terça-feira, 1 de setembro de 2015

Mano-a-mano Moura/Telles: falam os protagonistas

30 de Maio, Las Ventas, Madrid: João Moura Jr. foi o único português a cortar
este ano uma orelha na importante Feira de Santo Isidro
João Ribeiro Telles no passado fim-de-semana em S. Manços, onde ganhou o
prémio em disputa para a melhor lide



João Moura Jr. e João Ribeiro Telles Jr., que protagonizam na próxima quinta-feira, no Campo Pequeno, o mano-a-mano mais esperado da temporada, são unânimes em considerar que este encontro "vem no momento certo e no lugar adequado". João Moura Jr. vai mais longe e, parafraseando Júlio César ao passar com as suas tropas o Rubicão, diz mesmo: "Os dados estão lançados...só é preciso que caiam nos números certos".
A temporada de 2015 tem sido de extrema importância para os dois cavaleiros. Para João Ribeiro Telles, tem sido "uma temporada em crescendo. Tenho tido grandes actuações em praças marcantes e toureei quatro corridas seguidas com quatro lotações esgotadas (Campo Pequeno, Redondo, Alcochete e Abiul), correspondentes a quatro grandes triunfos. Nas outras corridas, os êxitos também têm surgido e isso deixa-me muito satisfeito, tanto mais quanto tenho conseguido transmitir aos aficionados a extensão e a profundidade do meu toureio".
Por seu turno, João Moura Júnior classifica a sua temporada de "importantíssima", pois actuou nas importantes feiras de Sevilha e Madrid, triunfando em ambas. Mais a mais, foi o único português a cortar uma orelha em Madrid na Feira de Santo Isidro, triunfou nas duas actuações no Campo Pequeno e destaca também a corrida de Moura, embora as suas actuações tenham praticamente sempre redondeado em triunfo.
"Para se ser figura há que começar a alto nível exibicional, manter esse nível ao longo de toda a temporada e alternar com os cavaleiros mais importantes, tanto de Portugal como de Espanha. E é nesse tom que tem decorrido a minha temporada, pois além das maiores figuras portuguesas, toureei em Portugal e Espanha com as duas maiores figuras mundiais do rejoneio: Pablo Hermoso de Mendoza e Diego Ventura", afirma o cavaleiro de Monforte.
João Ribeiro Telles, por seu turno, considera benéfica para os artistas e para a Festa a pressão que acontecimentos como este colocam nos intervenientes. "Essa pressão existe porque somos os cavaleiros que mais se têm destacado esta temporada. Atravessamos ambos um bom momento e isso não só nos motiva, como motiva o público a ir à praça", afirma o jovem cavaleiro da ilustre dinastia Ribeiro Telles.
Ainda abordando o tema "pressão", João Moura Jr. diz que "embora haja outros cavaleiros que me tenham 'apertado' ao longo da temporada, é da parte do João Ribeiro Telles que sinto maior pressão".
Há 30 anos, João Moura e João Telles (pais) protagonizaram também uma intensa rivalidade. Nesse tempo, os respectivos filhos ainda nem eram nascidos. Moura Jr. recorda que seu pai foi o cavaleiro que, nos últimos 40 anos, "mais influenciou o toureio a cavalo no mundo, tendo deixado uma marca absolutamente indelével. Naturalmente que também me influenciou a mim... influenciou-me totalmente e, agora, o meu grande objectivo é chegar ao plano de figura a que ele chegou". E, também falando de seu pai, João Telles afirma: "O meu pai marcou-me em tudo! A sua arte e o seu sentimento do toureio, penso que eram únicos".
Relativamente às ganadarias presentes neste mano-a-mano, João Moura Jr. relembra que são três ganadarias de primeira categoria, duas delas - Pinto Barreiros e Murteira Grave - com um historial do maior prestigio, tanto em Portugal como em Espanha e França, e acrescenta ainda que a ganadaria Charrua, embora mais recente, é também de grande prestígio, opinião que é partilhada por João Ribeiro Telles, como partilhado é o desejo de que "os toiros invistam e proporcionem um grande espectáculo".
Os dois cavaleiros relembram também que os dois grupos de forcados que actuarão nesta corrida (Amadores de Santarém e Amadores de Montemor) constituem uma dupla de rivalidade histórica e que, devido ao grande momento que também atravessam, irão brindar os espectadores com mais uma grande actuação.
Sobre quem vai "ganhar" este mano-a-mano, João Ribeiro Telles vaticina: "Sobretudo a Festa, porque são estas corridas marcantes que a fazem evoluir. Quanto ao resto, espero que os toiros saiam bem e que o público esgote a praça. Eu irei a Lisboa dar o melhor de mim para que o dia 3 de Setembro fique para a história como uma noite memorável"
É também nesta linha que vai o "voto" de João Moura Júnior: "O que posso garantir é que tudo farei para triunfar, pois a corrida reúne todos os ingredientes para ser um êxito!".

Fotos Juan Pelegrín/www.las-ventas.com e Armando Alves/www.forcadilhasetoiros.com