Jovem aficionado da Ilha Graciosa (Açores), colaborador de vários sites e com artigos publicados em vários orgãos de comunicação social, André Cunha faz hoje a sua estreia aqui no "Farpas". Um aficionado que, além do mais, escreve bem e em bom português - o que é raro entre a "fauna" que abunda por aí nos sítios virtuais. Benvindo sejas, André!
Ser Aficionado
André Cunha - Durante os tempos de criança, passamos
por momentos que marcam de certa forma a nossa vida, momentos esses capazes de
criarmos afeição, interesse e gosto por algo. Se hoje aqui escrevo é porque
houve um instante na minha infância em que isso aconteceu, ao ver um toiro pela
primeira vez, despertou-me imensa curiosidade, fascínio e paixão por tudo o que
gira em torno desse animal. É caso para dizer que o bicho pegou e nunca mais me
deixou.
Uma pessoa que demonstra grande interesse
por uma determinada actividade, que a aprecia de forma mais intensa do que a
maioria dos comuns, é um aficionado. Aficionados por uma actividade desportiva
(com maior evidência no futebol, não fosse ele o desporto rei), aficionados por
uma actividade artística, aficionados por uma actividade intelectual, todos
nutrem enorme prazer em sê-lo. Em nome pessoal, ser um aficionado da actividade
taurina ou tauromáquica, não foge à regra, o interesse pelos toiros dá-me gozo,
satisfação, é um vício que cresce a cada dia, é apaixonante.
No mundo dos aficionados taurinos a
aficion surge de várias formas, uns já nascem com ela por pertencerem a
famílias com vasta tradição nas suas gerações, outros são contagiados pela
Festa Brava logo após o primeiro contacto, e ainda há aqueles que aprendem a gostar
pouco a pouco, por vezes influência da cultura e das tradições da sociedade em
que estão inseridos. Independentemente da forma como a aficion aparece, os
aficionados partilham, uns mais do que outros, sentimentos semelhantes pela
Festa Brava. Têm dentro de si a paixão aos toiros, frequentam e sentem-se bem
nas tertúlias, não se preocupam com as dezenas de quilómetros feitos para
assistir a uma boa corrida, conversam e falam sobre elas com entusiasmo,
emocionam-se com lides irrepreensíveis e com reses bravas que brotam de raça,
onde quer que a palavra toiro apareça é motivo de interesse, ornamentam seus
espaços mais privados com decorações e artefactos símbolos do universo
tauromáquico, versos de um bom fado e pasodobles intensos são um deleite para
os seus ouvidos, um simples foguete que rebenta no ar gera enorme adrenalina,
como se diz na gíria, a Festa corre-lhe nas veias, faz parte da sua vida.
Os aficionados orgulham-se por lutar em
prol das diversas tradições tauromáquicas, contudo, lamentam que exista tão
pouca cultura taurina, que venham ao de cima as colhidas e fracassos, os toiros
de menor trapio e bravura, em vez de se evidenciar o que de bom acontece, os
animais nobres e os triunfos. Lamentam que a Festa nem sempre seja entendida.
Na actualidade, a aficion tem sofrido
inúmeros ataques por parte de quem deseja o fim desta actividade, nomeadamente
das corridas de toiros, mas como em tudo, havendo união, força e determinação
os aficionados irão conseguir manter viva a chama, para que um dia não tenhamos
que recorrer a filmagens e fotos, livros e revistas, textos e arquivos, para
explicarmos aos nossos filhos e netos que animal era esse e todos os costumes e
tradições que giravam em torno do mesmo, o Toiro.
Sou Português, Sou Aficionado!
Sou Português, Sou Aficionado!
Fotos D.R.