domingo, 28 de maio de 2017

Moita: Ventura brilhante numa noite em que se esperava mais...

Diego Ventura foi ontem o autor dos melhores e mais emotivos momentos da
corrida na Moita em três bons toiros de Maria Guiomar Moura
Público aplaudiu a praticante Mara Pimenta na sua curta, mas valorosa intervenção
Sem deslumbrar, Roca Rey deu um ar da sua graça nos dois primeiros toiros de
Juan Pedro Domecq
Bonitos e artísticos quites de capote do novilheiro luso "Cuqui", um toureiro que
voltou ontem a provar ser merecedor de mais oportunidades
Rija e tecnicamente perfeita, a primeira pega da noite foi executada à primeira
pelo valoroso cabo José Maria Bettencourt
O consagrado Nuno Inácio pegou à primeira o terceiro toiro da noite
A terceira e última pega foi consumada ao segundo intento por Leonardo Matias,
um jovem forcado que se tem evidenciado nas últimas temporadas

O público e a (dita) aficion não corresponderam ontem, como se exigia, ao esforço e ao empenho do empresário Rafael Vilhais, que se estreava ao leme da praça da Moita tentando recuperar a data de Maio com um cartelazo ousado e super bem montado: um "mano-a-mano" entre o rejoneador Diego Ventura e o matador peruano Roca Rey, acabadinho de chegar de Cáceres, onde cortara duas orelhas e saira aos ombros.
A praça registou uma entrada de meia casa fortíssima, próxima dos três quartos, muito pouco para a grandeza do cartel e para o notável rasgo empresarial de Rafael Vilhais. Da aficion moitense, esperava-se mais...
Artisticamente, om saldo mais positivo foi alcançado inequivocamente por Ventura, superior diante dos três toiros de boa nota de Maria Guiomar Moura, exibindo toda a sua raça, toda a sua toreria e uma quadra de cavalos acima da média. Deu volta nos seus três toiros, o público esteve com ele.
No último toiro, interviu a cavaleira praticante Mara Pimenta, com boa e cumpridora presença ao lado de um monstro do toureio equestre.
Roca Rey teve bonitos e artísticos detalhes quer com a capote, quer com a muleta, nos dois primeiros toiros de Juan Pedro Domecq, que transmitiram pouco e retiraram algum brilho ao labor do famoso toureiro. O último serviu mesmo para muito pouco e o matador peruano limitou-se a aligeirar a faena, não dando volta.
Aplausos para os artísticos quites de capote do novilheiro luso Joaquim Ribeiro "Cuqui", um toureiro que ontem provou uma vez mais ser merecedor de mais oportunidades.
O Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, um dos grandes da actualidade, teve estreia triunfal na temporada com boas e rijas pegas a cargo do valoroso cabo José Maria Bettencourt, do consagrado Nuno Inácio (ambos à primeira) e de Leonardo Matias (à segunda), outro jovem forcado que se vem a destacar nas últimas épocas.
A corrida, que começou com meia-hora de atraso devido à viagem de Roca Rey de Cáceres para a Moita, foi dirigida com a usual competência e aficion por Manuel Gama.
Faltou público - uma corrida destas merecia lotação esgotada. Faltou sucesso maior - uma corridas destas devia ter acabado com os toureiros, dois figurões mundiais, a sair em ombros. Sobrou valor, empenho e ousadia ao novo empresário da "Daniel do Nascimento". Com um cartel de estreia do calibre deste, ao menos que o levassem a ele aos ombros. Merecia.

Fotos Maria Mil-Homens