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| Noite memorável ontem na Nazaré, com lotação esgotada. Corrida terminou com ovação fortíssima ao forcado Bernardo Reboredo e ao primeiro ajuda João Abreu, do Grupo de Lisboa |
Fernando José (texto e fotos) - Um curro de toiros Passanha com uma digna apresentação, um cartel de cavaleiros de primeira linha com Luis Rouxinol, Moura Júnior e Marcos Bastinhas, uma espetacular actuação dos dois grupos de forcados, Amadores de Montemor e de Lisboa e uma forte, digna e irrepreensível presença de público, com lotação esgotada desde as cinco da tarde, fizeram ontem da segunda noite de toiros na Nazaré uma corrida para cativar aficionados.
Abriu a contenda o experiente Luís Rouxinol que começou muito bem com um ferro comprido, o segundo ainda foi melhor, na cravagem dos curtos o público já acompanhava com aplausos, estava criado um ambiente fantástico e o cavaleiro de Pegões assinou uma lide com nota alta. Já no seu segundo e quarto da noite as coisas não começaram bem, deixou um ferro comprido deveras descaído, mas depois redimiu-se com a colocação de bons ferros curtos, boas bregas, terminando como manda a tradição com grande um par de bandarilhas.
De Monforte veio João Moura Júnior para mostrar o bom momento que está a atravessar. No seu primeiro toiro esteve muito bem, destacando-se o segundo ferro curto que pôs os aficionados de pé, sempre a escolher bem os terrenos e na brega a assinar com letras da "escola Moura". Terminou a sua actuação com duas "mourinas" sendo a segunda efectuada com um par de bandarilhas. Já na lide do seu segundo toiro, um belo exemplar Passanha de 500 quilos, Moura Júnior motivado executou uma lide sempre em crescendo, cravou bandarilhas curtas muito bem cingidas, terminando com dois espectaculares palmitos que lhe permitiram sair da arena da Nazaré como máximo e consagrado triunfador da noite.
Por sua vez, Marcos Bastinhas no seu primeiro toiro teve uma lide alegre, tem uma boa quadra de cavalos para as várias sortes, esteve bem nos curtos e terminou com dois vistosos “violinos”. O quinto e seu segundo toiro já não lhe facilitou muito a papeleta, destacando-se no final um vistoso par de bandarilhas a lembrar o seu saudoso pai que naquela praça conquistou inúmeros triunfos.
No que tocou às pegas foi caso para dizer que para "bons Passanhas… grandes braços" e foi isso que os dois grupos de forcados cumpriram com cinco pegas à primeira e uma à terceira cheias de espectacularidade.
Pelos Amadores de Montemor, comandados por António Vacas de Carvalho, saltou em primeiro lugar para a arena Miguel Ribeiro, que enfrentou um forte derrote, mas o grupo bem unido fechou bem; tal como José Maria Marques e João Calixto, que andou a "passear" por momentos sózinho nos cornos do toiro. Os rapazes da jaqueta de Montemor regressaram ao Alentejo com "nota máxima" em todos os testes.
Já os Amadores de Lisboa, comandados por Pedro Maria Gomes, alinharam pelo mesmo diapasão e o primeiro foi Tiago Silva a citar muito bem, a reunir com grande eficácia, tudo com uma boa ajuda do grupo. No quarto toiro da noite, o forcado Nuno Fitas começou por dedicar a pega aos Bombeiros Voluntários da Nazaré, homens e mulheres sempre prontos a ajudar quem precisa; o forcado esteve bem a citar, recuou de forma perfeita e fechou-se com valentes braços, pese embora o seu oponente tenha desviado a trajetória, valendo a pronta e eficaz ajuda dos restantes elementos do grupo. A encerrar a noite da forcadagem esteve Bernardo Reboredo, que numa primeira tentativa "ensaiou" um pino completo; já na segunda tentativa o Passanha num ápice levou-o ao segundo andar mais o primeiro ajuda João Abreu, mas à terceira foi de vez e numa pega duríssima o valente forcado quis ficar nos cornos do toiro e com um forte ajuda do grupo pôs o público de pé - que no final exigiu que os dois principais protagonistas fossem ao centro da praça receber os merecidos aplausos.
Para a história fica uma grande corrida de toiros, um bocadinho “fresca”, não estivesse perto da Praia do Norte, com muito boas actuações de todos os intervenientes num ambiente fantástico abrilhantado pela Banda de Olhalvo.
Esta memorável corrida (mais uma grande promoção do genial Rui Bento), uma das que marca sem dúvida a temporada, foi bem dirigida por Ana Pimenta, coadjuvada pelo médico veterinário José Manuel Lourenço. Fica uma palavra de apreço também para o cornetim Álvaro Pequicho - que também alinhou na festa com uma soberba actuação, o público retribui-lhe aplausos.
Uma nota ainda, no início da corrida foi guardado um respeitoso minuto de silêncio em memória dos falecidos Carlos Empis e João Lopes Aleixo, dois históricos forcados do Grupo de Santarém que nos deixaram de forma inesperada nesta triste semana.
A próxima corrida na castiça praça do Sítio da Nazaré está marcada para o dia 4 de Setembro, mas em contacto feito pelo “Farpas” junto de um elemento da organização este adiantou que "neste momento ainda não está nada definido, vamos aguardar mais uns dias".
Mais logo não perca toda a reportagem fotográfica de Fernando José desta inolvidável corrida realizada ontem na praça de toiros da Nazaré.
