Hugo Teixeira - A Federação "Prótoiro" acusa o
Bloco de Esquerda de "radicalismo" e "ataque à liberdade"
ao defender, ontem, o fim dos apoios públicos aos espectáculos tauromáquicos e a
proibição da transmissão televisiva de touradas nos canais do serviço público.
A reacção da "Prótoiro" surge
na sequência das declarações feitas ontem pela deputada do BE Catarina Martins,
que, em conferência de imprensa no Parlamento, defendeu aquelas duas medidas.
Contactado ontem pela Agência Lusa,
Diogo Costa Monteiro, da comissão executiva da "Prótoiro", considerou que o BE
está a criar um "mito" em redor dos dinheiros públicos alegadamente
investidos no setor tauromáquico.
"O mito do financiamento público
com que agora se tenta enganar os portugueses não passa mesmo de um mito, pois
não existe qualquer programa estatal de apoio à tauromaquia, embora esse
programa devesse efetivamente existir", defendeu.
"Os apoios pontuais dados pelos
municípios à tauromaquia mais não são do que um investimento no sector da
cultura, que traz para esses concelhos muito mais retorno económico do que os
investimentos efetuados noutras áreas culturais", explicou.
A deputada bloquista referiu que
"Portugal tem financiado, seja através de dinheiros comunitários, seja
através de orçamento das autarquias e do Orçamento do Estado, espetáculos
tauromáquicos" e que, em 2009, o Estado gastou "na ordem de um milhão
de euros" com eventos deste tipo.
Catarina Martins criticou que se gaste
"bastante dinheiro público para espetáculos destes" e disse que já
houve notícias de fundos europeus "para a agricultura e pecuária" que
foram utilizados em gastos relacionados com a tauromaquia.
A deputada defendeu ainda a alteração à
lei da televisão para impedir a transmissão destes eventos nos canais do
serviço público, a bem da "exigência ética" do Estado.
Diogo Costa Monteiro contestou também
esta tomada de posição do BE: "Quanto à questão da televisão, a RTP não
deve ser um instrumento ideológico, mas sim um canal de divulgação e fomento da
cultura, como é o caso da tauromaquia", afirmou.
"Esta é uma tentativa radical e
extremista de impor uma cultura ao invés de respeitar a cultura, identidade e
liberdade dos portugueses. A cultura não é de ninguém, é de todos e todos devem
ter a liberdade de a viver como é próprio de um Estado de direito
democrático", acrescentou.
Para Costa Monteiro, as
declarações da deputada do BE são "mais uma tentativa de impor uma visão
cultural oriunda de movimentos veganos".
O dirigente da "Prótoiro"
recordou ainda que, no debate parlamentar que decorreu no dia 19 de Janeiro
sobre a proibição de corridas de toiros em Portugal, o BE obteve uma
"derrota clara", defendendo agora de forma "dissimulada e
cobarde" o fim das touradas e da "liberdade" dos portugueses.
Foto D.R.