quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Se os outros calam, contamos nós!

Houve muita agitação, ontem, na segunda edição da reunião magna dos senhores empresários - a Assembleia-Geral da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, realizada ontem em Azambuja, na Poisada do Campino, para discutir os casos mais quentes que ficaram adiados da outra reunião efectuada uma semana antes no Hotel Lezíria Parque em Vila Franca.

Os aumentos de cachet’s exigidos por toureiros e forcados, através de reivindicações apresentadas pelas suas respectivas associações, não foram aceites pelos empresários. Paulo Pessoa de Carvalho, presidente da APET, já considerou (em declarações prestadas esta tarde ao “Farpas”) que se tratou de “imposições” e que a associação dos empresários assumiu uma “posição muito razoável” ao não as aceitar. Mas não fechou a porta. Continua aberta a negociações. Podem, por isso, seguir-se reuniões com as associações de toureiros e de forcados.


Os forcados exigem um aumento (muito) significativo dos seus cachet’s - e os empresários não concordam. Não tenho absolutamente nada contra essa reivindicação ou exigência dos forcados. Antes pelo contrário. Durante muitos anos, muitos mesmo, foram Amadores, sendo os que menos recebiam nas corridas (apenas o dinheiro para o jantar e muitas vezes nem chegava), apesar de serem os que mais gente levam às praças. E os únicos que enfrentam o toiro a corpo limpo, sem bandarilhas e sem capotes ou muletas…

Pelo que fazem e pelo que significam, merecem ser bem pagos - totalmente de acordo. Mas então, que não haja hipocrisia e não se continuem a anunciar como Amadores… Tenham a coragem, a mesma que têm quando batem as palmas a um toiro, de se anunciarem como Profissionais. Que isso do amadorismo, pelos vistos, já foi chão que deu uvinhas…

Também a ProToiro fica a arder com o não aumento dos descontos empresariais que pretendia. Menos simpática é a decisão da APET de desobrigar os empresários de oferecer 25 convites a cada grupo de forcados contratado, uma simpatia que vigorava há alguns anos…

Muito notada ontem a ausência de Margarida Calqueiro, detentora oficial da nova empresa de Rafael Vilhais, que deu a cara por Joaquim Grave e será oficialmente a promotora do festival de 1 de Fevereiro em Mourão - cujo cartaz oficial não há meio de conhecer a luz do dia…


Os empresários estão contra estas manobras de contornar a lei, como a que foi feita em Mourão, onde Joaquim Grave está castigado pela IGAC e não pode promover espectáculos no prazo de um ano por ter realizado o festival de 2024 sem autoridade policial, mas, mesmo assim, dá na mesma o festival… mas em nome da empresa de Margarida. Não fosse Joaquim Grave o empresário envolvido nesta trapalhada e de certo já a APET tinha caído em cima do visado, mas assim… nem os velhos dos Marretas protestam...

Mas a maior animação da Assembleia-Geral de ontem em terras de Azambuja teve a ver com António Nunes, que muito embora já não promova touradas há muitos anos, é actualmente um dos empresários mais antigos do país com a sua empresa Aficcion


Apoderado (agora ex) do matador “Juanito”, Nunes disse sempre que este ano o toureiro só participaria numa corrida em Portugal, no Campo Pequeno (muito embora o empresário Pombeiro nunca tivesse feito eco dessa afirmação…), mas ontem foi confrontado por vários empresários - entre os quais Samuel Silva (Toiros com Arte), Luis Pires dos Santos (Nave de Haver) e Bernardo Alexandre (novo empresário de Vila Franca) - com o facto de o pai de “Juanito”, o bandarilheiro Hugo Silva, já os ter contactado no sentido de negociar possíveis contratações do filho…

“Fiz figura de parvo no meio dos empresários… Então eu sou o apoderado do toureiro e o pai do toureiro anda a negociar contratos nas minhas costas?…” - disse António Nunes, alto e em bom som, para que ninguém deixasse de o ouvir. Saíu da sala, voltou a entrar e disse: “Pronto, está tudo acabado”.

