Vários bandarilheiros que já se tinham comprometido para actuar no próximo fim-de-semana (sábado e domingo) nos espectáculos inéditos de demonstração de pegas, voltaram agora com a palavra atrás e recuaram, ao que se sabe, pressionados não apenas pelos cavaleiros a cujas quadrilhas pertencem, mas também pelas "altas esferas" do Sindicato dos Toureiros (que agora se denomina Associação Nacional de Toureiros, como é do conhecimento público).
Em causa, diz-se, estará a renitência com que os cavaleiros e seus representantes, entre os quais primeiras figuras, encaram estes espectáculos - onde apenas participam peões de brega para receber e parar os toiros e grupos de forcados para os pegarem, sem intervenção de cavaleiros, sem bandarilhas e sem sangue.
Ao que se diz, também, o Sindicato está contra, receando que "a moda pegue" e na próxima temporada se repitam espectáculos deste género - o que se poderá traduzir numa redução de actuações dos cavaleiros. Mas isso, à partida, é impensável. Trata-se de espectáculos únicos, onde pela primeira vez vão actuar só forcados frente a toiros-toiros, mas não propriamente inéditos, se tivermos em conta que já se realizaram várias Festas do Forcado sem intervenção de cavaleiros e sem que se gerasse uma polémica tão grande como desta vez...
Os organizadores destes eventos são, como se sabe, o bandarilheiro e antigo forcado Pedro Gonçalves e o empresário João Pedro Bolota, ele próprio antigo forcado, ex-cabo de forcados e dirigente da Associação de Forcados, um taurino acima de qualquer suspeita e que de forma alguma iria envolver-se em qualquer tipo de espectáculo que não prestigiasse e engrandecesse a imagem do Forcado Amador.
Pedro Gonçalves lamenta esta atitude "de alguns cavaleiros que proibiram os seus peões de brega de participar nestes espectáculos", mas minimiza o assunto afirmando que "há bandarilheiros que já garantiram estar presentes e há também a garantia de que virão alguns bandarilheiros espanhóis, que desde logo se prontificaram a actuar".
"Só lamento que se esteja a armar uma confusão tão grande quando apenas e só organizámos um tipo de espectáculo que é inédito, que pode e deve prestigiar os Forcados, que é diferente e que está a ter grande aceitação entre o público aficionado. Se se dissesse que para o ano iriam ocorrer muitos espectáculos semelhantes e que os cavaleiros iriam perder postos de trabalho, eu até entenderia esta reacção deles, mas nada disso vai acontecer, estão a fazer uma tempestade num copo de água. Trata-se de um festejo de final de temporada onde se procura destacar e realçar precisamente a imagem e a importância do Forcado Amador", explica Pedro Gonçalves.
E é preciso também que se diga que, ao contrário do que alguns sustentaram, os grupos que participam não são apenas "grupos de segunda e de terceira", há grupos consagrados e da primeira fila entre os que vão actuar no sábado e no domingo e houve mesmo grupos "da primeira fila" que estavam postos e que depois sairam pelo simples facto de alguns dos primeiros não terem aceite participar.
Quando à Associação Nacional de Grupos de Forcados (ANGF), não tomou até ao momento posição alguma sobre estes factos - mas também não tem obrigatoriamente que o fazer. Não está em perigo a imagem do Forcado Amador, trata-se de espectáculos legalizados e onde apenas participam grupos associados. Provavelmente, a ANGF está expectante, à espera de ver o que sucede, se será um êxito ou um fracasso - para mais tarde se pronunciar.
Pedro Gonçalves garante que "os espectáculos vão realizar-se, com ou sem peões de brega portugueses". Mas a polémica promete ainda novos episódios para os próximos dias. É sempre assim... e depois, ver-se-à que a montanha pariu um rato. Já estamos todos habituados.
Foto D.R.
