Se mais toiros como os de Veiga Teixeira que ontem se viram na "Palha Blanco" aparecessem por aí constantemente nas arenas, metade dos grupos de forcados ia para casa e da metade restante, muitos pensavam duas vezes antes de prosseguir o seu caminho; e grande parte dos toureiros ganhariam por fim a consciência de que esta vida não é para quem quer, mas apenas e só para quem pode.
A corrida de ontem em Vila Franca foi um espectáculo de seriedade essencialmente marcado pela verdade, o trapio e o bem sério comportamento dos toiros da prestigiada ganadaria Veiga Teixeira e pelo triunfo indiscutível do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca, um grande grupo, meritoriamente vencedor do troféu "João Villaverde" que estava em disputa.
O grupo do Aposento da Moita executou duas grandes pegas, depois de algumas dificuldades e uma que foi para esquecer. Mas esteve também em grande nível, embora a alguma distância dos vilafranquenses.
Os cavaleiros Luis Rouxinol, Filipe Gonçalves e Duarte Pinto tiveram meritórias actuações na primeira parte e na segunda borraram a pintura, sobretudo os dois primeiros e muito em particular Filipe Gonçalves, que não soube lidar o melhor toiro da corrida, o quinto, que o ganadeiro levou de volta ao campo. A corrida foi superiormente dirigida por Manuel Gama, havendo apenas a lamentar o esquecimento a que foi votado o ganadeiro - que merecia e devia ter dado volta à arena. sobretudo no quinto toiro da tarde.
O empresário Paulo Pessoa de Carvalho conquistou a aficion vilafranquense pela seriedade da sua organização e do seu empenho, depois do polémico adiamento da corrida, uma semana antes, na véspera do espectáculo, uma decisão fora-da-lei e que só por muito pouco não criou uma incompatibilidade de contornos imprevisíveis entre ele e a complicada e exigente aficion de Vila Franca. Mas tudo passou e agora há que seguir em frente. Ontem, o público correspondeu e preencheu mais de metade das bancadas, a rondar os três quartos. Foi bom e foi positivo.
Mais logo, não perca, a análise detalhada de Miguel Alvarenga e as foto-reportagens de Emílio de Jesus e Maria João Mil Homens.
Fotos Emílio de Jesus e Maria João Mil-Homens