António Garçoa, 78 anos, nascido no
Alandroal, antigo bandarilheiro com alternativa recebida no Campo Pequeno em
1957, líder da Associação de Delegados Tauromáquicos, critica em polémica
entrevista ao jornal "Correio da Manhã" a forma como os novos directores
de corrida estão a ser nomeados. Com a devida vénia e pelo interesse das suas
declarações, aqui reproduzimos a entrevista.
CM - O que diz sobre a renovação dos
quadros de delegados técnicos do IGAC?
António Garçoa - Fui convidado pelo
actual Inspector-Geral a integrar o juri de avaliação dos candidatos a
delegados e coloquei como condição não ser considerado nessa função como
delegado técnico, mas sim, como um simples aficionado
- Foi aceite essa posição?
- Foi e, mais ainda, nas entrevistas aos
candidatos, o senhor Inspector-Geral informou os candidatos que eu não estava
como director de corrida
- Mas não estavam proibidos concursos
oficais?
- Questionei exactamente isso ao senhor
Inspector-Geral e ele respondeu-me que não era nenhum concurso e, assim sendo,
tranquilizou-me
- Então concluiu a sua missão?
- Não. A minha missão não chegou ao fim
porque o Decreto (em vigor) 62/91, artigo 14º., nº. 2, diz "a estrutura,
recrutamento e selecção do corpo de delegados técnicos tauromáquicos serão
definidos por decreto regulamentar, e o artigo 100º. do mesmo decreto
regulamentar diz que "até ao preenchimento do corpo a que se refere o nº.
2, do art. 14º. continuam em funções os actuais directores de corrida
- Os delegados técnicos não têm de optar
entre a reforma da CN Pensões (dado que não é considerado emprego) e a função
de director de corrida?
- Se o senhor Inspector-Geral não
considera o lugar de director de corrida como emprego, como poderão os
directores de corrida ter uma opção?
- Como entende que o problema pode ser
resolvido numa altura em que se vê nas praças os novos candidatos junto dos
directores de corrida ?
- O senhor Inspector-Geral não tem
sensibilidade, nem conhecimentos tauromáquicos. Se tivesse, segundo a lei que
foi entregue à ADT (Associação dos Delegados Técnicos), faria uma exposição
correcta e verdadeira ao Ministério das Finanças e todo o assunto ter-se-ia
evitado.
- Mas não é o Estado que paga aos
directores de corrida?
- Não. Esse dinheiro não provém dos
cofres do estado, mas sim das empresas que, antecipadamente, pagam, ao
solicitarem a autorização para o espectáculo, a nomeação do director de
corrida e do médico veterinário.
Isto não sucedia há alguns anos quando eram as empresas a pagarem directamente
aos directores de corrida, situação que tinha muitos inconvenientes.
- Então porque não se clarifica o
assunto?
- Se o assunto fosse colocado e bem
fundamentado ao Ministério das Finanças, estou certo de que tudo estaria
esclarecido.
- E o novo regulamento quando sai?
- Sei que no anterior governo a senhora
Ministra Maria Gabriela Canavilhas e o Secretário de Estado da Cultura, Elisio
Summavielle deixaram pronto o Regulamento, assinado pela Comissão de
Tauromaquia. Agora, como houve profundas alterações sem que essa Comissão
tivesse conhecimento, aguarda-se que o senhor Secretário de Estado da Cultura,
que tem em seu poder duas cartas assinadas pela CT, com excepção de Paulo
Pessoa de Carvalho, representante da Associação de Empresários, que lhes dê a
respectiva resposta.
- Qual tem sido a reacção dos colegas em
actividade em relação ao vosso problema?
- É uma situação que os não preocupa,
porque, além dos ordenados nos seus empregos (muito superiores às magras
reformas de 285 euros e 303 euros dos directores agora afastados) vão recebendo
o subsídio pela direcção de corridas.
Foto Fernando Clemente/www.parartemplarmandar.com