domingo, 29 de julho de 2018

Nazaré ao rubro na abertura da temporada: uma grande noite de toiros!

A nova cavaleira: Cláudia Almeida recebeu ontem a alternativa na corrida que
inaugurou a temporada na Nazaré
Os cavaleiros no momento em que guardava um minuto de silêncio em memória
de dois funcionários da empresa da Nazaré
João Salgueiro da Costa
Sónia Matias, a primeira Mulher que recebeu a alternativa de cavaleira
tauromáquica e ontem foi testemunha do doutoramento da mais nova das nossas
toureiras profissionais, Cláudia Almeida
Rui Salvador, Ana Batista e Sónia Matias nas cortesias
O momento em que Rui Salvador concedia ontem à noite na praça da Nazaré a
alternativa à cavaleira Cláudia Almeida, de cuja actuação publicaremos ainda
hoje todas as fotos de Emílio de Jesus
Esta é a imagem de felicidade de Rui Salvador, com o seu apoderado Carlos
Amorim
, depois do grande triunfo de ontem na Nazaré. Mais logo mostraremos
as fotos de Emílio de Jesus da sua lide memorável
Grande pega de Francisco Montoya, valoroso forcado do Aposento da Chamusca,
ao segundo toiro da corrida
Sónia Matias surpreendeu pela positiva e teve uma lide de alto nível, estreando
um cavalo novo. A raça de sempre e o valor de todos os dias, mesmo tendo
ainda toureado muito pouco esta temporada
Público aclamou Joaquim Bastinhas com uma das maiores ovações da noite
quando os Forcados de Coimbra lhe brindaram a sua primeira pega
A dura pega de Rodrigo Desitério, dos Amadores de Coimbra, ao terceiro
toiro da corrida
Grande actuação e ferros de muito verdade de Ana Batista, ontem na Nazaré,
24 horas depois do seu importante triunfo em Salvaterra de Magos
O pegão de Miguel Ângelo, dos Amadores da Moita, ao quarto toiro
Inédito: Cláudia Almeida, na noite da sua alternativa, foi quem ontem atravessou
a praça, antes de todas as lides, para entregar o ferro aos seus companheiros
de cartel
Triunfo apoteótico de Marcos Bastinhas ontem na Nazaré, oito dias depois de
outro êxito memorável na Figueira da Foz, na noite do regresso de seu pai.
Marcou a diferença com uma lide empolgante e ferros de alto risco
A rija pega de Francisco Andrade, do Aposento da Chamusca, ao quinto toiro
da noite, executada com brilhantismo ao primeiro intento
Noite de glória para Marcos Bastinhas, aqui quando dava a aplaudida volta à
arena com o forcado Francisco Andrade
João Salgueiro da Costa "explodiu" por fim e está a marcar por triunfos as suas
actuações nesta temporada. Ontem na Nazaré, foi um assombro!
A última e grande pega dos Amadores de Coimbra, executada à primeira pelo
forcado Pedro Marques, com o grupo a ajudar muito bem. Em baixo, Salgueiro
da Costa
e o forcado dando a volta com o pequeno Afonso Semedo, neto do
ganadeiro Fernando dos Santos


Grandes triunfos dos seis cavaleiros, dos três grupos de forcados e da ganadaria de Fernando dos Santos ontem na corrida que inaugurou a temporada na lindíssima a carismática praça da Nazaré, que registou três quartos das bancadas preenchidos em noite de muito entusiasmo. Corrida das que fazem aficionados. À mesma hora, praças cheias também nas Caldas e na Foz do Sizandro. A Tauromaquia ao rubro e cada vez mais público nas praças de toiros!

