quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Plaza México: vôo do toiro "Pajarito" foi há 10 anos



Há dez anos, estas fotos correram o mundo. O toiro chamava-se "Pajarito", pesava 503 quilos, nascera em Julho de 2001, pertencia à ganadaria de Cuatro Caminos (propriedade de Sérgio Hernández Weber) e era o segundo que nessa tarde de 29 de Janeiro de 2006 ia ser lidado na Monumental Plaza México, numa corrida cujo cartel era formado pelo rejoneador Pablo Hermoso de Mendoza, que abrira praça lidando um toiro de Montecristo, e pelos matadores Manolo Arruza e Xavier Ocampo, que confirmava a alternativa.
Mal entrou na arena, "Pajarito" cruzou o redondel a grande velocidade rumo à trincheira, apoiou-se nela e deu um incrível salto olímpico até à segunda fila das barreiras de sombra, superando uma altura de 2.26 metros e uma distância de 2.22 metros, percorrendo 26 lugares e entrando na História por espalhar o pânico entre o público e os aficionados que ali se encontravam. Acabou por ficar entalado entre duas cadeiras, sem se conseguir mover e foi sacrificado pelo matador Leopoldo Casasola e pelo rejoneador Felipe Valina, que se encontravam entre a assistência na bancada e o descabelharam com um estoque do toureiro Manolo Arruza, evitando uma desgraça maior.
Mesmo assim, o toiro deixou vários feridos pelo caminho e causou a morte ao empresário yucatero Andrés García Lavín, de 78 anos, fundador e director da Televisora de Yucatán, do jornal "Novedades de Yucatán" e de três estações de rádio. O malogrado espectador lançou-se de cabeça para a trincheira e sofreu graves lesões, acabando por morrer dias depois na sua casa em Mérida, depois de ter estado hospitalizado.
Entre os feridos contavam-se a senhora Susana Lamm (mãe do ganadero mexicano Germán Lamm), a antropóloga Julieta Gil Elorduy, de 59 anos (que sofreu uma cornada no pubis), Marcela Madariaga e Alejandro Romero, ambos de 39 anos, assim como Gerardo Vatanovich e Esteban Roman, de 40.
O empresário Andrés Lavín foi o primeiro espectador que perdeu a vida na Monumental do México por culpa de um toiro lidado nessa praça, desde a sua inauguração em 5 de Fevereiro de 1946 - mas não o único ser humano a morrer ali. Em 19 de Março de 1997, o rejoneador Eduardo Funtanet, antigo pupilo do cavaleiro português Pedro Louceiro, morreu naquela arena, vítima de colhida.
"Pajarito", por seu turno, também não foi o primeiro toiro a saltar para a zona reservada ao público na Plaza México. No ano de 1947, um exemplar da ganadaria de Piedras Negras escapou dos currais e subiu a rampa que dá acesso à rua Augusto Rodín, subiu as escadas que conduzem às bancadas de sombra-geral e deu um salto, caindo sobre o cimento da fila 23 do mesmo sector de sombra, sem contudo causar ferimentos a ninguém.

Fotos D.R.