sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Alvarenga comenta: "fez-se justiça... mais nada!"



Há momentos, à saída do Tribunal, acompanhado pelo seu advogado, Dr. João Camacho - um dos mais brilhantes causídicos da nossa praça - o director do semanário "Farpas", instado a comentar a decisão que o acaba de ilibar no processo em que era acusado por Rui Bento, afirmou:
"Não tenho que comentar uma decisão do Tribunal. Direi apenas que me sinto satisfeito porque se fez justiça... mais nada. Limitei-me, na altura, a escrever factos que constavam no meio taurino, sem qualquer intuito de ofender ou difamar o Rui Bento. Na altura em que a administração do Campo Pequeno o reconduziu, pondo termo a todo esse processo, fui o primeiro a noticiá-lo e mais tarde redigi mesmo um editorial em que lhe apresentei desculpas. Por tudo isso, estou consciente de que foi feita justiça. Sinceramente, não esperava outro desfecho...", disse Miguel Alvarenga.
E sobre a "derrota" de Rui Bento:
"Não tenho que me congratular com isso, nem pensem que vou festejar. Ganhei, como poderia ter perdido. Já ganhei muitos processos e já perdi outros. Quem vai à guerra, dá e leva. Desta vez levou o Rui Bento. Lamento pela parte que lhe diz respeito, regozijo-me pela que me diz respeito a mim. Mas não vou cantar vitórias nem festejar derrotas. São episódios da vida...".
Rui Bento tinha neste processo como seu advogado o Dr. Arnaldo de Matos, o histórico "educador da classe operária" que liderou o MRPP nos tempos quentes da revolução.
"Foi um prazer conhecê-lo pessoalmente, falámos um bocado antes e depois da leitura da decisão e gostei muito de o conhecer e de saber que ainda por cima é aficionado da Festa Brava e respeitador da nossa tradição. Sabem que nunca estive propriamente no seu espectro político, nunca fui um grande defensor da 'classe operária' por que se batia naqueles tempos o Dr. Arnaldo de Matos, mas nos anos que se seguiram à revolução, foi uma personagem que admirei e que me fascinava, sobretudo pelos seus brilhantes dotes oratórios e pela convicção com que defendia os seus ideais. No meio desta trapalhada toda, valeu a pena este processo, pelo menos tive a oportunidade, tantos anos depois, de dialogar e conhecer uma figura que me fascinou sempre. Tenho que agradecer, sem ironia, ao Rui Bento, ter-me proporcionado isto...".

Foto Emílio/Arquivo "Farpas"