sexta-feira, 13 de agosto de 2010
E pronto, tudo ficou como estava...
Miguel Alvarenga - E pronto, ficou tudo como estava, ninguém se chateou, não houve alterações a fazer no cartel e o espectáculo de ontem no Campo Pequeno decorreu tal qual estava anunciado.
A Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) contornou habilmente a questão, transformando em "festival" o que antes fora enganosamente anunciado como "novilhada popular".
E ninguém deu por isso, porque ao contrário do que implica num festival, os toureiros foram autorizados - excepcionalmente - a vestir os trajes de luces. Acho bem. Escusava de se retirar esse brilhantismo à noite.
Por mim, acho tudo bem. Considero não ter lógica a lei regulamentar que obriga à inclusão de um cavaleiro de alternativa num espectáculo que se designa de promoção aos novos. Concordo em absoluto com o elenco do cartel de ontem em Lisboa. Mas se a lei existe - é para ser cumprida e respeitada. Ou estou enganado? Já nada me admira neste país...
Apesar de advertida pela IGAC uma semana antes, a empresa do Campo Pequeno anunciou um espectáculo ilegal. Confrontada depois com isso - se não fosse o "Farpas Blogue" a dizê-lo, a coisa tinha passado totalmente despercebida - contornou a situação de acordo com a IGAC e manteve tudo como estava...
Há algumas lições e ilacções a retirar de tudo isto, sobretudo depois de o empresário da Moita, António Manuel Cardoso "Nené" (agora fica calado que nem um rato?) ter sido obrigado pela mesma (ou era outra?) IGAC a modificar o cartel da novilhada de Maio, pelos mesmíssimos motivos que agora se verificaram no C. Pequeno.
Pergunta-se então: o que acontece nas outras praças merece a intervenção da IGAC e o que acontece no Campo Pequeno, por ser o Campo Pequeno, não merece a mesma intervenção da mesma IGAC? O escândalo está aqui: a Inspecção-Geral tem, pelos vistos, dois pesos e duas medidas. O que é absolutamente grave e intolerável.
Outra questão pertinente: o "Farpas Blogue" foi o único orgão de comunicação social taurina (e não só) a levantar e a noticiar esta questão - de justificado interesse jornalístico. Todos os outros silenciaram o assunto - com destaque para os moçoilos dos sites que, pelos vistos, não arriscam tocar nem ao de leve num caso que possa beliscar os senhores todos-poderosos do Campo Pequeno, não vá serem chamados à perna e ficar sem os preciosos cartõezinhos que dão acesso de borla ao tauródromo e, nalguns casos, à trincheira.
Uma vez mais, os escribazinhos provaram que existem para nada. Servem apenas para anunciar, em dia de tourada, quanto pesam os bois. Mais nada. É pena.