A presença de um dos maiores e mais sérios curros de toiros da temporada, os São Martinhos, alguns com pesos exageradamente acima dos 600 quilos e um com 670, a roçar os 700 (!), fazia prever ontem uma noite menos fácil na praça de Tomar, depois de há dois anos toiros da mesma ganadaria ali terem espalhado o terror.
Mas graças a Deus nada disso aconteceu, antes pelo contrário. Os toiros, os forcados, as presenças do Maestro Salvador e do "furacão" Romero (foto de cima) e também o acto de coragem de Filipe Vinhais de se enfrentar com toiros deste calibre sem estar preparado (nem toureado) foram motivos de sobra para justificar a enchente que ontem se verificou em Tomar, tendo-se cumprido todos os requisitos impostos pela DGS e pela IGAC face aos tempos de pandemia que ainda vivemos.
Lamentável, a todos os títulos, o facto de a corrida se ter iniciado com quase uma hora de atraso, depois de Rui Salvador ter verificado que o piso da arena, sobretudo no centro, estava demasiado escorregadio e não garantia a segurança dos artistas.
Antes da corrida, estiveram na praça os toureiros, a direcção de corrida, a empresa e demais pessoal responsável - ninguém deu por isso? Que irresponsabilidade foi esta?... Amadorismo a mais na nossa Festarola...
Levaram cerca de uma hora a arranjar o piso, e ainda por cima ao som de música pimba... O público, que paga o seu bilhete e sustenta o espectáculo, tem que aturar coisas destas? Depois queixem-se dos anti-taurinos...
Depois e ao contrário do que se esperava (graças a Deus!), a corrida decorreu sem incidentes e com êxitos artísticos de Salvador e Romero e grande triunfo dos três grupos de forcados - que demonstraram estar à altura de toiros destes!
Pegaram pelos Amadores do Ribatejo os forcados Dário Silva (à primeira) e Ricardo Guerreiro (à segunda). Pelos de Tomar, que estão a comemorar o seu 65º aniversário, começou o cabo Hélder Parker (um forcado de eleição) por dar o exemplo, pegando ao segundo intento e depois Fábio Sousa à primeira. E pelos Amadores da Azambuja pegaram, ambos à primeira, Rui Mogas e João Gonçalves. Noite grande e histórica para a forcadagem!
No que aos cavaleiros diz respeito, o Maestro Rui Salvador defrontou-se em primeiro lugar com um São Martinho meio distraído, a que impôs toda a sua experiência e maestria; e depois alcançou um êxito notável e "à antiga" no quarto da ordem.
Andrés Romero voltou a afirmar toda a sua arte e toda a sua irreverência, muito bem montado, criando uma vez mais o alvoroço nas bancadas, arrasando nos seus dois toiros - duas lides que o reafirmam como a nova estrela do rejoneio em Portugal.
Filipe Vinhais, a comemorar dez anos de alternativa, resolveu a papeleta no seu primeiro toiro e evidenciou depois no segundo não estar, de facto, preparado nem rodado para desafios como este e com toiros destes.
Dirigiu bem José Soares, assessorado pelo médico veterinário José Luis Cruz, lamentando-se apenas, repetimos, que a corrida se tenha iniciado sem ninguém ter dado antes pelo estado impróprio do piso da arena...
Ao início, guardou-se um minuto de silêncio em memória de Carlos Empis.
Fotos @Andrés Romero e D.R.
