A nova cavaleira: Cláudia Almeida recebeu ontem a alternativa na corrida que inaugurou a temporada na Nazaré |
Os cavaleiros no momento em que guardava um minuto de silêncio em memória de dois funcionários da empresa da Nazaré |
João Salgueiro da Costa |
Sónia Matias, a primeira Mulher que recebeu a alternativa de cavaleira tauromáquica e ontem foi testemunha do doutoramento da mais nova das nossas toureiras profissionais, Cláudia Almeida |
Rui Salvador, Ana Batista e Sónia Matias nas cortesias |
O momento em que Rui Salvador concedia ontem à noite na praça da Nazaré a alternativa à cavaleira Cláudia Almeida, de cuja actuação publicaremos ainda hoje todas as fotos de Emílio de Jesus |
Esta é a imagem de felicidade de Rui Salvador, com o seu apoderado Carlos Amorim, depois do grande triunfo de ontem na Nazaré. Mais logo mostraremos as fotos de Emílio de Jesus da sua lide memorável |
Grande pega de Francisco Montoya, valoroso forcado do Aposento da Chamusca, ao segundo toiro da corrida |
Sónia Matias surpreendeu pela positiva e teve uma lide de alto nível, estreando um cavalo novo. A raça de sempre e o valor de todos os dias, mesmo tendo ainda toureado muito pouco esta temporada |
Público aclamou Joaquim Bastinhas com uma das maiores ovações da noite quando os Forcados de Coimbra lhe brindaram a sua primeira pega |
A dura pega de Rodrigo Desitério, dos Amadores de Coimbra, ao terceiro toiro da corrida |
Grande actuação e ferros de muito verdade de Ana Batista, ontem na Nazaré, 24 horas depois do seu importante triunfo em Salvaterra de Magos |
O pegão de Miguel Ângelo, dos Amadores da Moita, ao quarto toiro |
Inédito: Cláudia Almeida, na noite da sua alternativa, foi quem ontem atravessou a praça, antes de todas as lides, para entregar o ferro aos seus companheiros de cartel |
A rija pega de Francisco Andrade, do Aposento da Chamusca, ao quinto toiro da noite, executada com brilhantismo ao primeiro intento |
Noite de glória para Marcos Bastinhas, aqui quando dava a aplaudida volta à arena com o forcado Francisco Andrade |
João Salgueiro da Costa "explodiu" por fim e está a marcar por triunfos as suas actuações nesta temporada. Ontem na Nazaré, foi um assombro! |
Grandes triunfos dos seis cavaleiros, dos três grupos de forcados e da ganadaria de Fernando dos Santos ontem na corrida que inaugurou a temporada na lindíssima a carismática praça da Nazaré, que registou três quartos das bancadas preenchidos em noite de muito entusiasmo. Corrida das que fazem aficionados. À mesma hora, praças cheias também nas Caldas e na Foz do Sizandro. A Tauromaquia ao rubro e cada vez mais público nas praças de toiros!
Miguel Alvarenga - Eles & Elas, três cavaleiros e três cavaleiras, mais três grupos de forcados, num bem rematado e atractivo cartel (pelo menos sem mais do mesmo...) ontem à noite na carismática praça do Sítio na Nazaré, engalanada e bem cuidada para abrir a sua temporada com a alternativa de uma nova cavaleira, Cláudia Almeida. O público correspondeu a um elenco variado e com estilos para todos os gostos. E a corrida, bem dirigida com a usual eficácia por Lourenço Luzio e que decorreu sem intervalo (o exemplo do Campo Pequeno começa a dar frutos), resultou numa noite de grande entusiasmo e muito bom ritmo, mercê da excelente qualidade dos toiros de Fernando dos Santos e do empenho e triunfo de todos os artistas, cavaleiros e forcados.
Sem pesos excessivos (na roda dos 460, 470, 490), a dar excelente jogo e sem facilitar, exigindo, emocionando, pedindo contas, quase todos crescendo ao castigo e subindo de tom do longo das lides, os toiros do empresário Fernando dos Santos (infelizmente ausente por se encontrar de novo internado num hospital no Algarve) proporcionaram o triunfo aos artistas e a ganadaria foi muito justamente premiada pelo director de corrida com honras de volta à arena, que foi dada no último toiro (deveria ter acontecido já no quinto, o de Bastinhas, o melhor da noite, bravo como devem ser os toiros!) pelo neto do ganadeiro, Afonso Semedo, filho do cavaleiro Tito Semedo e da empresária Sofia Gamboa Santos.
