terça-feira, 19 de agosto de 2014

Custou 161 mil réis: praça do Campo Pequeno inaugurada há 122 anos

Ao tempo ainda não havia parque de estacionamento debaixo da praça... Na foto
de baixo, à direita, Alfredo Tinoco, o cavaleiro que inaugurou o Campo Pequeno



A praça de toiros do Campo Pequeno, a mais emblemática de Portugal e uma das mais respeitadas a nível mundial, completou ontem, 18 de Agosto, 122 anos de glória, cultura e tradição, apresentando-se desde 2006, como um espaço de lazer adaptado às exigências do século XXI.
O historial do Campo Pequeno confunde-se com o historial da tauromaquia mundial ao longo destes anos.
A actual praça de toiros do Campo Pequeno sucedeu à que existiu no Campo de Santana, inaugurada a 3 de Julho de 1831 e encerrada em 1888, na sequência de uma vistoria que interditou o edifício, por questões de segurança relacionadas com o mau estado de conservação.
A 19 de Fevereiro de 1889, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou uma proposta para conceder à Casa Pia, instituição que ainda hoje detém a exclusividade da organização de corridas de toiros em Lisboa, um terreno para a construção de uma nova praça de toiros, no Campo Pequeno.
Por dificuldades económicas, a Casa Pia cedeu a uma empresa privada o direito de construção do recinto e o da sua exploração por 90 anos, findos os quais o edifício lhe deveria ser entregue, livre de quaisquer ónus ou encargos. Para o efeito constituiu-se a Empreza Tauromachica Lisbonense.
O custo da praça orçou em 161 200$000 réis, pagos pelos accionistas da ETL, que ficaram com o direito de propriedade e da organização de corridas pelo período referido, na condição de pagarem à Casa Pia uma renda anual de 3500$000 réis.
O edifício, cujo projecto é da autoria do Arquitecto António José Dias da Silva, constitui uma das principais construções e estilo néo-árabe existentes em Portugal.
Entre 2000 e 2006, a praça e espaços envolventes foram objecto de obras de restauro e, das quais a mais importante e grandiosa foi a cobertura do edifico, uma estrutura mista, com parte móvel e parte fixa, que permite a utilização do recinto independentemente das condições atmosféricas.
Há 122 anos, o primeiro toiro de Emílio Infante da Câmara saiu à arena. A sua lide coube ao cavaleiro Alfredo Tinoco o qual, a par do seu alternante dessa tarde, Fernando de Oliveira (que uns anos mais tarde viria a ser o primeiro cavaleiro a morrer na arena da praça, vítima de colhida), disputava o primeiro lugar no naipe dos mais importantes ginetes do século XIX. Para a história, recorda-se o cartaz inaugura (ao lado): Cavaleiros: Alfredo Tinoco e Fernando de Oliveira. Bandarilheiros: Vicente Roberto, Roberto da Fonseca, José Peixinho, João Calabaça, João Roberto e os seus colegas espanhóis Felipe Aragón "Minuto" e "Pescadero". Pegou um grupo de forcados dos Riachos.
De então para cá, passaram pelo Campo Pequeno todas as maiores figuras mundiais do toureio, viveram-se momentos de triunfo, glória e tragédia, enfim tudo o que constitui o sortilégio da Festa de toiros.

Fotos D.R.