Lamentavelmente para a Tauromaquia e sobretudo para a Tauromaquia nortenha, que está a ter enorme animação nesta temporada, o incidente de ontem em Lousada (Porto) vem hoje contado ao pormenor em quase toda a imprensa nacional. Já a seguir, não perca aqui no "Farpas" a versão de alguns intervenientes. Nas redes sociais, circula mesmo um "cartaz" com a fotografia do organizador da corrida (que não se realizou), João Oliveira (foto ao lado), dizendo que se procura. Há versões contraditórias para explicar o anulamento da tourada (que já vamos aqui contar). Na foto de cima, do "JN" de hoje, a GNR quando chegava ao local, onde acalmou o público em revolta pela não realização do espectáculo. Para já, fique com as notícias dadas hoje à estampa pela agência Lusa e pelo "Jornal de Notícias" - nada abonatórias, diga-se de passagem, para a imagem da Tauromaquia:
A notícia da agência Lusa
Centenas de pessoas que compraram
bilhetes para uma corrida de toiros em Lousada (norte) manifestaram-se este
sábado contra o cancelamento do espectáculo e exigiram serem ressarcidas do
valor dos ingressos.
Os protestos dos populares, que tentaram
entrar numa praça de touros amovível montada em Lousada, obrigaram à
intervenção de forças da GNR, segundo disse à Lusa um espetador.
O cancelamento da corrida foi anunciado
pelo empresário responsável pelo espectáculo, João Oliveira, que informou, pela
instalação sonora da praça, não existirem condições para a realização.
Um dos espectadores presentes, o autarca
da freguesia de Nogueira, Lousada, António Ferreira, disse ter sido "uma
vergonha o que se passou hoje (...) foi muito mau para a imagem de
Lousada".
Alguns minutos depois, Pedro Salvador,
um dos cavaleiros cuja actuação tinha sido anunciada, também usou a instalação
sonora para informar os espectadores que não havia condições para a realização
do evento, porque os cavaleiros não teriam sido pagos.
Além de Pedro Salvador, estavam
previstas as atuações dos cavaleiros Alberto Conde e Verónica Cabaço e dos
grupos de forcados da Moita e Arronches.
Apesar do descontentamento, os
espectadores acabaram por abandonar as imediações da praça de toiros.
José Magalhães, presidente da Associação
de Produtores Melão Casca de Carvalho e Produtos Hortícolas do Vale do Sousa,
entidade coorganizadora do evento, confirmou à Lusa o cancelamento da corrida
de toiros e os incidentes provocados pelos espetadores.
De referir que vários coletivos e
activistas anti-touradas e de defesa dos direitos dos animais responderam ao
apelo dum grupo de habitantes de Lousada e fizeram, no domingo anterior à
realização desta tourada, uma concentração e marcha de protesto contra o
espectáculo anunciado para o passado dia 28 de Julho que acabaria por não se
realizar.
Na origem deste incidente esteve um
empresário, da Póvoa de Varzim, que já antes tinha sido notícia do
"JN", em 2009, por ter promovido um espectáculo tauromáquico, em
Vizela, como angariação de fundos para uma criança com paralisia cerebral sem
nunca ter entregado qualquer verba à família. Pelo contrário, esta adiantou-lhe
ainda 2000 euros.
A notícia do “Jornal de Notícias”
Gritos de revolta, arremessos de pedras,
empurrões, pessoas a forçar a entrada da praça de toiros com a GNR a tentar
manter a ordem pública e centenas de pessoas a reclamar o dinheiro dos
bilhetes.
Era esse o cenário que estava, ao final
da tarde deste sábado, instalado em Lousada, onde a anulação de uma tourada
provocou a ira do povo que pagou entre 15 a 25 euros os bilhetes do
espectáculo. Pelos relatos feitos ao "JN", na origem da anulação
estará a falta de pagamento.
"Paguei seis bilhetes a 25 euros e
agora não há tourada. Os homens dos toiros não foram pagos pelo empresário que
organizou isto e decidiram não actuar. Ficámos à porta e como o empresário já
tem fama de ter burlado uma família de Vizela, organizando uma tourada cujos
lucros deveriam ter revertido a favor de uma criança doente, mas que ficaram no
bolso dele, o povo desconfiou e revoltou-se", explicou ao "JN",
um dos revoltados.
A tourada, que foi organizada à margem
das Festas de Lousada por um empresário, já tinha causado polémica há dias, com
uma centena de pessoas a participar numa marcha de protesto contra este tipo de
evento.
Fotos "JN" e D.R.