A corrida iniciou-se com um minuto de silêncio por dois funcionários da empresa falecidos, seguindo-se a cerimónia da alternativa de Cláudia Almeida, que brindou o toiro do seu doutoramento à empresária Sofia Santos, em sinal de reconhecimento e gratidão pelas muitas oportunidades que esta empresa lhe tem dado, sobretudo na Monumental de Albufeira.
Bonita e vistosa, boa equitadora, a nova cavaleira evidenciou grande desembaraço, desenvoltura e muito "gancho", isto é, chega ao público com uma facilidade enorme. Alternativa "limpa" e triunfal, com uma lide sem falhas e muito acarinhada pelo público.
Grande Salvador "à antiga"!
Com um bom toiro pela frente, Rui Salvador foi ontem, inaginem, a "surpresa" da noite, ele que tem já mais de trinta anos de carreira! Parecia um jovem a lutar por se afirmar!
Foram muitos os triunfos - e bem recordados ainda por todos - que Rui Salvador alcançou nesta praça. E ontem ele recordou o passado com uma lide de um fulgor e uma maestria que marcam, na realidade, a força, a raça e a arte deste notável e grande cavaleiro.
Nunca andou mal, mas a verdade é que a notada falta de um cavalo craque não lhe tem permitido nos últimos tempos ser o "Salvador de antigamente". Mas ontem foi. E de que maneira!
Rui agigantou-se num palco onde sempre foi grande e do princípio ao fim, na brega, na cravagem, nos terrenos que pisou e nos "ferros impossíveis" que voltou a cravar, deixou claramente a mensagem de que está, afinal, para durar. Foi, a todos os títulos, uma grande e memorável actuação. "À antiga". Melhor dizendo, ao melhor estilo do Salvador de sempre.
Sónia e Ana a prometer
noite grande em Lisboa!
Sónia Matias pouco tem toureado e por isso era uma incógnita o que ontem se poderia passar na Nazaré, praça a que regressava depois da sua apoteótica e marcante "encerrona" (com seis toiros) na temporada passada.
Foi também, uma agradável e positiva surpresa. Estreou um cavalo novo e rubricou uma lide empolgante, ao seu estilo alegre e comunicativo. Com cavalos ou sem cavalos, Sónia foi sempre uma lutadora e uma toureira de desmedida coragem e entrega. Ontem demonstrou tudo isso e trouxe de novo a esperança, com quadra renovada e a vontade de sempre de ir à luta. Ferros emotivos, brega acertada e a "chama" com que sempre contagia o público. Um triunfo.
Ana Batista vinha de um êxito empolgante na véspera em Salvaterra. Moralizada, bem montada e a viver excelente momento de forma, voltou a marcar a diferença pela classe do seu bom toureiro.
Encontrou-se ontem na Nazaré com um toiro nobre e bravo de Fernando dos Santos e destacou-se com ferros frontais, de praça a praça, que resultaram em momentos de enorme emoção e reafirmaram o valor de uma toureira que, insisto, tem uma classe à parte.
As duas cavaleiras deixaram ontem grande ambiente para a corrida da próxima quinta-feira no Campo Pequeno, onde vão de novo competir, fazendo antever uma noite grande.
A importância de ser Bastinhas!
Marcos Bastinhas levou ontem ao rubro o público que enchia a praça da Nazaré. Praça onde seu pai, o felizmente regressado Joaquim Bastinhas, sempre gozou de um carisma especial e isso mesmo viu-se de novo quando os Forcados de Coimbra e depois Ana Batista lhe brindaram as suas actuações, provocando uma verdadeira explosão de aplausos entre o público.
Ontem Marcos esteve, como tem estado sempre, num plano de grande triunfador. Tal pai, tal filho. Recebeu o toiro, o melhor da noite, com dois compridos à meia volta, mas depois nos curtos foi a direito, de frente, cravando ferros que emocionaram tudo e todos em terrenos de compromisso e tiveram remates e adornos que obrigaram o público a levantar-se para o aclamar.
