terça-feira, 17 de janeiro de 2012

André Cunha - uma estreia no "Farpas"!



Jovem aficionado da Ilha Graciosa (Açores), colaborador de vários sites e com artigos publicados em vários orgãos de comunicação social, André Cunha faz hoje a sua estreia aqui no "Farpas". Um aficionado que, além do mais, escreve bem e em bom português - o que é raro entre a "fauna" que abunda por aí nos sítios virtuais. Benvindo sejas, André!


Ser Aficionado

André Cunha - Durante os tempos de criança, passamos por momentos que marcam de certa forma a nossa vida, momentos esses capazes de criarmos afeição, interesse e gosto por algo. Se hoje aqui escrevo é porque houve um instante na minha infância em que isso aconteceu, ao ver um toiro pela primeira vez, despertou-me imensa curiosidade, fascínio e paixão por tudo o que gira em torno desse animal. É caso para dizer que o bicho pegou e nunca mais me deixou.
Uma pessoa que demonstra grande interesse por uma determinada actividade, que a aprecia de forma mais intensa do que a maioria dos comuns, é um aficionado. Aficionados por uma actividade desportiva (com maior evidência no futebol, não fosse ele o desporto rei), aficionados por uma actividade artística, aficionados por uma actividade intelectual, todos nutrem enorme prazer em sê-lo. Em nome pessoal, ser um aficionado da actividade taurina ou tauromáquica, não foge à regra, o interesse pelos toiros dá-me gozo, satisfação, é um vício que cresce a cada dia, é apaixonante.  
No mundo dos aficionados taurinos a aficion surge de várias formas, uns já nascem com ela por pertencerem a famílias com vasta tradição nas suas gerações, outros são contagiados pela Festa Brava logo após o primeiro contacto, e ainda há aqueles que aprendem a gostar pouco a pouco, por vezes influência da cultura e das tradições da sociedade em que estão inseridos. Independentemente da forma como a aficion aparece, os aficionados partilham, uns mais do que outros, sentimentos semelhantes pela Festa Brava. Têm dentro de si a paixão aos toiros, frequentam e sentem-se bem nas tertúlias, não se preocupam com as dezenas de quilómetros feitos para assistir a uma boa corrida, conversam e falam sobre elas com entusiasmo, emocionam-se com lides irrepreensíveis e com reses bravas que brotam de raça, onde quer que a palavra toiro apareça é motivo de interesse, ornamentam seus espaços mais privados com decorações e artefactos símbolos do universo tauromáquico, versos de um bom fado e pasodobles intensos são um deleite para os seus ouvidos, um simples foguete que rebenta no ar gera enorme adrenalina, como se diz na gíria, a Festa corre-lhe nas veias, faz parte da sua vida.
Os aficionados orgulham-se por lutar em prol das diversas tradições tauromáquicas, contudo, lamentam que exista tão pouca cultura taurina, que venham ao de cima as colhidas e fracassos, os toiros de menor trapio e bravura, em vez de se evidenciar o que de bom acontece, os animais nobres e os triunfos. Lamentam que a Festa nem sempre seja entendida.
Na actualidade, a aficion tem sofrido inúmeros ataques por parte de quem deseja o fim desta actividade, nomeadamente das corridas de toiros, mas como em tudo, havendo união, força e determinação os aficionados irão conseguir manter viva a chama, para que um dia não tenhamos que recorrer a filmagens e fotos, livros e revistas, textos e arquivos, para explicarmos aos nossos filhos e netos que animal era esse e todos os costumes e tradições que giravam em torno do mesmo, o Toiro.
Sou Português, Sou Aficionado!

Fotos D.R.