domingo, 18 de setembro de 2022

Bronca na Moita: Grave e Levesinho travam-se de razões e toiros da Galeana já não vão a Vila Franca

Não são coisas que engrandeçam propriamente a Festa - mas acontecem, infelizmente. O empresário Ricardo Levesinho e o ganadeiro Joaquim Grave (ambos nas fotos de cima) travaram-se ontem de razões durante a última corrida da Feira da Moita e o resultado foi este: Levesinho retirou da Feira de Outubro em Vila Franca os toiros que tinha contratado da Herdade da Galeana - um para a encerrona de João Salgueiro da Costa (30 de Setembro) e dois para o mano-a-mano de António Telles e Moura Júnior (4 de Outubro).

Os porquês da triste história contam-se em poucas palavras. O sexto toiro da corrida de ontem à noite na Moita, da ganadaria Passanha, segundo do lote do cavaleiro João Telles  saíu à arena com deficiências de locomoção (mais concretamente, a coxear da pata direita dianteira) e o público arreou a bronca. Ricardo Dias, o director de corrida, e o médico veterinário Dr. Carlos Santos preferiram fechar os olhos. O director fez sinal a João Ribeiro Telles para prosseguir, provavelmente convencido de que o toiro se viria a recompor. O público continuou a protestar. Telles foi uma vez ao toiro, mas não cravou o ferro. O público protestava cada vez mais. A bronca estava armada.

O director de corrida e o médico veterinário continuaram impávidos e serenos, como nada se passasse, à espera que Telles toureasse - contra a vontade do público, que exigia a devolução do toiro coxo aos currais. O público é quem mais ordena, mas...  João cravou um primeiro comprido e depois outro. Os protestos aumentaram de tom. Provavelmente, João Telles até imaginou que o toiro ia servir, mas viu que não assim que ele se refugiou em tábuas. E despachou a coisa cravando dois curtos a sesgo, dirigindo-se logo para a porta de saída. Quando se desmontou e regressou à trincheira, o público levantou-se e tributou-lhe uma enorme ovação, assim como quem diz: "Fizeste muitíssimo bem!". A seguir, nova bronca ao director quando mandou tocar para a pega. Houve sorte porque os Amadores da Moita pegaram o toiro logo à primeira e a coisa ficou despachada.

Seguiram-se acaloradas conversações entre tábuas de João Telles e Levesinho, empresário da praça e também seu apoderado. As mexidas na trincheira deram para entender que ambos haviam tomado a decisão de o cavaleiro lidar em último lugar o toiro sobrero. Este estava (semi) ligado e pegado, nada obrigava a brindar o respeitável público com a oferta do toiro sobrero. Mas tanto Levesinho como Telles faziam questão de salvar a honra do convento e não deixar o público sair da "Daniel do Nascimento" insatisfeito. Mas...

Ontem lidavam-se a cavalo toiros da ganadaria Passanha e a pé de Murteira Grave. Um dos toiros de Passanha inutilizara-se nos currais e o primeiro que saíu à praça para o Maestro João Salgueiro era o sobrero. Não havia mais nenhum da ganadaria Passanha. Ou seja, o sobrero disponível era de Murteira Grave. E o ganadeiro não autorizou a Levesinho que o mesmo fosse lidado...

Da trincheira para a barreira, onde estava Joaquim Grave, a discussão azedou, diz-se que até mesmo com ameaços do ganadeiro ao empresário...

Moral a história (ou imoral da história...): Grave não autorizou mesmo que o seu toiro saísse como sobrero. Terá as suas razões. Levesinho ameaçou que, sendo assim, retirava da Feira de Vila Franca os toiros de Murteira Grave que estava anunciados em duas corridas. E fê-lo. Já não vão Graves à "Palha Blanco"...

Fotos M. Alvarenga

O sexto toiro, de Passanha, saíu à arena com deficiências
notórias de locomoção (coxo, mais propriamente dito) e o
público arreou a bronca...
... mas tanto o médico veterinário Dr. Carlos Santos, como
o director Ricardo Dias fecharam os olhos e a lide iniciou-se
debaixo de grande bronca do público...
João Telles cravou quatro ferros e saíu de cena. Quando entrou
na trincheira, o público levantou-se e deu-lhe uma fortíssima
ovação, continuando depois a protestar contra o director de
corrida e o médico veterinário por não terem mandado recolher
o toiro coxo...

Seguiu-se entre tábuas uma acalorada "reunião" entre Telles
e o seu apoderado Levesinho, empresário da praça. Decidiram
que sairia o sobrero no final... mas o ganadeiro não deixou...