terça-feira, 10 de agosto de 2010

Manuel Jacinto e Miguel Alvarenga: amigos como dantes, como sempre!


O director de corridas e antigo bandarilheiro (40 anos de carreira profissional nas arenas) Manuel Jacinto e o director do jornal "Farpas", Miguel Alvarenga, incompatibilizados há dez anos, sentaram-se ontem à noite novamente à mesa e fumaram por fim o "cachimbo da paz" - como se impunha! - apadrinhados por um amigo comum: Paco Duarte.
O jantar decorreu na cervejaria lisboeta "Chilgamba" e foi selado logo a abrir com um forte e comovido abraço entre os dois amigos desavindos.
A desavença vinha do ano 2000, de uma corrida de toiros realizada na Moita e o motivo da querela - que motivou mesmo uma prolongada "batalha" nos tribunais - teve a ver com uma notícia publicada no jornal "Farpas", ao tempo, da qual o director de corridas saira injuriado.
Já há uns anos, em Editorial no jornal, Alvarenga pedira públicas desculpas a Manuel Jacinto, reconhecendo que "fora mal informado pelas suas fontes" e que "agira mal" - o que ontem reafirmou, cara-a-cara, ao antigo amigo.
"Fui estúpido, confesso e reconheço, levado por fontes mal intencionadas e não agi bem em relação a um homem que era meu amigo há muitos anos. A primeira vez que toureei no Campo Pequeno, em 1976, numa garraiada do CDS (que encheu a praça!), Manuel Jacinto foi meu bandarilheiro, assim como João Inácio e o saudoso José Agostinho dos Santos. E foi Manuel Jacinto quem me emprestou os capotes, a muleta e o estoque que utilizei nesse espectáculo. Este desavença incomodou-me ao longo dos últimos dez anos, não propriamente pelos processos em tribunal, mas sobretudo pelo facto de se tratar de uma longa amizade que estava com a porta fechada. Incomodava-me imenso passar ao lado de Manuel Jacinto e não lhe falar" - desabafou o jornalista.
Também Manuel Jacinto confessou que "não se sentia bem com a situação", recordando que, apesar de tudo e a nível profissional, nunca deixou de considerar o director do "Farpas" e os seus jornalistas. E recordou: "Ainda no ano passado, sendo eu director de corrida numa praça, soube que o Miguel não tinha senha de trincheira e mandei entregar-lhe uma, por um amigo comum".
Ontem mesmo, Manuel Jacinto ofereceu a Miguel Alvarenga dois cartazes emoldurados de duas garraiadas em que o director do "Farpas" toureou nos anos 70 (a referida do CDS em Lisboa) e 80 (garraiada monárquica na desaparecida Monumental de Cascais).
"Esta vida são dois dias e é triste dois amigos de longa data andarem de candeias às avessas. Ontem dormi melhor e hoje sinto-me mais feliz por ter feito finalmente as pazes com um homem que sempre respeitei e a que, por ter ido atrás de fontes mal intencionadas, repito, desrespeitei há dez anos. Mas o que passou, passou, o importante é que a amizade voltou a existir, aliás, nunca desaparecera, digamos que estava estupidamente congelada e por minha exclusiva culpa" - confessa Miguel Alvarenga.
Os dois amigos despediram-se ontem à noite com outro abraço, gratos pela intervenção de Paco Duarte, que proporcionou o reencontro. Manuel Jacinto deu entretanto ordens ao seu advogado para apresentar desistência do processo que ainda decorria nos tribunais.

Foto D.R.