segunda-feira, 18 de março de 2019

Santarém: a grande vitória (mais uma) da Tauromaquia!

Foto D.R.
Santarém foi outra vez praça cheia, Praça Maior! 10 mil pessoas!
Quem é rei jamais perde a majestade: foi um importante João Moura que ontem
Santarém voltou a aplaudir de pé, como nos tempos áureos nesta praça que
foi sempre "sua". Nesta foto, dando a volta com Rui Godinho, do Grupo de
Vila Franca
António Ribeiro Telles impôs a classe e a maestria de sempre. Destacou-se
sobretudo no quinto toiro de Cunhal Patrício, que lidou de forma soberba. O
ganadero José Romeiras teve merecida honra de volta à arena e o toiro foi
ovacionado quando era recolhido. Nesta foto, Telles, o ganadero, o forcado
Francisco Graciosa e os bandarilheiros João Ribeiro "Curro" e António Telles
Bastos
Atitude e afirmação: Francisco Palha recebeu os seus dois toiros à porta da
gaiola e depois lidou-os com a ousadia costumeira, pisando a linha de risco,
marcando a diferença, dando o mote para uma temporada que vai ser, ninguém
tem dúvidas, de decisiva consolidação. Em baixo, dando a volta com o forcado
villafranquense Francisco Faria


Na Festa já há pouco para inventar. E o segredo foi só um: o grande empenho dos 8 Magníficos que apostaram em reerguer das cinzas a Monumental de Santarém, uma extraordinária promoção com o apoio de todos e o desejo manifestado pelos aficionados de voltarem a ver a histórica praça em alta! O público correspondeu, a gigantesca praça "Celestino Graça" encheu e parecia ontem que tínhamos andado para trás no tempo e estávamos de novo nos anos de ouro da Monumental. De novo de pé, de novo em grande fulgor e de novo Praça Maior!

Há coisas que custam às vezes a entender. E que talvez nem valha muito a pena tentar decifrar. O trabalho está feito. Os 8 Magníficos que deitaram mãos à obra, lavaram a cara à Monumental de Santarém e a voltaram ontem a encher são, à partida, indiscutivelmente, os maiores triunfadores desta histórica jornada. Uma praça com os pergaminhos e a história desta não podia morrer assim de repente. O público correspondeu à chamada de uma fantástica promoção desta primeira corrida - e voltará a corresponder nas próximas, a 10 e 16 de Junho - e encheu a "Celestino Graça" como nos seus maiores tempos de glória.
Mas não foi só isso - a vitória de ter voltado a encher Santarém não teria o mesmo significado se artisticamente o espectáculo não tivesse funcionado. Mas funcionou. Foi um sucesso.
O cartel estava super bem montado. A veterania e a maestria de dois gigantes, João Moura e António Ribeiro Telles, junto à irreverência e à ousadia de Francisco Palha, o cavaleiro triunfador da última temporada e aquele que devolveu a emoção às nossas praças. Dois dos melhores grupos de forcados, os Amadores de Santarém e os Amadores de Vila Franca e um curro de toiros de verdade de Cunhal Patrício, a que se juntou um de Veiga Teixeira.
Moral da história: há praças, houve sempre, que podem "bater no fundo". Mas existem fórmulas para as levantar de novo. A juventude da Associação Praça Maior demonstrou ontem como isso é possível. Que o exemplo de Santarém se repita este ano na Moita, outra praça que certamente voltará a viver o esplendor de outros tempos.
João Moura foi ontem homenageado na "sua" praça, aquela onde um dia deixou a aficion em delírio quando ali se encerrou com sete toiros, aquela que foi depois palco, há 41 anos, da sua recordada alternativa.
Quatro décadas e muita história depois, o Maestro reviveu ontem esses tempos de glória e de euforia. Actuação de nota alta no primeiro toiro, lide templada e de grande maestria com o segundo, o de Veiga Teixeira. Quem é rei nunca perde a majestade!
António Ribeiro Telles impôs a sua arte, a sua classe e também a sua tão distinta maestria frente ao primeiro toiro do seu lote, mas foi no quinto da tarde que deitou a praça abaixo. Grande toiro de Cunhal Patrício, premiado com honras de ovações quando era recolhido e depois com a volta à praça do ganadero José Romeiras. António esteve simplesmente soberbo com o cavalo "Alcochete".
E Francisco Palha, a nova estrela do toureio equestre, marcou a diferença com duas actuações plenas de atitude, de querer, de ousadia e de antes quebrar qur torcer. Recebeu os seus dois toiros com duas espectaculares portas de gaiola, assim como quem diz: "Estou aqui!". E esteve. Não deu "uma banhada" aos Maestros, porque Toureiros como Moura e Telles não levam "banhadas" de ninguém. Mas sobressaiu. Foi outra música que completou a sinfonia dos reis.
Foi, sobretudo, um arranque de temporada marcante para Francisco Palha, depois de no Festival do Dia da Tauromaquia ter por fim quebrado o "enguiço" no Campo Pequeno - a prometer agora uma época de consolidação definitiva como primeira figura do toureio a cavalo.
Nas pegas - de que mais logo aqui mostraremos todas as fotos de Maria João Mil-Homens - estiveram os Amadores de Santarém e os Amadores de Vila Franca.
Ruben Giovety Silva (ao segundo intento, a dobrar Montoya), António Taurino (à segunda, também) e Francisco Graciosa (à primeira) honraram on centenário Grupo de Santarém, enquanto que pelo de Vila Franca foram caras o cabo Vasco Pereira (ao segundo intento), Rui Godinho (à primeira) e Francisco Faria (à terceira). Pegas rijas e emotivas a toiros que pediam e tiveram pela frente homens de barba rija.
A corrida foi bem dirigia, pela primeira vez, por Marco Cardoso, um dos novos "inteligentes", que esteve assessorado pelo médico veterinário Dr. Luis da Cruz. Ao início guardou-se um minuto de silêncio em memória de todos aqueles que partiram recentemente.

Fotos Maria Mil-Homens