sábado, 12 de julho de 2025

José Manuel Correia Lopes cumpre hoje o 50º aniversário da sua alternativa

Miguel Alvarenga - A história do José Manuel Correia Lopes, que na noite de 12 de Julho de 1975, cumprem-se hoje 50 anos, tomou a alternativa na desaparecida Monumental de Cascais, apadrinhado por Mestre David Ribeiro Telles, cruza-se com a minha desde miúdos. Ele tem uns dois ou três anos a mais que eu O meu Pai era muito amigo, e chegaram a ser sócios, do seu Avô, Joaquim Afonso Pereira, um homem incrível, com um saber e uma graça que nunca mais esqueci, que todos conheciam por Ti Afonso e de quem todos os que o conheceram guardam uma memória eterna e sempre recheada de episódios engraçadíssimos. Aí está ele nesta foto de cima, segurando um cavalo com o Zé Manel montado. 

Logo a seguir ao 25 de Abril, comecei a correr o país e a ir aos toiros, onde toureava o Zé Manel (assim se anunciava nos cartazes), com o Ti Afonso. Sempre conduzido pelo seu motorista Saraiva, ia-me buscar a casa na sexta à noite e trazia-me de volta no domingo, depois de termos assistido a duas, às vezes três, corridas por praças de norte a sul. 

Com apenas 12 anos, estreou-se no Campo Pequeno. Normalmente, nesse tempo, toureavam a abrir praça o Dr. Varela Cid, os irmãos José e Afonso Maldonado Cortes, o Mestre Batista, o Gustavo Zenkl e por aí adiante. E completava sempre o cartel o "distinto cavaleiro amador José Manuel Correia Lopes 'Zé Manel'".

Aprendi muito com o Ti Afonso. Ri muito com o Ti Afonso. Foi um homem que me marcou - e que eu recordo tantas vezes e de quem já contei tantas histórias giríssimas aos meus amigos e aos meus filhos.

O Zé Manel tinha nesse tempo um cavalo fantástico. Entre outros. Era o "Zaragata". Perguntei-lhe há momentos que ferro tinha e ele recordou-me que o cavalo não tinha ferro, soube depois que era filho de um cavalo Veiga, pertencia a um Senhor Mira de Évora e foi comprado pelo Ti Afonso no Redondo ao famoso José Anão. O cavalo era uma elegância, fez história e foi tema de muitas crónicas.

Na altura, eu escrevia as minhas primeiras crónica no jornal "Cidade de Tomar", dirigido pelo meu primo Gonçalo Macedo. E várias vezes escrevi sobre o Zé Manel e o seu célebre cavalo "Zaragata".

A alternativa do Zé Manel foi há exactamente meio século. 12 de Julho de 1975 na Monumental de Cascais. Apadrinhado por Mestre David Ribeiro Telles. Lembro-me como se fosse hoje.

Um ano depois, viria a sofrer na Monumental de Santarém uma grave colhida quando lidava um toiro da ganadaria Murteira Grave, que o fez perder uma vista. Mesmo assim, o Zé Manel continuou a tourear, chegou a ser apoderado na fase final pelo saudoso Fernando Camacho, mas depois acabou por resignar-se e afastar-se das arenas precocemente, passando a dedicar-se à arquitectura e também ao ensino da equitação.

Entre outros, teve a seu lado os bandarilheiros Francisco Farinha (que o chegou também a apoderar), Rosário Lico e Domingos Paixão.

O Zé Manel era afilhado de baptismo do saudoso cavaleiro Joaquim José Correia "Quim-Zé" (que morreu em 16 de Outubro de 1966 vítima de colhida na praça do Campo Pequeno) e é irmão do também cavaleiro de alternativa retirado Afonso Correia Lopes e pai de Francisco Correia Lopes, que foi cavaleiro praticante, estando já retirado, sem ter chegado a tomar a alternativa.

50 anos depois, venho hoje aqui abraço o meu querido amigo de uma vida. Venho também lembrar seu Avô, sua Avó, a Tia Olinda, seus Pais, com quem desfrutei de tantos momentos inesquecíveis na casa da Moita e na quinta de A-da-Beja.

Há pessoas que nos marcam e nos tocam. O Ti Afonso foi uma delas. E o Zé Manel também.

Fotos D.R., Luis Azevedo/Estúdio Z, C. Brito/Arquivo e Florindo Piteira


A estreia no Campo Pequeno com apenas 12 anos de idade
Com Francisco Farinha, o bandarilheiro de uma vida

Com seu pai

José Manuel Correia Lopes tomou a alternativa há meio século
Com seu filho Francisco e também F. Farinha
4ª Garraiada do Liceu Gil Vicente,
no Campo Pequeno, repartindo cartel
com João Moura e Manuel J. Oliveira