segunda-feira, 30 de julho de 2012

"IGAC não tem sensibilidade" - acusa Garçoa em entrevista ao "CM"




António Garçoa, 78 anos, nascido no Alandroal, antigo bandarilheiro com alternativa recebida no Campo Pequeno em 1957, líder da Associação de Delegados Tauromáquicos, critica em polémica entrevista ao jornal "Correio da Manhã" a forma como os novos directores de corrida estão a ser nomeados. Com a devida vénia e pelo interesse das suas declarações, aqui reproduzimos a entrevista.

CM - O que diz sobre a renovação dos quadros de delegados técnicos do IGAC?
António Garçoa - Fui convidado pelo actual Inspector-Geral a integrar o juri de avaliação dos candidatos a delegados e coloquei como condição não ser considerado nessa função como delegado técnico, mas sim, como um simples aficionado
- Foi aceite essa posição?
- Foi e, mais ainda, nas entrevistas aos candidatos, o senhor Inspector-Geral informou os candidatos que eu não estava como director de corrida
- Mas não estavam proibidos concursos oficais?
- Questionei exactamente isso ao senhor Inspector-Geral e ele respondeu-me que não era nenhum concurso e, assim sendo, tranquilizou-me
- Então concluiu a sua missão?
- Não. A minha missão não chegou ao fim porque o Decreto (em vigor) 62/91, artigo 14º., nº. 2, diz "a estrutura, recrutamento e selecção do corpo de delegados técnicos tauromáquicos serão definidos por decreto regulamentar, e o artigo 100º. do mesmo decreto regulamentar diz que "até ao preenchimento do corpo a que se refere o nº. 2, do art. 14º. continuam em funções os actuais directores de corrida
- Os delegados técnicos não têm de optar entre a reforma da CN Pensões (dado que não é considerado emprego) e a função de director de corrida?
- Se o senhor Inspector-Geral não considera o lugar de director de corrida como emprego, como poderão os directores de corrida ter uma opção?
- Como entende que o problema pode ser resolvido numa altura em que se vê nas praças os novos candidatos junto dos directores de corrida ?
- O senhor Inspector-Geral não tem sensibilidade, nem conhecimentos tauromáquicos. Se tivesse, segundo a lei que foi entregue à ADT (Associação dos Delegados Técnicos), faria uma exposição correcta e verdadeira ao Ministério das Finanças e todo o assunto ter-se-ia evitado.
- Mas não é o Estado que paga aos directores de corrida?
- Não. Esse dinheiro não provém dos cofres do estado, mas sim das empresas que, antecipadamente, pagam, ao solicitarem a autorização para o espectáculo, a nomeação do director de corrida  e do médico veterinário. Isto não sucedia há alguns anos quando eram as empresas a pagarem directamente aos directores de corrida, situação que tinha muitos inconvenientes.
- Então porque não se clarifica o assunto?
- Se o assunto fosse colocado e bem fundamentado ao Ministério das Finanças, estou certo de que tudo estaria esclarecido.
- E o novo regulamento quando sai?
- Sei que no anterior governo a senhora Ministra Maria Gabriela Canavilhas e o Secretário de Estado da Cultura, Elisio Summavielle deixaram pronto o Regulamento, assinado pela Comissão de Tauromaquia. Agora, como houve profundas alterações sem que essa Comissão tivesse conhecimento, aguarda-se que o senhor Secretário de Estado da Cultura, que tem em seu poder duas cartas assinadas pela CT, com excepção de Paulo Pessoa de Carvalho, representante da Associação de Empresários, que lhes dê a respectiva resposta.
- Qual tem sido a reacção dos colegas em actividade em relação ao vosso problema?
- É uma situação que os não preocupa, porque, além dos ordenados nos seus empregos (muito superiores às magras reformas de 285 euros e 303 euros dos directores agora afastados) vão recebendo o subsídio pela direcção de corridas.

Foto Fernando Clemente/www.parartemplarmandar.com