quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Rui Bento põe o dedo em muitas feridas e prevê futuro negro para o Campo Pequeno

Por outras palavras, Rui Bento deixa o aviso à navegação:
qualquer dia, há zero corridas no Campo Pequeno!

Miguel Alvarenga - Era preciso alguém dizê-lo. Mas parecia que ninguém tinha coragem para o fazer. Não é normal que estejamos a chegar ao final de Fevereiro e ainda não haja "fumo branco" quanto às datas e ao número de corridas de toiros que vamos ter esta temporada na Catedral do Campo Pequeno, primeira praça do país - e que começa a ser cada vez menos a "nossa casa", como lhe chamavam.

Veio Rui Bento fazê-lo hoje, do alto da autoridade que lhe conferem catorze anos de experiência como gestor do Campo Pequeno, numa muito lúcida - e também polémica, pelas verdades que diz - entrevista a Patrícia Sardinha, no site "Naturales", cuja primeira parte foi hoje dada à estampa - e é conveniente que todos leiam.

Convidado a comentar o facto de "cada vez se anunciarem menos espectáculos taurinos no Campo Pequeno" e este ano "se dizer por aí que poderão ser só quatro corridas", o antigo gestor, durante catorze anos, da primeira praça do país, põe o dedo em muitas feridas:

"Para mim, só pode ter uma interpretação: é o cumprimento do 'objectivo' da empresa Plateia Colossal, do empresário Álvaro Covões de, em meia dúzia de anos, acabar com a tauromaquia em Lisboa. Estão no bom caminho... e é com tristeza e ironia que o digo".

E acrescenta, criticando também aquilo a que chama "uma atitude de subalternidade" da empresa Ovação e Palmas, de Luis Miguel Pombeiro, em relação aos actuais administradores da praça:

"Mas, levando um pouco mais a fundo a questão, eu pergunto: não acham estranho que, praticamente a chegarmos a Março, não se saiba ainda quantas corridas e em que datas? E como é possível que a empresa Ovação e Palmas, organizadora das corridas de toiros, se acomode, numa atitude de subalternidade em relação aos proprietários da praça? Entendo que não seja fácil, mas estamos a falar da primeira praça do país!".

E questiona, com carradas de razão:

"Que reacções houve da parte das estruturas representativas da classe dos toureiros e dos ganadeiros, para denunciar e tentar corrigir esta situação? E as entidades representativas dos aficionados, designadamente as tertúlias? Quietas e caladas, parece... E finalmente: a ProToiro?".

Já na passada semana, num diálogo (que deu brado!) no grupo dos empresários no WhatsApp, Rui Bento tinha alertado para o facto de "estar a acontecer aquilo que há uns anos tive ocasião de expor a toda a Direcção da ProToiro, numa reunião que aconteceu no escritório do Campo Pequeno... na altura responderam-me que eu estava a dramatizar... hoje em dia o empresário concessionário das corridas do Campo Pequeno, não sabe que datas tem para organizar as corridas nesta praça...".

Fotos M. Alvarenga