Mestre Luis Miguel da Veiga cumpre hoje 52 anos de alternativa |
Momento da alternativa de Luis Miguel da Veiga há precisamente 52 anos na praça do Campo Pequeno, concedida por Mestre David Ribeiro Telles |
O cartaz da corrida de alternativa, publicado na véspera na imprensa e, em baixo, o cartaz da outra corrida em que esteve para tomar a alternativa (1964), mas não foi autorizado por ter apenas 16 anos |
Mestre Luis Miguel da Veiga recebeu a alternativa há 52 anos no Campo Pequeno, das mãos de Mestre David Ribeiro Telles, depois de dois anos antes (1964) a ter tentado tomar, o que não lhe foi permitido por ter apenas 16 anos.
Luís Miguel Pimenta de Aguiar da Veiga nasceu em 30 de Dezembro de 1947, em Montemor-o-Novo, (distrito de Évora), sendo neto de Simão Luís da Veiga e sobrinho paterno de Simão da Veiga, Jr., ambos prestigiados cavaleiros de alternativa. É bisneto do 1.º Visconde de Amoreira da Torre.
Estreou-se em público em Setembro de 1961, com apenas 13 anos, numa vacada que teve lugar na praça de toiros de Montemor-o-Novo, pensando que aos 16 anos lhe podiam dar a alternativa, mas teria que esperar mais dois anos pois em Portugal só se podia ter a carteira profissional de qualquer profissão a partir dos 18 anos.
Em 1966, a 28 de Julho (cumprem-se hoje exactamente 52 anos) tomou a alternativa na Monumental do Campo Pequeno, tendo como padrinho David Ribeiro Telles, e actuando ainda os matadores Armando Soares e Amadeu dos Anjos, bem como os Forcados Amadores de Montemor, sob o comando de Joaquim José Capoulas, lidando-se toiros da ganadaria de David Ribeiro Telles.
Ainda em 1966 protagonizou uma peça de teatro adaptada para a televisão por Herlander Peyroteo, intitulada "O Jovem Cavaleiro", na qual também contracenou com Mestre Batista.
Ficaram célebres as corridas em que alternou com o seu rival de arenas José Mestre Batista, formando com este o cartel mais anunciado e disputado durante 15 anos, o qual trouxe milhares de aficionados para a corrida à portuguesa - muitas praças (como a Monumental do Campo Pequeno) esgotavam os seus bilhetes poucas horas depois de anunciarem os cartazes com aquela parelha de cavaleiros. Outros tempos...
A sua distinta forma de montar e o classicismo e a arte das suas lides - tão marcadas pelas sortes frontais e pelos ferros ao estribo - terão levado o famoso crítico tauromáquico Saraiva Mendes a atribuir-lhe o epíteto de "Príncipe do Toureio a Cavalo". Ocupando o patamar das primeiras figuras do panorama taurino nacional até ao final do século XX, toureou nas mais distintas praças de Portugal continental, ilhas, Angola, Moçambique, Macau, mas também em Espanha, nos Estados Unidos da América (Califórnia) e no México.
Ao longo da sua carreira, em que marcou indelevelmente a tauromaquia portuguesa numa fase de aprimoramento artístico e de apuramento técnico, celebrizou cavalos como o "Favorito", o "Ratão", o "Espartero", o "Bacará", o "Príncipe" e o "Guizo", os quais ficaram particularmente na memória dos aficionados. Apesar de retirado das arenas por motivos cardíacos nos inícios do novo milénio, o Mestre (como passou a ser respeitosamente tratado) foi o cavaleiro convidado para participar, em 2006, no espectáculo realizado por Filipe La Féria para a reinauguração da praça de toiros do Campo Pequeno, onde triunfou com uma autêntica lição da arte de tourear, segundo a crítica tauromáquica.
Em 28 de Julho de 2016 voltou a vestir a casaca para fazer as cortesias na nocturna que teve lugar no no Campo Pequeno, precisamente para o homenagear pelos seus 50 anos de alternativa. Ainda no mesmo ano, voltou a vestir-se de toureiro e a fazer as cortesias em Montemor-o-Novo, sua terra natal, em mais uma corrida em que foi homenageado por meio século de alternativa.
Fotos D.R.