Nunes acabara de comunicar ao “Farpas” o final do apoderamento de “Juanito”. Pouco depois, os empresários estavam todos agarrados aos telemóveis a ler o “Farpas”


“Juanito” soube pelo “Farpas” que deixava de ser apoderado por António Nunes. Que só esta manhã falou com ele, comunicando que a decisão está tomada e que não volta atrás…

Para trás ficou um trabalho de casa muito bem elaborado por António Nunes, que passou pela projecção da imagem do toureiro em revistas sociais e canais televisivos, em sites espanhóis e em eventos públicos onde “Juanito” tomou parte, caso do Jantar de Natal da revista “Lux”, para o qual não era hábito serem convidados artistas do mundo tauromáquico.

“Juanito” enfrenta agora um novo impasse - está outra vez sem apoderado, depois de se ter separado do espanhol Joaquín Domínguez e depois de ter ficado agora sem aquele que lhe sucedera, António Nunes. Sobretudo num momento em que soa por aí que Nunes pode vir a assumir um papel importantíssimo numa das principais empresas taurinas do mundo (o segredo é a alma do negócio, tenham calma…).


O apoderamento fora assumido em Novembro do ano passado numa reunião em Madrid (foto de cima), mas não chegou a dar frutos nenhuns. A muito falada corrida mista em Lisboa nunca foi assumida ou sequer anunciada pelo empresário Luis Miguel Pombeiro e na vizinha Espanha o toureiro também não estava ainda anunciado em corrida alguma. Só esta semana foi tornado público que “Juanito” seria um dos 18 matadores que vão disputar a Copa Chenel, um certame destinado a toureiros da segunda e terceira divisão…


Pombeiro é um dos maiores beneficiados, se assim se pode dizer, deste divórcio de Nunes e “Juanito”. É, pelo menos, o mais sortudo... Vê-se livre de um compromisso e fica sem a obrigação de tentar ultrapassar uma situação que não estava a ser nada fácil: a da inclusão de uma corrida mista entre as quatro da temporada lisboeta. Por um lado, tinha Nunes a pressioná-lo para contratar “Juanito”. Por outro lado, tinha o seu novo parceiro José Maria Charraz a fechar a porta a qualquer toureiro apoderado por Nunes, dada a frieza do (não) relacionamento com o antigo amigo… Moral da história: Pombeiro respirou de alívio. Ufa!…

Pombeiro ficara de “contar tudo” - as novidades… e não são assim tão poucas… - depois de 15 de Janeiro, mas afinal continua em silêncio. Não anunciou ainda oficialmente a nova parceria com Charraz, nem anunciou o fim da parceria com Samuel Silva e Jorge Dias. Quanto aos projectos para as quatro corridas do Campo Pequeno, o silêncio é ainda maior. Pombeiro diz que ainda é muito cedo para estar a levantar o véu sobre elencos de uma temporada que só arranca em Julho. Mas a realidade é que as coisas também ainda estão muito nubladas


Certa parece estar só a corrida de gala à antiga portuguesa em Setembro (dia 5) com seis cavaleiros e a comemoração dos 45 anos de alternativa do Maestro Paulo Caetano. Incerta (e parece que cada vez mais...) continua a estar a corrida da alternativa de Duarte Fernandes e o regresso de Ventura a Lisboa… Pelos vistos, ainda não é desta que Ventura volta a beijar o solo da arena da praça da cidade que o viu nascer...


Samuel Silva e Jorge Dias parecem este ano mais motivados que na temporada passada. Há mesmo quem opine que estão decididos a “fazer guerra” ao Campo Pequeno... depois de Pombeiro ter arranjado um novo parceiro. O primeiro sinal foi o anúncio da contratação de Ventura para 12 de Abril no Montijo, que será um mano-a-mano com Duarte Fernandes (ainda não confirmado oficialmente) e, de alguma forma, retira força à projectada corrida que Pombeiro idealizava para Agosto em Lisboa


Para o mês de Junho, a Toiros com Arte queria trazer Marco Pérez ao Montijo, já com a alternativa de matador de toiros. Mas parece que a coisa não está fácil…

Em Coruche, em Portalegre e na Chamusca, Samuel e Jorge estão também a preparar grandes cartéis. “Juanito” pode mesmo ser a cartada para a corrida mista de quinta-feira da Ascensão na Chamusca


Rui Bento, por seu turno, vai ter que dar corda aos sapatos e montar um grande cartel para Domingo de Ramos, 13 de Abril, em Almeirim, depois de a Toiros com Arte ter anunciado Ventura na véspera no Montijo. Há a hipótese de Almeirim ser palco de uma corrida mista com uma primeiríssima figura de Espanha

Também na Nazaré, Rui Bento pode este ano abrir a temporada (19 de Julho) com uma grande corrida mista. E também na Figueira da Foz pode haver uma corrida com matadores. 

