quarta-feira, 11 de junho de 2014

A polémica de Santarém: falam Paulo Caetano, Joaquim Grave e João Pedro Bolota

Paulo Caetano (ao meio), ontem na corrida de Santarém, antes de abandonar a praça
na sequência do incidente do "toiro cego", com António Telles e José Samuel Lupi
O ganadeiro Dr. Joaquim Grave (à direita) com Jorge Vicente,
promotor da corrida de ontem, quando era homenageado pelo
70º aniversário da sua ganadaria. Na foto de baixo, o empresário
João Pedro Bolota (à direita) com Possidónio Matias, este ano
seu sócio em Santarém e na Moita


Depois da polémica protagonizada ontem na corrida de Santarém pelos três, o "Farpas" ouviu o antigo cavaleiro Paulo Caetano (que garante ser cego do olho direito o toiro que seu filho enfrentou e diz que só foi lidado por que não havia nenhum sobrero da ganadaria Grave nos currais da praça), o ganadeiro Joaquim Grave (que nega a "cegueira" do toiro e proíbe o cavaleiro Moura Caetano de voltar a lidar os seus toiros) e o empresário João Pedro Bolota (que deixa de apoderar Moura Caetano depois desta complicação e que desmente Paulo Caetano, garantindo que havia um sobrero de Murteira Grave).

Paulo Caetano: "O toiro era cego
e não havia sobrero!"

A palavra a Paulo Caetano:
"O toiro era visivelmente cego do olho direito, tinha uma mancha branca. Toda a gente viu isso no sorteio. Mas não havia nenhum sobrero, a empresa só tinha nos currais seis toiros da ganadaria Grave e o sobrero era de José Dias e o empresário Bolota não o quis meter na corrida. Dirigi-me ao ganadeiro e disse-lhe que me parecia que o toiro era cego. Joaquim Grave respondeu-me que o toiro, se era cego, tinha cegado na praça, porque não viera assim do campo e eu sei que isso são coisas que podem acontecer. A verdade é que os tempos mudaram. Há 30 anos, no dia da minha alternativa, o senhor António Badajoz mandou vir, ao sorteio, mais dois toiros de Palha Blanco. Mas isso era o senhor António Badajoz. Hoje, o Pablo Hermoso tem a seu lado o José "Grenho", que actuaria de imediato se no sorteio houvesse um toiro cego... e nada disso aconteceu em Santarém. Lamento tudo o que aconteceu e fui embora porque não aguento esta situação e este estado a que a Festa chegou. Quanto à decisão de Bolota de deixar de apoderar o João, nem quero comentar. Um empresário que é apoderado de um toureiro e que permite que saia à praça, para o seu toureiro, um toiro cego... não quero sequer fazer comentários. É verdade que o João tem tido algum azar nos sorteios, mas não posso admitir que queiram acabar com a sua carreira assim de um momento para o outro".
E acrescenta o Maestro:
"Subi nesta vida a pulso, mas tive a sorte de encontrar homens dignos que me ensinaram que a vida - e mais ainda no caso da vida de um toureiro - é um jogo onde conta o talento, o trabalho e a sorte, mas onde jogar com cartas viciadas não é admissível. Nesses casos, custe o que custar, o jogo tem de ir abaixo".

Joaquim Grave: "O toiro 
não era cego e não admito
cenas destas..."

Joaquim Grave, o ganadeiro, desmente em absoluto que o toiro fosse cego:
"O toiro não era cego e não admito ao Paulo Caetano uma cena destas em público e muito menos que ponha em causa a minha idoneidade como ganadeiro e, em simultâneo, a idoneidade do meu colega veterinário que assessorava ontem o director de corrida em Santarém. Há toiros bravos e toiros mansos e a realidade é que o toiro em causa era manso e foi o que menos serviu dos seis, mas daí a tentar tapar a péssima actuação de seu filho com a alegada 'cegueira' do toiro, vai uma distância muito grande. Eu tenho um produto a defender e jamais enviaria um toiro cego para que praça fosse, fosse Santarém ou a Granja ou uma portátil. Paulo Caetano pôs-me em causa e ao meu colega veterinário e isso eu não admito. Enquanto não se retratar e não me apresentar desculpas, não permitirei que seu filho volte a lidar toiros da minha ganadaria. Ontem, no final da corrida, foi pena o Paulo Caetano já lá não estar, porque era minha intenção ir com ele aos curros para que me mostrasse a tal mancha branca no olho direito do toiro, de que me falou quando me abordou".

João P. Bolota: "Havia sobrero,
sim senhor, da ganadaria Grave"

O empresário e ex-apoderado de Caetano, João Pedro Bolota, desmente Paulo Caetano e garante que havia um sobrero da ganadaria Murteira Grave:
"Não é verdade o que afirma Paulo Caetano. Estavam nos currais de Santarém sete toiros da ganadaria Murteira Grave, portanto havia um sobrero. E ainda havia um segundo sobrero da mesma ganadaria, que infelizmente morreu no enjaulamento, na véspera. Mas não é verdade que o toiro fosse cego".

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com