sábado, 27 de julho de 2019

Triunfos Reais com toiros de verdade ontem em Salvaterra

Ao início da corrida, a Família Real desceu à arena para cumprimentar todos os
artistas
O ganadero Alves Inácio (filho) deu merecida volta à arena no quinto toiro com
Ventura e o forcado vilafranquense João Matos
Ana Batista (nesta foto dando a volta no quarto toiro com Diogo Timóteo, do
Grupo de Alcochete) esteve correcta no primeiro toiro da noite, o único que
destoou do sério e bem apresentado curro de Alves Inácio e depois no segundo
do seu lote deu a verdadeira dimensão da sua maestria e da sua imensa classe
Diego Ventura encheu Salvaterra e empolgou em duas lides verdadeiramente
apoteóticas frente a toiros que pedim contas, eram exigentes e tinham
transmissão
Francisco Palha e os ferros de parar corações. Duas lides de grande nível,
com especial destaque para a do sexto toiro da corrida. Palhinha ao mais
alto do seu nível 
Os seis toiros foram muito bem recolhidos a cavalo pelos campinos Rui Silva e
Nelson Soares, que deram merecida volta à arena no sexto toiro
João Luz, dos Amadores de Vila Franca, fez uma pega "do outro mundo" ao
terceiro toiro da noite. Deu uma volta com o cavaleiro e outra sózinho com o
público todo de pé. Pelos vilafranquenses pegaram ainda Pedro Silva (à terceira)
e João Matos (à primeira)
Diogo Timóteo na quarta pega da noite e, em baixo, o pegão de Manuel Pinto
(ambos dos Amadores de Alcochete) que fechou a corrida com chave de ouro.
A primeira pega do grupo foi executada, também com enorme brilhantismo, pelo
sempre eficaz João Machacaz


Praça cheia a rondar a lotação esgotada ontem em Salvaterra de Magos na Tourada Real. Toiros dos de verdade da ganadaria Alves Inácio, triunfos memoráveis de Ana Batista, Diego Ventura e Francisco Palha e dos forcados de Vila Franca e Alcochete. Uma noite à grande!

Miguel Alvarenga - Ambiente enorme ontem à noite em Salvaterra de Magos na Tourada Real, praça cheia pelas costuras, a rondar a lotação esgotada e toiros de Alves Inácio a transmitir, a não facilitar, a exigir - exceptuando o primeiro, que foi o de pior nota quer em apresentação, quer em comportamento. O ganadero (filho) deu volta à arena no quinto toiro.
O público viveu em crescente entusiasmo uma corrida de grandes momentos e reais triunfos. Ao início do espectáculo, D. Duarte de Bragança, Dª. Isabel Herédia e os três filhos vieram à arena cumprimentar todos os intervenientes. Um gesto bonito e com particular significado se nos lembrarmos que os políticos da República raramente vão aos toiros e quando vão não se dão "ao luxo" de descer à arena para saudar pessoalmente os artistas. Fê-lo Sá Carneiro há muitos anos em Santarém... lembram-se?
Com um primeiro toiro pouco "convincente", Ana Batista fez o que podia fazer numa lide muito acertada e de bonitos pormenores, tanto na brega como a cravar e a rematar as sortes. No quarto da ordem, um toiro sério e que pedia contas, com perigo e transmissão, a cavaleira esteve enorme, fazendo alarde da sua arte, da sua suprema classe e da sua muita maturidade - a que prefiro chamar maestria. Triunfo redondo entre os seus pares, que a aclamaram com calorosas ovações de reconhecimento pelo seu sucesso.
Diego Ventura fazia aqui a sua primeira apresentação numa corrida formal nesta temporada no nosso país, depois de no início da época já ter actuado num festival na praça de Alcochete. Os seus dois toiros impuseram emoção, seriedade e transmissão e Ventura lidou-os como só ele sabe. Recebeu ambos com sortes de gaiola, apoteótica a primeira, a segunda não resultou. Esteve grande a lidar, a cravar, colocando emoção nas sortes e sobretudo imensa verdade. O público está com Ventura e Ventura está com o público. Duas lides de um enorme brilhantismo e a reafirmar que um toureiro destes faz falta para abanar as hostes em Portugal. Não se sabe se volta este ano ao nosso país. Mas era bom que viesse.
Francisco Palha reencontrou-se, como se esperava, depois de uma noite menos fantástica na véspera em Lisboa. Regressava à praça onde em Maio sofreu aparatosa colhida e agigantou-se nas duas actuações, arriscando, pisando a linha de fogo, empolgando com os ousados ferros "à Palhinha". Bem no terceiro toiro da corrida, que não era pêra doce, destacou-se sobretudo na lide do sexto, um toiro também muito sério, com "teclas" e que pedia contas. Lide notável com ferros da sua marca. Um triunfo importante.
Noite grande para os forcados de Vila Franca e de Alcochete. Pegas duras e emotivas, algumas daquelas que fazem parar a respiração.
Pelos Amadores de Vila Franca pegaram Pedro Silva (à terceira), João Luz (uma pega "brutal" à primeira, premiada com uma volta à arena com o cavaleiro e outra sózinho com o público todo de pé) e João Matos (também numa grande pega ao primeiro intento).
Pelos Amadores de Alcochete, que executaram três pegas à primeira e "à Alcochete", foram caras João Machacaz, Diogo Timóteo e Manuel Pinto, todos enormes.
Muito bem todas as quadrilhas dos cavaleiros, sem exagero de capotazos e muito trabalho, em especial na colocação dos toiros para as pegas.
Lourenço Luzio dirigiu a corrida de ontem com seriedade e aficion, estando assessorado pelo médico veterinário Luis da Cruz.
O empresário Rafael Vilhais, grande obreiro da recuperação desta praça de Salvaterra, conquistou ontem mais uma coroa de glória. Merecida.

Durante todo o dia não perca todas as fotos de Maria João Mil-Homens: as pegas uma a uma, os melhores momentos da corrida e os Famosos que encheram Salvaterra.

Fotos M. Alvarenga