sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Pedrito reapareceu nas Caldas: quem sabe, não esquece!

Manuel Caetano (texto e fotos) - Caldas da Rainha, 15 de Agosto, feriado nacional, o dia mais taurino do ano. Praça lotada, mesmo com um calor a pedir praia. Ambiente fantástico. Corrida de comemoração do centenário de Manuel dos Santos (*quem foi Manuel dos Santos?) e VI Corrida do "Coparias".

Maiores pontos de interesse: o reaparecimento de Pedro Alexandre Roque Silva, Pedrito de Portugal, actualmente com 50 anos de idade; e a prova para cavaleiro praticante do amador Vasco Veiga. Participam ainda no festejo os consagrados João Ribeiro Telles e Francisco Palha. Pegam nesta tradicional corrida o GFA de Santarém, que este ano comemora 110 anos de existência e que é superiormente capitaneado por Francisco Graciosa e o GFA das Caldas da Rainha a "jogar" em casa, cujo o cabo é Duarte Manoel. O curro de toiros com pesos a rondar os 500 quilos é da prestigiada ganadaria de Manuel Veiga que pasta nas Talasnas, distrito de Santarém. Dirige o espectáculo a delegada Ana Pimenta, coadjuvada por José Luis Cruz, médico veterinário, no cornetim o ilustre José Henriques

O espectáculo começou com um minuto silêncio por Manuel dos Santos e Mariana Palha

João Telles abriu praça com uma exibição muito positiva, a roçar a perfeição. Pegou à primeira o forcado Francisco Cabaço com uma pega excelente. 

Francisco Palha andou regular e cumpriu no seu primeiro. Pegou pelo GFA das Caldas da Rainha o forcado Martim de Sousa à quinta tentativa. 

Pedrito de Portugal reapareceu com um toiro de 460 quilos que não lhe deu qualquer hipótese de brilhar, não investia, nem andava e teve de abreviar a lide. 

Vasco Veiga já pode encomendar a casaca, prestou prova de praticante com um toiro reservado, mas que permitiu bons apontamentos e um lide muito alegre. É um cavaleiro muito empático e chega naturalmente ao público. Pegou à primeira Caetano Gallego pelos escalabitanos numa pega espectacular. O Grupo de Santarém atravessa uma grande forma e é nesta altura um compêndio da arte de bem pegar toiros. 

O segundo toiro de João Telles parecia excelente mas inutilizou-se na mão esquerda e teve de ser recolhido. Por não estar preparado o sobrero, a corrida seguiu com Francisco Palha que, embora esforçado, não teve oponente para brilhar e cumpriu bem com a tarefa. Pegou pelos da casa Salvador Serrano à primeira numa excelente prestação que compensou a exibição menos conseguida ao seu primeiro da tarde. 

No penúltimo da tarde, João Ribeiro Telles voltou a brilhar e levantar o público com o "Ilusionista". À quarta tentativa pegou Joaquim Grave numa pega em que o piso não ajudou, tendo o dinástico forcado escorregado por duas vezes no momento da reunião. 

Pedrito de Portugal encerrou com brio e arte a tarde nas Caldas, de realçar duas séries de naturais que justificaram só por si a sua reaparição. Quem sabe não esquece! 

Os toiros de Manuel Veiga cumpriram na generalidade. Para terminar uma referência especial para a Banda das Caldas da Rainha, que com um repertório variado animou as bancadas e o público entusiasta.

Vasco Veiga fez excelente prova para cavaleiro praticante

Última faena de Pedrito valeu a reaparição

*Foi um toureiro de enorme prestígio mundial, figurando entre os primeiros nomes do seu tempo. Na Golegã, com Mestre Patrício Cecílio, começou a sua aprendizagem, orgulhando o seu professor que o fez iniciar as primeiras lides taurinas tomando a alternativa de bandarilheiro, na praça do Campo Pequeno, em Lisboa, numa corrida noturna, que se realizou em 26 de Julho de 1944, das mãos da velha glória, Alfredo dos Santos, que lhe cedeu a lide de um toiro da ganadaria de Alcácer do Sal, de Joaquim Mendes Núncio, também oriundo da Golegã. Depois desta primeira temporada, e da seguinte como bandarilheiro, encetou uma carreira de novilheiro, em que competindo com Diamantino Viseu, construíram uma histórica dupla que ofereceu a mais esplendorosa época de toureio a pé desempenhada por portugueses. Foi notável a sua carreira de novilheiro, em Espanha, onde fez a sua estreia na praça de Badajoz, na tarde de 26 de Junho de 1947. Nesse mesmo ano, a 14 de Dezembro, recebeu a alternativa como matador de toiros, na Praça "El Toreo", na cidade do México, das mãos do famoso Fermín Espinosa , mais conhecido por "Armillita". Colhido quase mortalmente pelo toiro com que se estreou, renunciou a essa alternativa e voltou a recebê-la em 15 de Agosto de 1948, na Real Maestranza de Sevilha, tendo dessa vez como padrinho Manuel Jimenez "Chicuelo". A partir dessa data, a sua carreira foi toda ela recheada de triunfos e algumas colhidas graves, das quais sempre se recuperou. Conhecido como figura importante em todo o mundo taurino, retirou-se em 18 de Outubro de 1953, numa memorável corrida, realizada na praça do Campo Pequeno, em Lisboa. Depois tornou-se empresário tauromáquico, na praça de Algés, atividade que desempenhou em 1955 a 1959. Em 1960 voltaria às arenas, reaparecendo numa corrida no México, em 26 de Fevereiro, e em Portugal, em 26 de Junho, no Montijo. Retirou-se definitivamente em 1964. Morreu tragicamente num acidente de viação, em 18 de Fevereiro de 1973, quando se deslocava para a sua Quinta de Guadalupe, na Golegã, após uma visita à sua ganadaria. (in site Município da Golegã)