Miguel Alvarenga - Eles & Elas, três cavaleiros e três cavaleiras, mais três grupos de forcados, num bem rematado e atractivo cartel (pelo menos sem mais do mesmo...) ontem à noite na carismática praça do Sítio na Nazaré, engalanada e bem cuidada para abrir a sua temporada com a alternativa de uma nova cavaleira, Cláudia Almeida. O público correspondeu a um elenco variado e com estilos para todos os gostos. E a corrida, bem dirigida com a usual eficácia por Lourenço Luzio e que decorreu sem intervalo (o exemplo do Campo Pequeno começa a dar frutos), resultou numa noite de grande entusiasmo e muito bom ritmo, mercê da excelente qualidade dos toiros de Fernando dos Santos e do empenho e triunfo de todos os artistas, cavaleiros e forcados.
Sem pesos excessivos (na roda dos 460, 470, 490), a dar excelente jogo e sem facilitar, exigindo, emocionando, pedindo contas, quase todos crescendo ao castigo e subindo de tom do longo das lides, os toiros do empresário Fernando dos Santos (infelizmente ausente por se encontrar de novo internado num hospital no Algarve) proporcionaram o triunfo aos artistas e a ganadaria foi muito justamente premiada pelo director de corrida com honras de volta à arena, que foi dada no último toiro (deveria ter acontecido já no quinto, o de Bastinhas, o melhor da noite, bravo como devem ser os toiros!) pelo neto do ganadeiro, Afonso Semedo, filho do cavaleiro Tito Semedo e da empresária Sofia Gamboa Santos.
A corrida iniciou-se com um minuto de silêncio por dois funcionários da empresa falecidos, seguindo-se a cerimónia da alternativa de Cláudia Almeida, que brindou o toiro do seu doutoramento à empresária Sofia Santos, em sinal de reconhecimento e gratidão pelas muitas oportunidades que esta empresa lhe tem dado, sobretudo na Monumental de Albufeira.
Bonita e vistosa, boa equitadora, a nova cavaleira evidenciou grande desembaraço, desenvoltura e muito "gancho", isto é, chega ao público com uma facilidade enorme. Alternativa "limpa" e triunfal, com uma lide sem falhas e muito acarinhada pelo público.

Grande Salvador "à antiga"!

Com um bom toiro pela frente, Rui Salvador foi ontem, inaginem, a "surpresa" da noite, ele que tem já mais de trinta anos de carreira! Parecia um jovem a lutar por se afirmar!
Foram muitos os triunfos - e bem recordados ainda por todos - que Rui Salvador alcançou nesta praça. E ontem ele recordou o passado com uma lide de um fulgor e uma maestria que marcam, na realidade, a força, a raça e a arte deste notável e grande cavaleiro.
Nunca andou mal, mas a verdade é que a notada falta de um cavalo craque não lhe tem permitido nos últimos tempos ser o "Salvador de antigamente". Mas ontem foi. E de que maneira!
Rui agigantou-se num palco onde sempre foi grande e do princípio ao fim, na brega, na cravagem, nos terrenos que pisou e nos "ferros impossíveis" que voltou a cravar, deixou claramente a mensagem de que está, afinal, para durar. Foi, a todos os títulos, uma grande e memorável actuação. "À antiga". Melhor dizendo, ao melhor estilo do Salvador de sempre.

Sónia e Ana a prometer 
noite grande em Lisboa!

Sónia Matias pouco tem toureado e por isso era uma incógnita o que ontem se poderia passar na Nazaré, praça a que regressava depois da sua apoteótica e marcante "encerrona" (com seis toiros) na temporada passada.
Foi também, uma agradável e positiva surpresa. Estreou um cavalo novo e rubricou uma lide empolgante, ao seu estilo alegre e comunicativo. Com cavalos ou sem cavalos, Sónia foi sempre uma lutadora e uma toureira de desmedida coragem e entrega. Ontem demonstrou tudo isso e trouxe de novo a esperança, com quadra renovada e a vontade de sempre de ir à luta. Ferros emotivos, brega acertada e a "chama" com que sempre contagia o público. Um triunfo.
Ana Batista vinha de um êxito empolgante na véspera em Salvaterra. Moralizada, bem montada e a viver excelente momento de forma, voltou a marcar a diferença pela classe do seu bom toureiro.
Encontrou-se ontem na Nazaré com um toiro nobre e bravo de Fernando dos Santos e destacou-se com ferros frontais, de praça a praça, que resultaram em momentos de enorme emoção e reafirmaram o valor de uma toureira que, insisto, tem uma classe à parte.
As duas cavaleiras deixaram ontem grande ambiente para a corrida da próxima quinta-feira no Campo Pequeno, onde vão de novo competir, fazendo antever uma noite grande.

A importância de ser Bastinhas!