Marcos Bastinhas é um triunfador nato e um toureiro que segue à risca e sem rodeios a trajectória de seu pai, conseguindo em cada actuação um impacto vibrante com o público. Terminou a sua actuação brilhante com dois arrojados pares de bandarilhas, o salto para o chão e o público de pé, em verdadeira explosão de euforia pela lide brilhante e de grande fulgor de que ontem foi protagonista. Marcante.
Salgueiro: "Estou aqui!"
João Salgueiro da Costa tem tido, até aqui, uma carreira algo indefinida e marcada pela irregularidade. Por outras palavras, tardava em "explicar-se" de uma vez por todas - e esta temporada está finalmente a revelar-se.
Começou em Garvão, teve um triunfo enorme em Portalegre e ontem confirmou na Nazaré que está, por fim, decidido a chegar ao patamar das figuras. Louve-se o facto de a empresa de Fernando dos Santos o ter colocado nesta primeiro cartel da temporada depois de o ter visto triunfar em Garvão.
Salgueiro da Costa está finalmente bem montado, tem três cavalos craques que as grandes figuras lhe andam a cobiçar. E isso, obviamente, trouxe-lhe a moral e a força de que tanto precisava. A sua actuação de ontem ficou marcada por tudo isso. Viu-se um Salgueirinho renascido e a confirmar, até que enfim, o muito que prometeu nos seus inícios. Levou algum tempo, mas chegou finalmente e ontem gritou bem alto: "Estou aqui!".
Destacou-se a lidar e a cravar. Ferros de muito valor, no sítio da verdade.
Posso estar enganado, mas acho que não estou: o arrojo, a ousadia e o valor desmedido de Francisco Palha estão a "puxar" - e a motivar - por esta rapaziada toda!
Já lá vai o tempo das "vacas gordas" e dos triunfinhos fáceis com toiros "nhoc-nhoc". O público quer risco, quer emoção, quer toiros de verdade, como os de ontem, e toureiros de valor, como ontem o foram quase todos os que triunfaram na Nazaré, com destaque maior para o "regresso" de Salvador e os gritos de confirmação de Bastinhas e Salgueiro, a reafirmção de Sónia e de Ana e o despertar de uma nova toureira que tem valor para aqui andar, Cláudia Almeida.
Rijas pegas
Foi também de triunfo a noite para os forcados com grande pegas de um grupo consagrado, o Aposento da Chamusca e de dois grupos menos vistos, os Amadores da Moita e os Amadores de Coimbra, a provar que também aqui, entre os valentes e românticos protagonistas da tão nobre e portuguesa arte de pegar toiros, existe valor de sobra e não há grupos de primeira e de segunda.
Pelos moitenses foram caras Filipe Correia (com uma grande pega ao segundo intento) e Miguel Ângelo (numa pega muito rija executada à primeira tentativa e a aguentar fortes derrotes). Pelos do Aposento da Chamusca, duas brilhantes pegas à primeira por intermédio de Francisco Montoya e Francisco Andrade, com o grupo a ajudar bem e coeso; os Amadores de Coimbra tiveram na frente Rodrigo Desidério (na pega mais complicada, à quarta) e Pedro Marques (este num pegão enorme, ao primeiro e valoroso intento).
Em suma, uma grande noite de toiros a abrir a temporada na praça da Nazaré - onde a Festa tem um sabor especial e foi ontem abrilhantada pela fantástica banda da Sociedade Filarmónica Olhalvense, de Olhalvo (Alenquer), que bem merece o nosso aplauso.
Corridas como esta, como a de sexta em Salvaterra, como as que ontem tiveram também lugar nas Caldas da Rainha e na Foz do Sizandro, como a última do Campo Pequeno com os toiros de Pinto Barreiros, são corridas que fazem aficionados, que engrandecem a Tauromaquia e que nos fazem voltar às praças com o entusiasmo de outros tempos. Esta temporada está, na realidade, a ser marcante, motivante - e diferente.
Fotos M. Alvarenga