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Nuno Pardal (primeiro da direita) com o Estado-Maior do Chega em Dezembro de 2019 no Jantar de Natal do partido na Cervejaria "Trindade" em Lisboa |
Em Fevereiro de 2020, quando saltou para a praça pública o triste caso de João Moura e dos galgos, o mesmo Nuno Pardal, presidente (agora demissionário, mas ao tempo ainda não) da Associação Nacional de Toureiros, que hoje se soube estar acusado pelo Ministério Público de dois crimes agravados de recurso a prostituição de menores, veio a público, subscrevendo um comunicado oficial da associação representativa dos toureiros (ANT) demarcando-se do número-um dos cavaleiros, onde escrevia que "não se podem confundir atitudes pessoais, que só a este dizem respeito, com a classe profissional a que pertence", frisando que "qualquer tentativa de ligar a tauromaquia, toureiros e aficionados a este tipo de comportamentos é irresponsável e indigna" e acrescentando que "repudiamos qualquer ilícito desta ordem que venha a provar-se ter sido cometido por João Moura ou qualquer outro cidadão”.
Hoje, o meio tauromáquico acordou sobressaltado com a notícia do escândalo de Pardal divulgada pelo jornal "Expresso"... e, até ao momento, as associações representativas da classe ainda não vieram a público reagir. Estranho, não é?
Como presidente da Associação Nacional de Toureiros, Nuno Pardal integrava também a ProToiro-Federação Portuguesa de Tauromaquia. Nem, a Associação Nacional de Toureiros, nem, a ProToiro, nem nenhuma outra associação representativa dos intervenientes no espectáculo tauromáquico se dignou vir a público reagir, comentar, condenar o envolvimento do antigo toureiro neste escândalo. Uma coisa é andar nos aeroportos a pegar em malas alheias, outra, bem mais grave, é andar em pinhais em alegadas práticas sexuais com menores. E ninguém diz nada? Ficam todos calados que nem ratos?
Que vergonha de tauromaquia a nossa.
Bem sabemos que, tal como o mesmo Nuno Pardal escreveu em 2020 sobre o caso Moura/Galgos, "não se podem confundir atitudes pessoais, que só a este dizem respeito, com a classe profissional a que pertence" e "qualquer tentativa de ligar a tauromaquia, toureiros e aficionados a este tipo de comportamentos é irresponsável e indigna", mas era importante que as associações representativas do mundo tauromáquico já tivessem vindo a público dizer uma palavra, que fosse, sobre o escândalo (bem mais grave que o das malas, repetimos) que rebentou hoje.
Estão todos caladinhos, como se não se tivesse passado nada? O (mesmo demissionário) presidente da Associação Nacional de Toureiros é acusado pelo Ministério Público de dois crimes agravados de recurso à prostituição de menores (um consumado e outro na forma tentada)... e ninguém diz nada? Assobiam para o lado?...
Em Junho de 2023, poucas semanas antes de combinar alegados encontros com um menor de 15 anos, pagando-lhe em troca de actos sexuais, Nuno Pardal afirmou numa reunião do Grupo de Trabalho da Assembleia das Crianças de Lisboa, que “a protecção das crianças contra a exploração sexual e os abusos sexuais é, de facto, para o Chega um ponto fundamental no âmbito da justiça" e que, por isso, “não admitem a desculpabilização desse tipo de condutas configuráveis com crimes”.
E lamentava que “se prefira arranjar argumentos para defender os agressores ao invés de trabalharmos na alteração à legislação de forma a aumentar a defesa das potenciais vítimas”. Nessa intervenção, elogiou a defesa por parte do Chega da “castração química de pedófilos e abusadores” como uma “medida de coragem” na prevenção dos abusos sexuais de menores...
André Ventura defendeu esta quinta-feira que "quem é pedófilo deve ser castrado" e que esta ideologia se aplica a qualquer pessoa ou partido. O presidente do Chega falava sobre o caso do deputado municipal do seu partido, Nuno Pardal Ribeiro, que foi foi acusado pelo MP de dois crimes agravados de prostituição de menores.
Ventura admitiu também esta quinta-feira que este "não é um bom momento" para o partido, mas recusou que a sua liderança esteja fragilizada por dirigentes terem sido acusados de prostituição de menores, furto ou condução sob efeito de álcool.
"Estou aqui para assumir os melhores momentos e os piores momentos. Este não é um bom momento", afirmou, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Foto D.R.