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"Estou preparadíssimo, acho que é o momento de ter este gesto de lidar seis toiros e tenho a quadra com que sonhava para o poder fazer" |
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Em Beja, ganhou o prémio para a melhor lide |
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Corrida dos 6 toiros em Cioruche a 2 de Junho está a ser altamente promovida. Em baixo, João Telles nos seus primeiros tempos |

Ganhou o troféu para a melhor lide na corrida da Ovibeja em competição com Luis Rouxinol e Andrés Romero e no ano do 11º aniversário da sua alternativa prepara-se agora para dois grandes desafios, a Isidrada em Madrid e a corrida de seis toiros em Coruche. João Ribeiro Telles conta as suas expectativas
Entrevista de Miguel Alvarenga
- Preparado para o regresso a Madrid e para oa seis toiros em Coruche?
- Preparadíssimo e a treinar todos os dias, incansavelmente! São dois marcos muito importantes.
- Matar ou não matar é a eterna questão para cortar orelhas em Las Ventas... que tal nessa sorte, João?
- Estou também a preparar-me. Tenho tido sorte a matar noutras praças espanholas e tenho cortado orelhas, mas no ano passado não tive essa sorte na minha apresentação em Madrid na tarde em que confirmei a alternativa. Volto à Feira de Santo Isidro e à primeira praça do mundo com a ilusão de, desta vez, conseguir matar. Era bonito trazer pelo menos uma orelha!
- É o momento exacto para te propores a lidar seis toiros, como vai acontecer na tarde de 2 de Junho na Monumental de Coruche?
- Penso que é, caso contrário não o faria. É o culminar de dez anos de alternativa, considero estar num bom momento, tenho finalmente a quadra de cavalos com que sonhava e sinceramente acredito que é o momento exacto para ter este gesto e para dar este passo.
- Não tenho dúvidas de que vais estar bem, estás muito bem montado, moralizado e num grande momento. Mas achas fácil encher a praça?
- Era importante que isso acontecesse. Estou na minha terra, mas acredito que vão vir muitos aficionados de outras zonas do país. É um gesto que quero ter para com os aficionados que gostam de mim.
- Pois, é preciso gostar muito de um toureiro para o ir ver sózinho a tourear seis toiros...
- Estou tranquilo. O público vai corresponder.
- Falou-se que esta corrida de Coruche seria um mano-a-mano entre o teu tio António e Luis Rouxinol, depois foi anunciado que irias tourear seis toiros...
- Pois, acho que inicialmente a empresa tinha pensado nesse mano-a-mano, mas depois esse projecto não se concretizou e contactaram-me desafiando-me para lidar seis toiros e eu aceitei, nem vacilei.
- Tinhas essa sonho?
- Já há dois anos, ainda com o meu querido "Nené", tínhamos pensado em fazer esta corrida na temporada dos meus dez anos de alternativa. No ano passado não se proporcionou, será agora.
- Serão seis toiros de distintos encastes, há os Murubes e os mais complicados. Preparado para todos, João?
- Sim, sinto-me preparado para lidar qualquer encaste. E tenho neste momento uma quadra que mo permite fazer. Vou lidar toiros das ganadarias Palha, Mureira Grave, David Ribeiro Telles, Vale do Sorraia, Passanha e Maria Guiomar Moura, são seis ganadarias das melhores.
- Quem vai ser o cavaleiro sobressalente?
- O meu tio António, que aceitou de bom grado e embora tenha nesta corrida, como qualquer toureiro sobressalente numa "encerrona" de um companheiro, um papel, digamos, secundário, terá sempre, por quem é, pela figura do toureio que é, um papel principal também. Tourearemos um toiro a duo, certamente. E não está também o meu primo Manuel porque nesse dia toureia noutra corrida.
- Nas pegas, vais ter a teu lado os grupos de forcados de Montemor e de Coruche.
- Tenho bons amigos em todos os grupos e claro que gostava que viessem todos, mas como isso não é possível estarão os forcados da terra e os de Montemor, um dos grandes grupos do país e de sempre.
- Em suma, um grande gesto e logo na primeira temporada em que estreias novo apoderado, Ricardo Levesinho. O homem certo na hora certa?
- Sim. Depois da morte do "Nené", optei por não ter apoderado no ano passado, foi o meu tio José Ribeiro da Cunha e o meu pai quem me ajudaram nessa tarefa. Este ano surgiu a oportunidade de me unir a Ricardo Levesinho e considero que é, na verdade, o homem certo que chegou na hora certa.
- E mais projectos para a temporada? Vais tourear muito em Espanha?
- Menos que nos anos anteriores e em melhore condições, isto é, em praças importantes e feiras de prestígio. Começo no próximo dia 26 em Madrid na Feira de Santo Isidro, onde volto a ter a companhia de Rui Fernandes e de João Moura Júnior e depois farei mais algumas feiras de Espanha, talvez um total de dez corridas, não mais.
- Em Portugal estás já anunciado para corridas importantes, como a de 16 de Junho em Santarém, a de 29 em Évora, pelo São Pedro, a de Agosto na Ilha Terceira nas Festas da Praia da Vitória, a dos toiros Murteira Grave no Campo Pequeno...
- Temos um projecto bem delineado, que pode não ultarpassar as vinte corridas, mas são todas em praças boas e com grandes cartéis.
- Em algumas coincides com o teu primo Francisco Palha, que está num grande momento. Vamos ter competição entre primos?
- Sim, em algumas corrida svou tourear com o Francisco. Mas também em muitas com o João Moura Júnior, por exemplo. Penso que vamos ter boas competições.
- Avizinha-se então mais uma grande temporada?
- Acredito que sim, pelo menos tenha essa grande ilusão. Para já, estou centrado nestas duas importantes corridas que estão separadas apenas por uma semana. Dia 26 em Madrid e dia 2 de Junho em Coruche. São dois marcos decisivos na carreira de qualquer toureiro.
Fotos D.R./@João R. Telles