terça-feira, 16 de julho de 2019

Chamusca no coração do debate internacional sobre importância da actividade taurina para os territórios

Chamusca recebeu durante três dias Congresso dedicado à Tauromaquia
Os participantes no Congresso visitaram a centenária praça de toiros da Chamusca
e assistiram a uma tenta
Exposições decorreram nos dias do Congresso, com destaque especial para
a que homenageou Joaquim Bastinhas e Emílio de Jesus, com fotos do saudoso
repórter que recordam a trajectória do popular toureiro


O concelho da Chamusca acolheu, de 11 a 13 de Julho, o Congresso Internacional “Homens e Toiros, Cultura e Desenvolvimento”, organizado em parceria pelo Município da Chamusca, Santa Casa da Misericórdia da Chamusca, Associação das Tertúlias Tauromáquicas de Portugal (ATTP), CIES-IUL, ISCTE-IUL e Instituto Politécnico de Santarém.
O Congresso trouxe à Chamusca investigadores e especialistas portugueses, espanhóis e franceses, que desenvolvem trabalho nas temáticas da tauromaquia, da criação de toiros e na área da sociologia e antropologia. Um dos objectivos, conforme destacou Luís Capucha, presidente da ATTP e investigador do CIES-IUL, foi trazer a abordagem das ciências humanas e sociais para o debate em torno da Festa Brava e da tauromaquia, abordando as diversas implicações culturais, económicas e sociais decorrentes das atividades relacionadas com os toiros.
Na sessão plenária, em que participaram vários autarcas de municípios com actividade taurina, o presidente da Câmara da Chamusca destacou que o toiro e a tauromaquia são parte da identidade destes territórios e são manifestações culturais que merecem o respectivo apoio das autarquias da mesma forma como são apoiadas as associações culturais e desportivas, os grupos de teatro, os grupos etnográficos ou outros que representem a cultura de um município. Paulo Queimado afirmou que a tauromaquia “é uma questão de ADN dos nossos territórios” e recordou que “o toiro faz parte do nosso território, sempre foi uma força de trabalho no campo, ao lado do homem”. “Quando falamos da tauromaquia apenas como as corridas de toiros estamos a minimizar aquela que é um património cultural muito importante para estes territórios”, reforçou o autarca, recordando que a Chamusca declarou a tauromaquia como património cultural imaterial de interesse municipal, à semelhança do que também foi feito pelos municípios de Santarém e Coruche, representados neste congresso.
Célia Ramalho, vereadora da Câmara Municipal de Coruche, autarquia que preside à secção de municípios com actividade taurina na Associação Nacional dos Municípios Portugueses, acrescentou que “a tauromaquia, os toiros, os cavalos e os campinos são parte da identidade regional, são dos primeiros elementos que diferenciam e caraterizam a região do Ribatejo”.
O presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves, apelou à tolerância no tratamento desta temática e recordou que a Festa Brava e a criação de toiros são também actividades de promoção turística dos territórios. Frédéric Pastor, adjunto do Município de Nimes (França), juntou ao debate a importância que a feira taurina tem no seu território e também a adesão aos valores da tauromaquia das crianças e jovens. O mesmo sucede na Chamusca, onde o Município apoia e promove actividades de divulgação e experimentação de actividade ligadas ao toiro e ao cavalo.
Luís Capucha recordou o objectivo maior deste congresso que é de recolher contributos e argumentos para a candidatura da tauromaquia a património cultural nacional, através da submissão de uma proposta de financiamento ao Orçamento Participativo de Portugal. “O registo desta atividade como património cultural será a melhor forma de a blindar contra os ataques de que tem sido alvo”, referiu o presidente da ATTP. O investigador, que neste congresso representou a reitoria do ISCTE, sublinhou que “a tauromaquia é um objeto legítimo de estudo para a ciência que não admite preconceitos”.
Falou-se ainda de direitos dos animais e direitos humanos, a tendência de “humanizar os animais e animalizar dos humanos”, dos ataques à Festa Brava e dos movimentos anti-taurinos, da importância económica da criação de toiros para muitos territórios ibéricos e franceses, da relevância desta actividade para a preservação da biodiversidade e até para o sequestro de carbono (a actividade criação de toiros e toda a envolvente ambiental que a rodeia pode representar um sequestro de carbono entre 14 mil a 48 mil toneladas por hectare por ano).
O médico veterinário e ganadero, Joaquim Grave, destacou que “o toiro é o guardião natural do montado” e José Mira Potes, presidente do Instituto Politécnico de Santarém, afirmou que “o toiro precisa de ser cuidado para dar razão de ser à existência das corridas de toiros”.
No encerramento do Congresso, o presidente da Câmara Municipal da Chamusca apelou a que, numa próxima edição do encontro, se possa avaliar o impacto económico da produção animal e das actividades em torno do toiro.
Ao nível político, foram convidados os vários partidos com assento parlamentar para participarem neste congresso, no painel sobre “A Tauromaquia e a Política”, no qual estiveram presentes as deputadas Maria da Luz Lopes (PS) e Patrícia Fonseca (CDS-PP), e ainda Rui Sousa, candidato pelo distrito de Santarém do partido Aliança às próximas eleições legislativas.

Fotos D.R.