A noite épica de "El Juli" no Campo Pequeno foi, recorda Rui Bento, "como que um antes e um depois para o toureio a pé em Portugal" |
"Foi um ano rotundo, a culminação de uma década de trabalho. Fizeram-se cartéis bons, sabendo que a rentabilidade nunca iria ser a curto prazo, mas sim a médio. A aposta da administração do Campo Pequeno foi pela qualidade, ainda que assumindo riscos e custos económicos. Procurou-se constantemente consolidar a imagem de Lisboa como cenário de grandes acontecimentos" - palavras de Rui Bento (foto ao lado), gestor taurino do Campo Pequeno, na grande entrevista à edição desta semana da revista espanhola "Aplausos", que dá, como já aqui referimos, um destaque especial à Temporada Sensacional da primeira praça de toiros de Portugal.
"Os resultados serviram para fortalecer a praça, para dar credibilidade à programação e para trazer um público jovem e novo até ao Campo Pequeno. Sinceramente, foi como um sonho, como saber que os esforços e as ideias que se põem em prática vão dando resultados e chegam a bom porto", acrescenta o antigo matador de toiros.
E acrescenta:
"A assistência foi enorme em todos os espectáculos, aí se encontra o êxito. O cartaz de 'não há bilhetes' colocou-se unicamente a 23 de Julho na corrida em que se comemorava o centenário do Grupo de Forcados de Santarém, com a presença de Pablo Hermoso, que pela primeira vez abria cartel em Portugal, alternando com Moura filho e João Telles. Mas o resto dos espectáculos roçaram a enchente, o que fez com que a praça tivesse uma assistência muito elevada ao longo de toda a temporada. Subiu-se de uma média de 75 por cento de assistência a mais de 81 por cento".
Rui Bento destaca, entre as muitas corridas de sucesso de 2015 no Campo Pequeno, a noite do "mano-a-mano" entre Diego Ventura e "El Juli", mencionando-o como "um dos grandes acontecimentos da temporada":
"Foi como que um antes e um depois para o toureio a pé em Portugal. O gesto de 'El Juli' vir a Lisboa enfrentar toiros sem picar, bandarilhar um deles e oferecer aos aficionados a noite que ofereceu, foi algo que teve um tal impacto em Portugal, que o aficionados voltou a estar interessado nas corridas mistas, e não só em Lisboa, como noutras praças do país. O caso de 'El Juli' foi de uma responsabilidade impressionante. Entregou-se desde o primeiro instante e o público valorizou isso. A saída em ombros foi épica, como não sucedia desde há cinquenta ou sessenta anos. Tanto 'El Juli" como Ventura puseram muito da sua parte para poder levar a cabo esse cartel, como também o fez Pablo Hermoso ao aceitar anunciar-se abrindo praça com os jovens João Moura e João Telles".
Fotos Frederico Henriques/@Campo Pequeno e Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com