sexta-feira, 26 de maio de 2023

Círculo Tauroleve: Ricardo Levesinho "mano-a-mano" com Rui Fernandes

A Festa precisa de inovação, de coisas diferentes. E a Tauroleve fá-las. Na estreia da programação cultural englobada no Círculo Tauroleve, a empresa inicia com um mano-a-mano informal. mas muito frontal. entre Ricardo Levesinho, representante da Tauroleve e os três artistas que estarão presente na corrida histórica do próximo domingo na Moita do RibatejoNos próximos dias três dias, os cavaleiros Rui Fernandes, Diego Ventura e Paco Velasquez e Ricardo Levesinho falam da corrida do próximo domingo e sobre outros temas. O Círculo arranca hoje com Rui Fernandes, a cumprir esta temporada 25 anos de alternativa, cabeça de cartaz da grande corrida deste domingo na praça "Daniel do Nascimento".


Ricardo Levesinho (RL): Rui um regresso à Moita, praça muito associada à tua história. Como estás a sentir esta corrida?

Rui Fernandes (RF): Com entusiasmo, pois o regresso do Diego Ventura a Portugal e a alternativa de um amigo como é o Paco Velásquez, uma ganadaria de excelência, aliás a da minha alternativa também, e dois grupos de forcados extraordinários e uma data que tem por norma ser difícil encher, oxalá que se torne numa data forte e de referência para o futuro da Moita e da nossa festa.

 

RF: E tu Ricardo? Como estás a sentir esta corrida, pois és apoderado do Paco e conseguiste contratar o Ventura, conta-me.

 

RL: Confesso um entusiasmo enorme. Por um lado, estar na organização de uma corrida fantástica com a tua presença, o regresso do Diego tão esperado a Portugal e a alternativa de um amigo.

 

RL: Vais deixar triunfar o Diego e o Paco? Ahahah...

 

RF: Quando toureamos cremos sempre ser os melhores e esta corrida não irá fugir à regra logicamente.

 

RF: E conta-me como surgiu esta ideia e se foi fácil realizar esta corrida?

 

RL: Dois factores desde logo. Primeiro, o desenvolvimento que o Paco tem tido na sua trajectória merecia um momento fantástico. E confesso que o regresso do Diego estar associado a algo nosso foi por mim muito procurado ao longo dos anos. Rematar o cartel era obrigatório e tinha que ser alguém que o fizesse em grande e o teu nome foi fácil de priorizar.

 

RL: Tens toureado pouco em Portugal. Sei que existe a parte fria dos cachet's mas o que te falta para toureares mais cá?

 

RF: Eu adoro e quero tourear no meu país, mas os empresários que tiveram vontade de contratar-me sempre o conseguiram. Outros fingem que querem-me contatar, mas isso é bastante diferente, Eh eh....

 

RL: A história do fingir existe? Ahaha...

 

RF: Fingir existe, porque aliás tu sabes que sempre que realmente tiveste vontade de me contratar sempre o conseguiste, por vezes nem sempre é o dinheiro que conta, mas sim a categoria da corrida que é apresentada ao meu apoderado, hoje mais que nunca têm que se montar as corridas com muita paixão e profissionalismo, não concordas?

 

RL: Existe falta de profissionalismo em Portugal?

 

RF: Na maioria dos casos sim! 70% não são profissionais e o público e os aficionados merecem sempre o melhor de todos nós, claro que existem empresários, muito poucos, mas que põe paixão e profissionalismo e logo isso se reflecte na bilheteira e no espectáculo.

 

RF: Ricardo, mas ainda não me disseste se concordas ou não comigo, quando falo de profissionalismo e paixão de quem organiza as corridas.

 

RL: Concordo que a tauromaquia é demasiado importante para se brincar. E felizmente existem casos positivos de gestão taurina. Mas confesso que me dói, pelo aficionado que sou e por ser profissional desta actividade, ver atropelos a regras que nunca podiam ser postas em causa.