Marcos Bastinhas levou ontem ao rubro o público que enchia a praça da Nazaré. Praça onde seu pai, o felizmente regressado Joaquim Bastinhas, sempre gozou de um carisma especial e isso mesmo viu-se de novo quando os Forcados de Coimbra e depois Ana Batista lhe brindaram as suas actuações, provocando uma verdadeira explosão de aplausos entre o público.
Ontem Marcos esteve, como tem estado sempre, num plano de grande triunfador. Tal pai, tal filho. Recebeu o toiro, o melhor da noite, com dois compridos à meia volta, mas depois nos curtos foi a direito, de frente, cravando ferros que emocionaram tudo e todos em terrenos de compromisso e tiveram remates e adornos que obrigaram o público a levantar-se para o aclamar.
Marcos Bastinhas é um triunfador nato e um toureiro que segue à risca e sem rodeios a trajectória de seu pai, conseguindo em cada actuação um impacto vibrante com o público. Terminou a sua actuação brilhante com dois arrojados pares de bandarilhas, o salto para o chão e o público de pé, em verdadeira explosão de euforia pela lide brilhante e de grande fulgor de que ontem foi protagonista. Marcante.

Salgueiro: "Estou aqui!"

João Salgueiro da Costa tem tido, até aqui, uma carreira algo indefinida e marcada pela irregularidade. Por outras palavras, tardava em "explicar-se" de uma vez por todas - e esta temporada está finalmente a revelar-se.
Começou em Garvão, teve um triunfo enorme em Portalegre e ontem confirmou na Nazaré que está, por fim, decidido a chegar ao patamar das figuras. Louve-se o facto de a empresa de Fernando dos Santos o ter colocado nesta primeiro cartel da temporada depois de o ter visto triunfar em Garvão.
Salgueiro da Costa está finalmente bem montado, tem três cavalos craques que as grandes figuras lhe andam a cobiçar. E isso, obviamente, trouxe-lhe a moral e a força de que tanto precisava. A sua actuação de ontem ficou marcada por tudo isso. Viu-se um Salgueirinho renascido e a confirmar, até que enfim, o muito que prometeu nos seus inícios. Levou algum tempo, mas chegou finalmente e ontem gritou bem alto: "Estou aqui!".
Destacou-se a lidar e a cravar. Ferros de muito valor, no sítio da verdade.
Posso estar enganado, mas acho que não estou: o arrojo, a ousadia e o valor desmedido de Francisco Palha estão a "puxar" - e a motivar - por esta rapaziada toda!
Já lá vai o tempo das "vacas gordas" e dos triunfinhos fáceis com toiros "nhoc-nhoc". O público quer risco, quer emoção, quer toiros de verdade, como os de ontem, e toureiros de valor, como ontem o foram quase todos os que triunfaram na Nazaré, com destaque maior para o "regresso" de Salvador e os gritos de confirmação de Bastinhas e Salgueiro, a reafirmção de Sónia e de Ana e o despertar de uma nova toureira que tem valor para aqui andar, Cláudia Almeida.

Rijas pegas

Foi também de triunfo a noite para os forcados com grande pegas de um grupo consagrado, o Aposento da Chamusca e de dois grupos menos vistos, os Amadores da Moita e os Amadores de Coimbra, a provar que também aqui, entre os valentes e românticos protagonistas da tão nobre e portuguesa arte de pegar toiros, existe valor de sobra e não há grupos de primeira e de segunda.
Pelos moitenses foram caras Filipe Correia (com uma grande pega ao segundo intento) e Miguel Ângelo (numa pega muito rija executada à primeira tentativa e a aguentar fortes derrotes). Pelos do Aposento da Chamusca, duas brilhantes pegas à primeira por intermédio de Francisco Montoya e Francisco Andrade, com o grupo a ajudar bem e coeso; os Amadores de Coimbra tiveram na frente Rodrigo Desidério (na pega mais complicada, à quarta) e Pedro Marques (este num pegão enorme, ao primeiro e valoroso intento).
Em suma, uma grande noite de toiros a abrir a temporada na praça da Nazaré - onde a Festa tem um sabor especial e foi ontem abrilhantada pela fantástica banda da Sociedade Filarmónica Olhalvense, de Olhalvo (Alenquer), que bem merece o nosso aplauso.
Corridas como esta, como a de sexta em Salvaterra, como as que ontem tiveram também lugar nas Caldas da Rainha e na Foz do Sizandro, como a última do Campo Pequeno com os toiros de Pinto Barreiros, são corridas que fazem aficionados, que engrandecem a Tauromaquia e que nos fazem voltar às praças com o entusiasmo de outros tempos. Esta temporada está, na realidade, a ser marcante, motivante - e diferente.

Fotos M. Alvarenga