Por razões éticas e de isenção, nunca
escrevo antecipadamente sobre eventos tauromáquicos que posteriormente
comentarei. Não é o caso deste meu breve escrito, abordando alguns aspectos da
corrida em que João Moura Caetano lidará seis toiros, porque infelizmente não
poderei estar presente em Monforte, devido a compromissos que nada têm a ver
com a Tauromaquia.
É sabido que sou (sempre fui) um
apoiante incondicional dos jovens na Festa, sejam toureiros ou aficionados,
pois deles depende o futuro desta Arte e a sua desejável regeneração. Não
podia, por isso mesmo, calar-me perante o acontecimento que vai ocorrer no
próximo domingo, por várias razões:
- Porque é importante estimular um
cavaleiro que, pela primeira vez, decide por-se à prova, na solidão da arena,
como protagonista único;
- Porque Moura Caetano o faz, com bom
critério, no melhor momento (até agora) da sua carreira, quando se encontra em
perfeita sintonia com uma estupenda quadra de cavalos e, mais importante ainda,
quando está a solidificar um estilo pessoal - o seu caminho;
- Porque tudo isto acontece um mês
depois de seu Pai ter abandonado as arenas, com elegante discreção, deixando
(não por acaso) todas as luzes a incidir sobre o seu herdeiro. Eu, que também
sou pai (e avô), sinto bem essa atitude e envio um abraço de Amizade ao Paulo.
Por outro lado, incomodou-me há pouco
ter lido que estão a surgir obstáculos (de última hora...) relativamente a uma
iniciativa, já de si louvável pelos intuitos beneficentes.
A esse respeito e quanto à posição da IGAC,
direi apenas que seria melhor que esse organismo - que na minha opinião em nada
beneficia a Tauromaquia nacional - se preocupasse com o escândalo que constitui
o facto de estarmos há vários anos à espera da entrada em vigor de um
Regulamento... o qual, pelos vistos, é mais difícil de elaborar que o Programa
de recuperação do País. Só duas palavras: tenham vergonha...
Sobre a posição dos empresários
associados, gostaria de recordar-lhes que Portugal é um estado de Direito, onde
interesses corporativos não devem colidir com os preceitos constitucionais, até
porque vivemos numa economia de mercado livre. Não podemos atacar os
anti-taurinos por violarem a Liberdade e depois...
Mas não quero desviar-me do tema
principal, nem abusar do precioso espaço do "Farpas", pelo que
manifesto a minha convicção de que todos os falsos problemas serão superados e
a vitória de João Moura Caetano consumada. Não sei (ninguém sabe) se triunfará,
porém, a efeméride e o modo como a encarou já configuram um decisivo passo em
frente.
Não posso ir a Monforte mas, ou muito me
engano, ou esta "encerrona" é o primeiro ensaio para a consagração,
em espectáculo com as mesmas características, cujo cenário terá que ser o Campo
Pequeno. O futuro dirá... e lá estarei, se Deus quiser.
Andrade Guerra
Foto Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com e Marques Valentim/Arquivo