João Moura Jr. marcou a diferença e teve auspicioso início de temporada |
Festival iniciou-se com a procissão. Toureiros levaram o andor com a imagem de Nossa Senhora da Conceição |
A segunda pega dos Amadores de São Manços |
António Ribeiro Telles não teve sorte com o novilho de Cochicho |
Salgueiro esteve quase "à Salgueiro", brilhando sobretudo nos curtos |
Sem oponente à altura, valeu a experiência, a arte e a garra de Rui Fernandes para "dar a volta" ao novilho de Torre de Onofre |
Marcos Bastinhas teve lide alegre e desenvolta, ao melhor estilo "da casa" |
João Maria Branco recebeu o toiro de Grave à porta dos curros, munido da sua jaqueta, usando-a como se de uma vara se tratasse |
Miguel Alvarenga - Primeiro, o cartel prometia (muito!), o dia de sol convidava e este podia ter sido o primeiro grande festejo de sucesso da temporada. Mas não foi. As bancadas da praça de toiros de Vila Viçosa apresentavam uma bonita moldura humana - muitos aficionados, muita gente do toiro, alguns toureiros, os sectores de sombra cheios e os de sol assim-assim, a trincheira (escandalosamente) "à cunha". Três cavaleiros consagrados - António Telles, João Salgueiro e Rui Fernandes - e três destacados valores da nova vaga - Moura Jr., Marcos Bastinhas e João Maria Branco - faziam antever, à partida, uma tarde de competição. O Festival da Rádio Campanário, esta tarde em quinta edição, estava bem rematado e reunia um naipe de bons toureiros. O pior foram os toiros. Teve alguma chama o de Pinto Barreiros (lidado por Salgueiro) e foi bom o de Francisco Romão Tenório, que proporcionou a João Moura Jr. o grande triunfo da tarde. Deixou-se lidar, sem transmitir muito, o do Engº Luis Rocha, enfrentado por Marcos Bastinhas. Os restantes deitaram por terra o esforço e o empenho dos cavaleiros que os lidaram - ou antes, que os tentaram lidar. O de Cochicho (para Telles) não tinha apresentação, nem serviu; o de Torre de Onofre, valeu-lhe ter pela frente um Rui Fernandes a iniciar a temporada num momento extraordinário, a ver-se que está preparado e mais que preparado para Sevilha e Madrid, por que, de resto, não deixou história (o novilho); o de Murteira Grave era bonito, bem apresentado e sério, mas cedo buscou o refúgio em tábuas e não permitiu o luzimento de João Maria Branco, que fez das tripas coração e esteve valente para tentar agradar e mostrar que vale.
Foi João Moura Jr. o rei da tarde, iniciando com excelente augúrio uma temporada em que o vamos ver mais (ainda bem) em arenas de Portugal. Marcou a diferença, esteve senhor da situação, brilhou em todos os recortes, "safou-se" à grande, como eu sempre lhe dizia desde que um dia começou.
António Telles apontou bons ferros a um novilho insignificante e sem raça; Salgueiro esteve quase "à Salgueiro" diante do exemplar de Pinto Barreiros, sobressaindo nos dois últimos curtos; Rui Fernandes sacou ao novilho de Torre de Onofre a faena impossível, mercê da sua experiência, da sua raça e da sua arte; Marcos Bastinhas teve lide desenvolta e alegre, ao estilo de seu Pai, terminando com um festejado par de bandarilhas; e João Maria Branco fechou o festival demonstrando garra e querer, procurando o triunfo que o Grave lhe não facilitou, mas teve argumentos para vencer a adversidade e uma vez mais deixou a mensagem de esperança de que está na Festa a tentar não ser só mais um.
Não tiveram dificuldades de maior os forcados do grupos de S. Manços, de Elvas (Académicos) e de Monsaraz. Agostinho Borges dirigiu com a habitual competência e aficion, havendo apenas a lamentar a presença de tantos "curiosos" entre tábuas...
Fotos M. Alvarenga