129 anos do Campo Pequeno: Paulo Pereira põe os pontos nos iis!

O Campo Pequeno comemora hoje os seus 129 anos, efeméride que já aqui referimos esta manhã, e na página do Facebook da nova empresa gerida pelo empresário Álvaro Covões escreve-se, destacando sobretudo os concertos musicais e referindo a tauromaquia, verdadeira razão porque a praça foi erguida, com uma curtíssima referências a "grandes lides":

"Replecto de história, cheio de memórias, tem sido palco de muitos artistas ao longo de todos estes anos! Em tempos de pandemia é a casa de todos! Por cá se ouvem os melhores aplausos, as melhores músicas, e por cá se vêem os maiores sorrisos, as maiores ovações, as melhores danças e as melhores lides! Vamos continuar a escrever esta história na sala mais bonita do país!".

Paulo Pereira (foto de baixo), antigo relações públicas da empresa taurina que geriu o Camp Pequeno desde a sua reinauguração em 2006, não perdeu tempo e também no Facebook pôs os pontos todos nos iis publicando este artigo sob o título "Campo Pequeno: 129 anos depois, está em curso a 'limpeza étnica' da sua memória tauromáquica":

"Comemoram-se hoje 129 anos sobre a data da inauguração da Praça de Toiros do Campo Pequeno, actualmente mera sombra enegrecida do lugar de culto para gerações de aficionados. Recordo com saudade o mesmo dia de há quatro anos, em que esta sala de visitas de Lisboa celebrou 125 anos de existência com um espectáculo inclusivo de algumas das várias manifestações artísticas e culturais que ali podem e devem ter lugar. Espectáculo que foi o orgulho de uma equipa em que se envolveram, por igual, todos os sectores da empresa. Da qualidade do espectáculo atesta a sua transmissão em directo pela TVI. Equitação, toiros, fado, mensagem de parabéns de Sua Excelência o Presidente da República... Glamour, cultura e respeito pelas tradições!

"Contudo, a prática vem demonstrando que a descaracterização da Praça de Toiros do Campo Pequeno continua em bom ritmo. As corridas de toiros, paradoxalmente o espectáculo que ali tem tido lugar com mais regularidade, apesar dos tempos de pandemia, é anunciado em letras gordas como realizando-se em Lisboa, relegando-se para letra pequena o lugar onde se realiza, a emblemática Praça de Toiros do Campo Pequeno. Esta é mais uma peça do puzzle que visa urdir a teia onde as corridas de toiros na capital e o local mítico e místico da sua realização, serão a breve trecho asfixiadas, passadas à história e, muito provavelmente erradicadas da própria história, cultura e tradições de Portugal. Vontade ao poder político actualmente instalado, não falta, condicionando assim o edifício a espectáculos que sendo obviamente legítimos, não passam, contudo, de uma actividade complementar daquela para a qual foi construído: corridas de toiros. De qualquer, modo, parabéns àquelas pedras que, ao comemorarem 129 anos, constituem parte da história da cidade de Lisboa e testemunharam também, ou foram cenário, de bons e maus momentos da vida Política portuguesa".

Em declarações ao "Farpas", Rui Bento, antigo gestor taurino da praça do Campo Pequeno, diz que subscreve "a 200%" as palavras de Paulo Pereira.

Fotos M. Alvarenga e Mónica Mendes