Miguel Alvarenga - "Mudam-se os
tempos e mudam-se as vontades", escreveu Camões há muitos anos. Mudam-se
as vontades, mas não só. Mudam muitas mais coisas.
Nos tempos em que me iniciei na Festa,
eram reis e senhores desta arte Homens como Manuel dos Santos, Alfredo Ovelha,
José Cardal, Agostinho dos Santos, Nuno Salvação Barreto, Fernando Camacho e
muitos mais.
Hoje, olhamos para a recente foto do
sofá que nos fez chegar a "Prótoiro" e vemos meia dúzia de imberbes,
armados em "salvadores da Pátria". Todo o respeito pelo Dr. Santos
Andrade, que está ali não bem por quê nem para quê, pelo meu amigo Ramalhinho
(que pagou com a cegueira de um olho a vontade de servir a Festa e só por isso,
mas por muito mais, me merece o maior dos respeitos), pelo agricultor que foi à
televisão defender - muito bem - a Festa, pelo jovem advogado que aceitou ser a
cara da Federação (coitado, nem avaliou no que se meteu...) quando rostos
conhecidos como os de Manuel Alegre ou Miguel Sousa Tavares o recusaram e pouco
mais. Os restantes são os do costume. Vieram do nada, procuram protagonismo.
Não servem.
A "Prótoiro" é essencial -
concordo com o Bernardo Mesquitella. Mas noutros moldes, certamente. Não
nestes.
Paulo Pessoa de Carvalho - óptima
pessoa, rapaz afável e bem nascido, educado, que é coisa a que dou a maior das
importâncias, mas tão "estúpido" como os outros - definiu ontem, no
seu "desabafo", melhor do que ninguém, o verdadeiro estatuto dos
"taurinos" de hoje: são simplesmente estúpidos. Eu odeio estúpidos.
Gosto de pessoas inteligentes.
O que o Paulo escreveu é uma estupidez
pegada. O que o rapaz Potier escreveu depois no site "tauromania" é
outra estupidez, onde uma vez mais busca o tal protagonismo que, de outra
forma, jamais conseguiria obter no meio onde pretende, a todo o custo, dar nas
vistas. O que escreveu o meu amigo Prates, primo do António, no blog do Cortesão,
não é estupidez nenhuma, mas não faz sentido algum.
Melhor seria se se tivesse preocupado e
indignado quando os "estúpidos" decidiram usar, de forma abusiva e
infame, a imagem e o nome de seu sobrinho. Quando aqueles que deviam defender a
Festa, se demitiram escandalosa e cobardemente das suas funções e delegaram
numa criança a "bandeira" de defesa da Festa. Ainda por cima (a
estupidez confirma-se...) numa criança sem idade legal para pedir o que pede:
quero ser toureiro!
Ninguém e muito menos eu, tem alguma
coisa contra o pequeno toureiro António Prates - já o escrevi não sei quantas
vezes, mas como estou a falar para estúpidos, terei que o repetir mais mil
vezes. Temos, sim, eu e muitos outros que o têm expressado nas redes sociais,
contra quem se aproveitou de uma criança e a utilizou abusivamente, assim como
se utiliza um brinquedo.
Já o que escreveu a minha querida
Solange sobre o tema António, vale o que vale... de quem "come" o que
"come" e tem que opinar o que opina. "Amiguinho" oblige e
só é "cego" quem não vê...
Sem importância e sem revelância. Que
pena a minha!
Meteram todos a cabeça (que não têm...)
na areia, como a avestruz. Levantaram um falso problema, fizeram uma tempestade
num copo de água, aproveitaram uma vez mais para fazer rir os anti-taurinos,
passando a imagem do costume de que somos estúpidos, de que andamos todos às
turras uns com os outros, de que não nos entendemos, nem nos queremos entender.
Viram, porventura, a empresa do Campo
Pequeno envolver-se nesta parvoíce sem nexo? Viram, porventura, a Associação de
Ganadeiros, de Empresários, até mesmo a de Forcados, isoladamente e como é seu
hábito, envolverem-se nesta parvoíce sem nexo?
Não. Vimos, isso sim, os "desejosos
de protagonismo" do costume virem a público dar a cara, sem entender muito
bem o que faziam... Nem por que o faziam.
Mas vamos ao que importa. O que amanhã
se vai passar no Parlamento é uma tempestade num copo de água. Discutir uma
petição que quer acabar com as touradas é o mesmo que discutir o derrube da
Torre de Belém ou do Mosteiro dos Jerónimos. Jamais acontecerá. Mas quem quis
dar nas vistas, utilizou esta história para se auto-promover. Mais nada.
Mesmo que venha da parte do Bloco de
Esquerda um projecto de lei, mais sólido e mais preocupante que a discussão de
amanhã, para acabar com as touradas - continua a não ser preocupante. A maioria
parlamentar jamais o permitiria.
Não sou daqueles que encolhem os ombros
e deixam andar. Temos que estar preocupados, temos que agir - se não, somos
inconscientes.
Mas temos que ser conscientes - os
anti-taurinos não são os que agitam bandeiras no exterior. Os principais
anti-taurinos são os que estão dentro da Festa. Ou fingem estar. São os
cobardes dos blog's anónimos que atiram atoardas sob a maior das impunidades.
São os meninos e meninas que desataram a escrever para aí nos sites sem saber o
que dizem e do que falam. São os pseudo-apoderados que julgam ser grandes
mentes só por que um dia estiveram ao lado de grandes Senhores da Tauromaquia.
São, afinal, os estúpidos de que fala Paulo Pessoa de Carvalho.
Sobre o caso de amanhã, tiveram posições
dignas de aplausos, apenas, para mim, a Frente de Acção Pró Taurina (sem esquecer
outras páginas e movimentos do "Facebook", igualmente importantes,
mas sem a visibilidade e a importância da Frente) e a Patrícia Sardinha no seu
site "naturales". Tudo o mais, foram verbos de encher e manifestações
da estupidez que reina neste meio - insisto, dividido, confundido e
destabilizado.
Resumindo e concluindo: eu não vou
amanhã a São Bento. Não por que esteja contra. Pelo contrário. É como se lá
estivesse. Não vou porque trabalho. Não vou porque não alinho em jogos
"democratas", manifestações, concentrações, coisas dessas. Sou anti.
Não vou por que não me apetece estar ao lado de gentinha que é anti-taurina e
ali vai fazer crer que é o mais aficionada possível. E não vou porque concordo
em absoluto com o meu querido amigo Cortesão: aos anti-taurinos dá-se mas é uma
carga de porrada, não se vai fazer-lhes frente com manif's iguais às deles.
Tenho dito. Apoio os que vão, estou ao
lado deles. Mas não tenho pachorra para essas coisas. Façam outro tipo de
manifestações. Combatam os anti-taurinos que estão dentro da Festa. Batam-lhes.
Denunciem os que não tiveram coragem para ser e o procuraram ser através de uma
indefesa criança. Sejam homens! Sejam Manuéis dos Santos, Alfredos Ovelhas, Salvações
Barretos. Não sejam meia dúzia de palermas sentados num sofá para o
"cliché"...
Foto D.R.