sábado, 4 de outubro de 2014

Campo Pequeno: ainda e sempre, Joaquim Bastinhas! Único!

Campo Pequeno ao rubro com o Maestro Joaquim Bastinhas! Único!
Na foto de baixo, Miguel Moura, a Figura do futuro



Miguel Alvarenga - Ontem, hoje e, a atestar pelos que vimos, amanhã e sempre. Joaquim Bastinhas está a cumprir trinta e um anos de alternativa e, simultâneamente, a viver uma das suas melhores e mais sólidas temporadas dos últimos tempos. Não há menino que lhe chegue ainda aos calcanhares e no que toca aos veteranos, está definitivamente sentado no trono, tal a força e a expressão que está a ter esta sua época de 2014.
Quinta-feira passada, no Campo Pequeno, o Maestro elvense explicou ao mundo, já que a corrida estava a ser televisionada para todo o planeta pelas câmaras da RTP, o que é e como é a verdadeira essência e a autêntica dimensão de uma primeiríssima Figura do Toureio. Chegou e venceu, já lá vão praticamente quatro décadas. Mais importante que isso: manteve-se sempre num plano cimeiro, com a jovialidade, a vitalidade, a garra e a verdade da primeira hora. Tristes dos pobres de espírito que, não conhecendo minimamente a História e não tendo vivido, porque nem nascidos eram, os tempos primeiros e toda a gloriosa trajectória de Bastinhas, o pretendem hoje ignorar ou minimizar, como se não fosse ele, na verdade e sem discussão, um dos grandes triunfadores desta temporada e um dos mais importantes cavaleiros do momento, depois de grande parte dos novos que tanto prometiam se terem inexplicavelmente eclipsado e desaparecido de cena, deixando definitivamente em aberto o palco para o regresso em força dos "antigos", afinal os verdadeiros protagonistas deste ano taurino e os que ainda continuam a levar gente às praças.
Quinta-feira, diante de um portentoso e importante toiro de Vinhas - que justificou a volta à arena do ganadero Mário Vinhas - o Maestro Joaquim Bastinhas esteve toureiro da cabeça aos pés. Bregou à antiga, sem quebrar o oponente, toureou de frente com a verdade que foi sempre apanágio da sua brilhante carreira e galvanizou o público, no final da lide, com o sempre esperado par de bandarilhas e o não menos desejado salto do cavalo, adornos que o público adora e se impõem como complementos de uma grande e verdadeira actuação.
O mais espectacular não será o facto de Bastinhas ter toureado como toureou e ter sido triunfador no Campo Pequeno, isso não admira ninguém, isso é, afinal, o pão nosso de cada dia das suas presenças nas arenas deste país; mas antes a pujança, a raça e a vitalidade com que o continua a fazer ao fim de tantos anos e depois de ter competido com tantos companheiros, sem que alguma vez o seu trono e o seu lugar, o seu estatuto de figura única, tenham sido minimamente beliscados ou mesmo ameaçados por quem quer que fosse. Trinta e um ano depois do doutoramento, temos Bastinhas para muitos mais anos - e o resto, meus amigos, são mesmo cantigas...
A última corrida daquela que terá sido, por obra e graça do esforço da empresa e da equipa liderada por Rui Bento, a melhor temporada desde a reabertura da praça do Campo Pequeno, ficou ainda marcada, como já referimos em pormenor (ler publicação anterior), pelo grande triunfo do histórico e glorioso Grupo de Forcados Amadores de Montemor; pela definitiva consagração, que já era uma certeza, de que o futuro do toureiro a cavalo se volta a chamar Moura, já não apenas João Júnior, mas agora e muito e especialmente, Miguel; pela afirmação de Tomás Pinto como um dos grandes e mais sólidos valores da nova vaga; e por mais um importante grito de alerta de Gilberto Filipe, confirmando estar a viver a sua melhor época de sempre.
Miguel Moura protagonizou no último toiro uma lide enorme, demonstrando uma importante evolução desde a alternativa em Julho nesta mesma arena, fruto da triunfal rodagem que tem feito em Espanha, voltando a dar o sinal de que está sobre os seus ombros o futuro do toureiro equestre nacional, com a mesma força e o mesmo esplendor que fizeram do apelido Moura, há quarenta anos, um nome histórico do toureiro mundial.
Tomás Pinto confirmou a alternativa e lidou, por isso, o primeiro toiro da noite, acusando de início algum nervosismo e falhando, por alguma velocidade, o primeiro ferro em sorte de gaiola. Falhou mais um curto pelos mesmos motivos, mas foram falhas que ficaram esquecidas, absorvidas por uma actuação de alto nível e onde voltou a afirmar a sua decisão, o seu querer e a sua ambição. Esteve muito bem.
Gilberto Filipe justificou a merecida inclusão neste último cartel da temporada do Campo Pequeno, numa temporada em que tem marcado por êxitos a grande maioria das suas exibições. Está a viver o seu momento e a recolher os louros de muitos anos de trabalho e dedicação. Tem finalmente e por seu mérito próprio, um lugar entre os primeiros. Sofreu forte colhida contra as tábuas, apenas e só porque se distraíu a recolher aplausos, mas isso não invalida o grande triunfo que alcançou neste seu justificado regresso a Lisboa.
António Ribeiro Telles lidou sem a costumeira raça um complicado e sério toiro que se lesionou na mão esquerda e que não foi, só o médico veterinário saberá porquê, recolhido. Mesmo diminuído, o toiro deu água pela barba aos forcados, o que só comprova a sua grande qualidade.
Vitor Ribeiro é um grande toureiro e um cavaleiro que vem triunfando com força. Teve o azar de enfrentar um toiro que se adiantava uma barbaridade, que o colheu de modo feio e aparatoso logo no primeiro ferro e que o voltou a "apertar" na continuação da lide. Por morrer uma andorinha, nunca acabou a Primavera...
Nota positiva para o primoroso e bem apresentado curro da ganadaria Vinhas, com excepção do toiro malandro de Ribeiro - numa noite que se iniciou precisamente, depois das cortesias reais, com uma justíssima homenagem da empresa ao ganadero Mário Vinhas.
Na forcadagem e como já descrevi pormenorizadamente em publicação anterior, a noite foi dos Amadores de Montemor com três pegas à primeira: do cabo António Vacas de Carvalho, do enorme João Braga e do experiente Filipe Mendes, com extraordinária intervenção de todo o grupo nas três ocasiões.
Noite mais apagada para os Amadores de Santarém, de que foram caras António Grave de Jesus (à primeira), Lourenço Ribeiro (à quarta) e Ruben Giovetti (à terceira).
Direcção acertada de Agostinho Borges - e para o ano haverá mais, se nada se alterar entretanto no que respeita ao processo de insolvência. Esperemos bem que não - para bem da Festa!

Para ver as pegas, uma a uma; os Momentos de Glória (cavaleiros) e os Famosos que estiveram no Campo Pequeno (fotoreportagens de Emílio de Jesus), clique em Mensagens Antigas no final desta página, no canto inferior direito - e aceda de imediato a todas as publicações anteriores. Não perca nada!

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com