Céu negro e granee chuvada impediu esta tarde a continuação do festival na "Palha Blanco". Ficaram por tourear os matadores Manuel Escribano e Manuel Dias Gomes e o cavaleiro Luis Rouxinol Júnior |
O público batendo em retirada |
Praça cheia esta tarde em Vila Franca... e depois a chuva estragou tudo |
Luis Rouxinol Jr. brindou a David Antunes, que hoje se despediu das arenas. Mas não chegou a tourear, porque o toiro se inutilizou. Ficou-se por um ferro espectacular numa arrojada sorte de gaiola |
Vila Franca pôs-se de pé a aclamar o triunfo de Marcos Bastinhas e a render sentida homenagem à memória de seu pai |
Marcos Bastinhas conquistou Vila Franca, uma praça e um público que nunca "foi à bola" com seu pai. Honrou-se a memória do Maestro e consagrou-se a continuidade da dinastia no valor e na garra do jovem cavaleiro. O festival ficou pela metade porque a chuva assim ordenou...
Miguel Alvarenga - Ficou por metade o festival desta tarde em Vila Franca de Xira - praça cheia - devido à forte carga de água que caíu e impossibilitou de todo a continuação do festejo.
Ficaram por tourear os matadores Manuel Escribano e Manuel Dias Gomes e também o cavaleiro Luis Rouxinol Júnior, que vinha decidido a partir a loiça e de quem se viu apenas um ferro espectacular em sorte de gaiola ao toiro de Canas Vigouroux, que logo a seguir se inutilizou. O toureiro iria lidar no final o sobrero, mas acabou por não o fazer.
A praça registou uma grande enchente, na sequência do que vem sucedendo desde o festival do Dia da Tauromaquia em Lisboa, continuando depois em Santarém e ontem em Alcochete. Um belíssimo sinal de que a tauromaquia está em alta e de que a temporada promete.
Esta tarde na "Palha Blanco" despedia-se o bandarilheiro David Antunes, que recebeu muito bem de capote os toiros de Luis Rouxinol, de Marcos Bastinhas e de Vitor Mendes e que foi homenageado ao início do festejo pelo presidente da Câmara de Vila Franca, Alberto Mesquita e por Fátima Nalha, presidente do Clube Taurino Vilafranquense, que organizava o festival.
Marcos Bastinhas, que toureava pela primeira vez em Vila Franca como cavaleiro profissional e que dava hoje início à sua temporada e fazia também a sua primeira apresentação depois da morte de seu pai, foi a figura da tarde.
Vila Franca nunca foi uma praça "de Bastinhas", antes pelo contrário. A pressão era muita para o jovem cavaleiro - e maior foi a emoção. Fez as cortesias de lágrimas nos olhos. Mas o público esteve com ele. Levantou-se à sua passagem. Houve sentimento e respeito por parte do público vilafranquense. Pelo que Marcos sentia hoje na alma. Pela memória de uma das maiores figuras da nossa tauromaquia, o inesquecível Maestro Joaquim Bastinhas. E isso foi bonito. E foi marcante. E Marcos correspondeu. De todo.
Saíu em segundo lugar para lidar o novilho de Prudêncio, com 390 quilos, de excelente nota. E empolgou tudo e todos com o seu toureio alegre, exuberante e de verdade. Lide desenvolta, iniciada com dois valorosos ferros compridos de praça a praça, a dar toda a prioridade ao oponente, para depois, nos curtos, alegrar o público ao melhor estilo de seu pai, culminando com um grande par de bandarilhas.
Saltou do cavalo, foi ao centro da arena e Vila Franca rendeu-se-lhe. Um triunfo importante de Marcos Bastinhas numa tarde particularmente emotiva - e de tantas recordações.
Abriu praça Luis Rouxinol enfrentando um novilho do Engº Luis Rocha de escasso trapio, mas bom comportamento. Esteve Rouxinol como sempre está - muito bem, lidando a primor, entusiasmando o conclave. Brindou a David Antunes e a Marcos Bastinhas e à memória de seu pai.
As duas pegas, a cargo dos Amadores de Vila Franca, foram executadas por Diogo Conde à primeira e Guilherme Dotti à terceira.
Depois de se ter inutilizado o toiro de Canas Vigouroux, ao qual Rouxinol Júnior cravou apenas, com atitude e decisão, um magnífico e espectacular ferro comprido em sorte de gaiola, o céu começou e escurecer. Realizou-se depois a entrega de lembranças (cartazes do festival emoldurados) e todos os intervenientes, cerimónia que bem devia ter sido evitada num momento em que a chuva ameaçava cair em força... e toureou o Maestro Vitor Mendes, já debaixo de água.
O novilho de Falé Filipe tinha investidas francas e Vitor Mendes abriu o livro, recebendo-o com mandonas verónicas. A arte eterna - ainda e sempre. O espanhol Manuel Escribano, a quem não devem ter dito que mudara a hora, chegou atrasado à praça e não participou nas cortesias. Mas veio a tempo de nos brindar com bonitas e cingidas chicuelinas num quite ao novilho de Mendes.
A seguir, o Maestro desenhou uma templada e artística faena, quem sabe nunca esquece, mas com o público já em debandada...
Finda a actuação de Vitor Mendes e com a chuva sem parar, o público nos corredores e o piso completamente impraticável, a direcção do festival, presidida por João Cantinho, deu por finalizado o festejo. Não havia outra coisa a fazer.
Mais logo não perca todas as fotos numa grande reportagem de Maria João Mil-Homens
Fotos M. Alvarenga