quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Hospital de Évora: caso do forcado Armando Martins agita redes sociais


Está a dar que falar e a suscitar os mais diversos comentários nas redes sociais a história de Armando Martins, de 22 anos, forcado do Grupo de Monsaraz, a quem um médico ortopedista do Hospital de Évora (onde foi operado e ainda está internado) se terá recusado a atender, alegando que aquele caso "era bom para outro colega que fosse aficionado".
Fonte do Hospital de Évora disse hoje à Agência Lusa que "até à data, não foi recebida qualquer queixa ou informação formal sobre o caso", mas que "está a tentar apurar os factos".
Filipa Campeão, namorada do forcado ferido durante uma corrida na Amieira (Portel) no passado sábado, garantiu à Lusa que a família "vai apresentar queixa".
"O comentário (do médico) foi discriminatório e achamos que o Armando não teve os cuidados devidos. Ficou internado e foi operado de urgência anteontem, quando foi visto por outro médico, que nos garantiu que o caso era muito grave e que se tivesse mais um dia de espera a perna teria de ser amputada", afirma a namorada de Armando Martins.
O forcado sofreu uma fractura exposto na perna direita e deu entrada no Hospital de Évora no próprio sábado em estado grave. Amigos e companheiros de Armando acusam nas redes sociais o médico de ser "anti-taurino" e por isso "se ter recusado" a assistir o forcado.
O triste episódio faz lembrar um caso ocorrido há anos em Medellín, na Colômbia, quando foi preso e baleado pela polícia um dos mais procurados terroristas do país. Quando deu entrada no Hospital de Medellín, toda a imprensa o esperava. E os jornalistas ficaram espantados ao ver entrar para a sala de operações um famoso médico colombiano, o Dr. Ortiz (ainda vivo), cujo próprio pai e amigos haviam sido assassinados pelo terrorista em questão. Questionado pelos repórteres sobre se, mesmo assim, o iria operar, o Dr. Ortiz respondeu: "Estudei e formei-me para salvar vidas, não para julgar homens. Isso cabe aos tribunais". Operou o terrorista e salvou-lhe a vida. Que diferença...

Foto Lusa/CM