes de jornais.
Era um homem único, um coração enorme, um sorriso sempre rasgado, fosse o dia alegre ou negro. Deixou saudades - porque é impossível não ter saudades de um Amigo que nos marca como o Jorge a todos marcou.
Passou um ano. Vim hoje aqui recordá-lo. Porque gostava dele. Porque ele merece que o lembremos. Sempre.
Foto M. Alvarenga