Borja Jiménez será certamente uma das figuras que Rui Bento vai (voltar a) trazer esta temporada a uma das suas praças. Diz-se também que Cayetano Rivera Ordoñez pode marcar presença numa delas para se despedir em Portugal


Tomás Bastos não está (nem estará) no cartel da corrida mista do Colete Encarnado em Vila Franca. Esta semana, o “Farpas” anunciou que o matador francês Sebastián Castella será a escolha do novo empresário da “Palha Blanco” para essa tradicional corrida, actuando como único espada ao lado dos cavaleiros (são sempre os mesmos nesta data na “Palha Blanco”?…) João Telles e Francisco Palha. Pouco depois, o site “Touro e Ouro” quis mostrar que sabia mais e anunciou que com Castella actuaria também o novilheiro Tomás Bastos… Mas a notícia verdadeira é a nossa. Tomás Bastos não toureia no Colete Encarnado na “Palha Blanco”

Cristina Sánchez e José Alexandre, apoderados da nova estrela do toureio português, têm, como tem sido habitual, a preocupação de não saturar nem vulgarizar a presença de Tomás Bastos na temporada portuguesa. Sabem que a nossa geografia taurina está incluída num raio de acção muito pequeno e, por isso, optaram por a presença do jovem toureiro em Vila Franca ser só na Feira de Outubro.

Além disso, Tomás Bastos poderá marcar presença em mais duas ou três corridas durante este ano em Portugal, sendo que essas presenças, na óptima dos empresários (certíssima, diga-se de passagem), deverão estar sempre compensadas pela distância geográfica das praças e das suas respectivas datas.


Uma das praças onde Tomás Bastos vai estar este ano, pela primeira vez, é a de Abiul, na corrida mista da Feira do Bodo. Falou-se da possível presença do espanhol “El Fandi”, mas não. A corrida mista deste ano (Agosto) vai ter em cartel o novo matador português Diogo Peseiro (foto de cima) e o novilheiro Tomás Bastos, ambos extraordinários bandarilheiros. A cavalo, podem rematar o cartel Rui e Duarte Fernandes.


A Associação Sector 9 vai apresentar este sábado em Santarém os cartéis de 2025 na Monumental “Celestino Graça”. O primeiro já é do conhecimento público: João Moura Jr. enfrenta seis toiros de distintas ganadarias (que serão anunciadas no sábado) e nas pegas deverão estar os grupos de Santarém e Montemor

Na Feira do Ribatejo, em Junho, teremos um cartel de seis cavaleiros no dia 7, a Corrida da CAP, para celebrar os 110 anos dos Forcados Amadores de Santarém, com seis toiros da ganadaria Palha. Sabemos que Moura Caetano e Marcos Bastinhas declinaram, cada um por sua razão, os convites para entrar nesse cartel. Podem estar Salgueiro da CostaMiguel Moura, Luis Rouxinol JúniorJoaquim Brito Paes, António Telles filho e seu primo Tristão Telles Queiroz e mais dois.

No Dia de Portugal, toureia José Maria Manzanares (faltando saber que toiros vem enfrentar…) e a cavalo, João Telles e Francisco Palha. Pegam os Amadores de Santarém e outro grupo. E não está afastada a hipótese de ainda entrar no elenco um matador ou um novilheiro português…

Ainda Vila Franca: não está confirmado para 4 de Maio o cartel que aqui avançámos como primeiro da temporada na “Palha Blanco”. Será um concurso de ganadarias, falou-se na presença dos cavaleiros Miguel Moura, Rouxinol Jr. e António Telles filho, mas parece que só Rouxinol está confirmado… 

Por hoje é tudo. Mas há mais histórias a rebentar…

Fotos M. Alvarenga e D.R.