sexta-feira, 13 de abril de 2012

C. Pequeno: Palhas são "outra loiça" e Rouxinol marca a diferença


Miguel Alvarenga - Luis Rouxinol marcou a diferença e sagrou-se triunfador maior da corrida de abertura da temporada no Campo Pequeno. O "sempre bem" esteve acima disso, sobretudo no seu segundo toiro, quinto da ordem, um magnífico exemplar da centenária ganadaria Palha, gerida por João Folque, a que rubricou uma lide verdadeiramente notával, premiada com duas merecidas voltas à arena.
Até ao intervalo, Rouxinol era já o grande triunfador da noite, confirmando o "título" na segunda parte. Apesar de ser "um filme sempre igual", visto e revisto, a verdade é que se não fosse a sua exuberância, a sua arte e a sua verdade, esta primeira noite da temporada lisboeta tinha ficado com pouca história para contar.
Exceptuando o quarto, que coube "em azar" ao Maestro Moura, manso perdido e, por isso, complicado, os toiros de Palha marcaram a emoção - e também a diferença. Toiros destes são "outra loiça" e exigem também outro empenho por parte dos lidadores. Numa época exageradamente marcada por "facilidades", quando surgem toiros destes, há coisas que se "descompõem" por completo...
Muito aquém do seu melhor, João Moura teve uma passagem vulgar pelo Campo Pequeno. Meio irregular no primeiro, apesar de bons momentos rubricados com os cavalos "Merlin" e "Mancha Branca", nada conseguiu fazer frente ao manso que lidou na segunda parte.
Rui Fernandes, como o próprio reconheceu na entrevista televisiva, assinou primeiro uma actuação de altos e baixos, recompondo-se depois no último toiro da noite, com uma lide de muito melhor nota.
Também não foi fácil para os forcados a tarefa de enfrentar os duros toiros de Palha. Destaque para três grandes pegas: a de Pedro Maria Gomes, cabo dos Amadores de Lisboa, ao primeiro intento; a de João Torres Vaz Freire, dos Amadores de Santarém, ao segundo intento; e a de João Góis (Santarém), à primeira, ao belíssimo toiro lidado por Rouxinol. Por Santarém pegou também João Brito (à primeira) e por Lisboa foram ainda caras o ex-cabo de Évora, Bernardo Patinhas (à terceira, pega feita ao quarto toiro da noite, o manso) e João Lucas, que se fechou à primeira a dobrar Pedro dos Santos, lesionado após duas tentativas falhadas.
Em termos de público, a praça não registou a enchente que se esperava, mas também não foi o fracasso que alguns "velhos do Restelo" agoiravam. Três quartos das bancadas preenchidos à vista. Apesar da comodidade de se poder ver a corrida em casa, pela televisão.
Pedro Reinhardt dirigiu competentemente esta corrida de abertura da temporada no Campo Pequeno - um espectáculo sobretudo marcado pela emoção e pela transmissão dos toiros Palha, mas também pelo fantástico momento de forma do cavaleiro Luis Rouxinol, a iniciar em Lisboa com chave de ouro a temporada em que comemora 25 anos de alternativa.
Um grupo de deputados assistiu à corrida a convite da empresa e da Federação "Prótoiro". Lamentavelmente, nenhum cavaleiro se lembrou de lhes brindar uma lide. Apenas o fez o forcado Vaz Freire, do Grupo de Santarém.
Não perca, amanhã, a reportagem fotográfica de Emílio.

Foto Emílio/Arquivo