 

RF:  Então parece que concordas comigo?

 

RL:  Concordo. Existem erros que estão a prejudicar muito. Graças a Deus, os aficionados são fantásticos e continuam a ir a variadas corridas. Claro que é mais que óbvio e visível que, quando as coisas são feitas em categoria, tudo resulta.

 

RF: Aliás deixa-me dar-te já os parabéns por a excelente publicidade que estás a fazer desta corrida, pois onde vivo tenho a oportunidade de ver publicidade, coisa rara de se ver aqui na minha zona e não só, mas o que é certo é que os aficionados, para irem a uma corrida, têm que saber que ela existe.

 

RL: Creio que temos que conseguir criar acontecimentos e depois, obrigatório, dar a conhecer os mesmos. A nossa faceta não é fácil, pois existem muitos desafios pelo meio até atingirmos o que sonhamos e cremos que seja o melhor.

 

RF: Mas, Ricardo, não me interpretes mal, e sei que estamos sempre a aprender, mas não achas que se tem que batalhar muito, e hoje em dia mais que nunca, com a publicidade das corridas? Verifico e sinto que nesta corrida estás a fazê-lo muitíssimo bem, nas próximas corridas tuas irei ter oportunidade de ver o mesmo porque é extraordinário sentir que quando vais a um café, um restaurante ou na rua, os aficionados te perguntam pela corrida.

 

RL: É fundamental que as pessoas tenham conhecimento dos grandes acontecimentos. Hoje a sociedade mudou muito e os célebres cartazes de parede já são só uma parte, porque a comunicação social e redes sociais cada vez são as melhores fontes de comunicar.

 

RF: Sim, mas os cartazes também fazem muitíssima falta. Têm é que arranjar outras soluções pois existem menos paredes e as leis mudaram.

 

RF: Regressando a domingo, em relação aos forcados, foi logo ideia tua ou ainda ponderaste outros grupos de forcados?

 

RL: Confesso que o grupo de Vila Franca, por razões afectivas a mim próprio, gostaria que estivesse presente, mas prevaleceu a lógica da proximidade com dois grupos igualmente muito bons.

 

RF: E a ganadaria? Foi ideia tua?

 

RL: A ganadaria foi de acordo total com os toureiros e com a empresa, porque é uma família fantástica e os resultados dos últimos anos têm sido muito bons com toiros bravos e com classe que proporciona triunfos.

 

RL: Além da Moita e Santarém, e desde já adianto Vila Franca em Outubro, toureias mais em Portugal este ano?

 

RF: Vou tourear no dia 7 de Julho em Paio Pires, uma praça que é muito perto de onde nasci e uma praça com umas condições óptimas para o aficionado e para nós, intervenientes do espectáculo. É uma praça que, por todas as condições que eu referi, oxalá ganhe esta data para todos os anos se repetir, será uma corrida goyesca. Para além desta data, toureio também em Abiul, que é uma praça muito querida para mim e este ano com a particularidade do meu sobrinho também compartir cartel comigo. E, tirando estas corridas, não há mais nada certo, sei que existem conversações com Lisboa, oxalá se concretize essa e outras mais. E fico muito contente de saber que vou a Vila Franca, e mais num ano tão especial para mim, pois foi a praça que fez mudar a minha carreira.

 

RF: Devemos estar a terminar e não queria acabar sem te perguntar por um desejo em relação a esta corrida da Moita. Só um?!

 

RL: Que todos os intervenientes saiam pela porta grande!!

 

RL: E a minha última pergunta. Qual a corrida que mais ambicionaste ou ambicionas na vida?

 

RF: Essa é difícil, pois teria que dizer várias, mas neste momento da minha carreira a alternativa do meu sobrinho Duarte Fernandes em Portugal.

 

RL: Toda a sorte do Mundo Rui!

 

RF: A ti igual!


Foto D.R./Tauroleve