quarta-feira, 13 de março de 2019

O dia em que Chibanga (não) morreu...



À partida e salvo raríssimas excepções, de que espero sinceramente ser uma, toda a gente morre. Mas o nosso querido Chibanga não morreu. E no dia em que o “mataram”, acabou por pôr todo o mundo à bulha nas redes sociais…

Miguel Alvarenga - Foi o Hugo Teixeira quem me acordou hoje, eram nove da matina.
- Já viste os sites?
- Quais sites? Ainda agora me estou a levantar…
- Dizem todos que morreu o Chibanga, mas é mentira… Ia fazer a notícia para a Lusa e telefonei ao Paulo Pessoa de Carvalho (presidente da PróToiro) para saber se confirmava, pois não tenho o contacto da filha do Chibanga. E o Paulo diz que é mentira…
Agarrei no telefone e liguei para a Anete (filha):
- Bom dia, Anete… está tudo bem?
- Graças a Deus está, mas esta manhã quando levei o meu filho à escola, era tudo a dar-me os sentimentos… Apanhei um susto, liguei de imediato para o hospital (Torres Novas) e o meu pai até está melhor, passou uma noite boa e os médicos até dizem que daqui por pouco tempo volta para casa. Não sei de onde isso partiu, nem acredito que haja gente tão irresponsável que ponha uma notícia dessas sem primeiro confirmar.
Fui para o computador, dei uma vista de olhos pelos sites e pelo Facebook e lá estava: morreu Ricardo Chibanga, a Festa outra vez de luto, todo o mundo a lamentar e a dar os sentimentos “há” família…
Entretanto liga-me também o Paulo Pessoa:
- Já viste isto? “Mataram” o Chibanga… 
Poucos minutos depois, “ressuscitei” o nosso Ricardo e pus os pontos nos iis aqui no “Farpas”. Não quer dizer que um dia não morra, mas a realidade é que ontem não morreu. Graças a Deus.
A partir daí, os sites ou retiraram a notícia que tinham publicado ou substituiram-na por uma nova. Onde estava “morreu Chibanga”, escreveram “não morreu Chibanga”, tão simples quanto isso.
Depois foi um instantinho enquanto nas redes sociais e muito em particular no Facebook, se puseram todos a trocar os pés pelas mãos e até a chamarem nomes uns aos outros.
Só a Patrícia Sardinha no “naturales” teve a ombridade de citar o “Farpas” e referir que tínhamos sido nós a repor a verdade, que é como quem diz, a dar outra vida ao nosso querido Chibanga. Os outros, pura e simplesmente, deram o dito por não dito e até pediram desculpas “há” família, sem citar quem acabara de vez com o boato. Mas isso é o que importa menos…
A seguir, o meu querido amigo Cortesão veio dizer que eu lhe tinha chamado “puta”João!…), o Filipe Gonçalves veio chamar atrasado mental ao Moita da Cruz, o Moita da Cruz disse que ele lhe queria “fazer a folha” e começaram todos às turras uns com os outros… e tudo por causa da falsa morte do nosso Chibanga.
Acusaram o João Cortesão de ter sido o primeiro a noticiar a suposta morte muito próximo das oito da manhã e o próprio João reconheceu que sim, mas explicou que foi “informado” por um amigo credível que pusera a notícia no Facebook.
Ora, é precisamente aqui que a porca torce o rabo. Alguém, muito provavelmente sem intenções maldosas, mas por obra e graça de outro alguém que talvez tenha apenas tido a intenção de espalhar a confusão, pespegou com a morte de Chibanga no Facebook, sem sequer ter tido a preocupação de confirmar a notícia.
Chibanga tem uma filha. Havia primeiro que tudo que a contactar.
Acreditar assim sem mais nem menos no post de um suposto amigo credível e, catrapumba, noticiar que o Chibanga morreu… não lembra nem ao diabo.
Mas explica-se. Não há, na realidade, nenhuma Imprensa taurina. Há gente com boa vontade e que criou sites. Mas para se fazer isso é preciso ser jornalista. Eu sou jornalista há mais de quarenta anos. Não sou, nem quero ser, o melhor. Mas sou jornalista, pronto. Não me atrevo a brincar a outras coisas que não sei fazer. Não me lanço no espaço a fingir que sou astronauta. Não me monto num cavalo a fingir que sou toureiro. E por aí além…
É verdade que também já dei notícias que depois se verificou que não correspondiam à verdade - mas dei a mão à palmatória, corrigi, emendei. Não fiz como muitos fizeram hoje, que não souberam dar o braço a torcer e continuaram na sua, tipo o Chibanga não morreu, mas eu não errei, ele podia ter morrido. Pois podia. Todos podem, repito, salvo raríssimas excepções - de que, repito também, espero e tenciono ser uma.
Agora, dêm-me lições de tudo, mas de Jornalismo não. Essas, dou-as eu, meninos e meninas!
E deixem se se insultar nas redes sociais e de ameaçarem que “fazem a folha” a este e aquele.
Convençam-se que se as “falsas notícias” invadiram o mundo, um dia elas haviam de chegar à tauromaquia.
E para a próxima, tenham mais cuidado. Não se esqueçam de confirmar primeiro. É assim que os jornalistas fazem.
E, por amor de Deus, aprendam a escrever. À família não tem h, é do verbo haver. Está nas cartilhas escolares.
E por favor não matem quem está vivo. Para mortes, já bastam as que foram a sério…
As melhoras e muita força, querido Ricardo!
E desculpa-lhes... que eles não sabem, nem sonham o que dizem. Muito menos o que escrevem.

Fotos D.R. e Fernando Clemente