sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Crónica de uma vitória anunciada





Por razões éticas e de isenção, nunca escrevo antecipadamente sobre eventos tauromáquicos que posteriormente comentarei. Não é o caso deste meu breve escrito, abordando alguns aspectos da corrida em que João Moura Caetano lidará seis toiros, porque infelizmente não poderei estar presente em Monforte, devido a compromissos que nada têm a ver com a Tauromaquia.
É sabido que sou (sempre fui) um apoiante incondicional dos jovens na Festa, sejam toureiros ou aficionados, pois deles depende o futuro desta Arte e a sua desejável regeneração. Não podia, por isso mesmo, calar-me perante o acontecimento que vai ocorrer no próximo domingo, por várias razões:
- Porque é importante estimular um cavaleiro que, pela primeira vez, decide por-se à prova, na solidão da arena, como protagonista único;
- Porque Moura Caetano o faz, com bom critério, no melhor momento (até agora) da sua carreira, quando se encontra em perfeita sintonia com uma estupenda quadra de cavalos e, mais importante ainda, quando está a solidificar um estilo pessoal - o seu caminho;
- Porque tudo isto acontece um mês depois de seu Pai ter abandonado as arenas, com elegante discreção, deixando (não por acaso) todas as luzes a incidir sobre o seu herdeiro. Eu, que também sou pai (e avô), sinto bem essa atitude e envio um abraço de Amizade ao Paulo.
Por outro lado, incomodou-me há pouco ter lido que estão a surgir obstáculos (de última hora...) relativamente a uma iniciativa, já de si louvável pelos intuitos beneficentes.
A esse respeito e quanto à posição da IGAC, direi apenas que seria melhor que esse organismo - que na minha opinião em nada beneficia a Tauromaquia nacional - se preocupasse com o escândalo que constitui o facto de estarmos há vários anos à espera da entrada em vigor de um Regulamento... o qual, pelos vistos, é mais difícil de elaborar que o Programa de recuperação do País. Só duas palavras: tenham vergonha...
Sobre a posição dos empresários associados, gostaria de recordar-lhes que Portugal é um estado de Direito, onde interesses corporativos não devem colidir com os preceitos constitucionais, até porque vivemos numa economia de mercado livre. Não podemos atacar os anti-taurinos por violarem a Liberdade e depois...
Mas não quero desviar-me do tema principal, nem abusar do precioso espaço do "Farpas", pelo que manifesto a minha convicção de que todos os falsos problemas serão superados e a vitória de João Moura Caetano consumada. Não sei (ninguém sabe) se triunfará, porém, a efeméride e o modo como a encarou já configuram um decisivo passo em frente.
Não posso ir a Monforte mas, ou muito me engano, ou esta "encerrona" é o primeiro ensaio para a consagração, em espectáculo com as mesmas características, cujo cenário terá que ser o Campo Pequeno. O futuro dirá... e lá estarei, se Deus quiser.

Andrade Guerra 

Foto Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com e Marques Valentim/Arquivo