sexta-feira, 13 de abril de 2012

Campo Pequeno, ontem: o MAIS e o MENOS!



O Mais

- Apesar do mau tempo (que tanto faz para uma praça coberta, mas sempre "convida" o pessoal a ficar em casa), apesar da transmissão televisiva (que ainda "convida" mais...) e apesar das poucas soluções actualmente existentes para encontrar imaginação e montar um cartaz diferente (sabia-se, à partida, que com os três cavaleiros em praça íamos ver "mais do mesmo" e o público quer coisas novas), a verdade é que o público compareceu em força na praça. Não encheu, mas estava muito bem composta. Em tempo de crise, sabe-se que a presença dos toiros Palha ajudaram. Mas também teve força o facto de o Campo Pequeno continuar na moda e o trabalho de Rui Bento (e do seu staff) ter ganho em sete anos a confiança dos aficionados. Honra lhes seja feita!

- Brilhante, como sempre, a brega, o saber e a maestria de João Moura frente ao toiro que abriu praça. O seu segundo "não tinha um passe", mas podia ter-se passado qualquer coisa mais, não podia, João?...

- A garra e o querer de Rui Fernandes, um toureiro que se impõs definitivamente na temporada passada.   Não começou da melhor forma em Lisboa. Mas recompôs-se no último toiro. Não era fácil, depois do triunfo fortíssimo de Rouxinol. Mas Rui soube mostrar que estava ali. E esteve.

- De Rouxinol já se disse e já se escreveu tudo. Ontem esteve enorme - e está outra vez tudo dito.

- O Grupo de Forcados de Santarém mostrou uma vez mais por que é dos primeiros há quase cem anos. Enorme a pega de João Vaz Freire, técnicamente impecável a de João Góis, perfeita a primeira, de João Brito, forcado do ano em 2011 no Campo Pequeno. Bem o grupo na generalidade.

- No Grupo de Lisboa, a honra do convento foi salva pelo cabo Pedro Maria Gomes. Grande pega.

- Os Palhas são o que são. E talvez por serem o que são raramente são lidados em Portugal. São toiros que "descompõem" e que "pedem" Toureiros com T maiúsculo. Na primeira parte da corrida, estiveram "por cima" dos toureiros - é um facto. Mas a Festa precisa de corridas assim. Já chega de tanta "facilidade".

- A presença dos deputados no camarote honrou e dignificou a Tauromaquia. Também a presença de Elísio Summavielle, numa barreira, voltou a ser a prova da afición de um político que mesmo depois de deixar de ter um cargo governamental, não deixou de demonstrar publicamente e sem complexos a sua paixão pela Festa de Toiros. Mostrando assim que, ao contrário de outros, não se "fez aficionado" para tirar dividendos políticos e eleitoralistas no tempo em que assumiu, com rara dignidade, o cargo de secretário de Estado da Cultura.

O Menos

- "Acabei de ver a corrida. Lamentavelmente, não vi a mesma que os comentadores. Na minha opinião é confrangedor... tanta asneira e tanta falta de isenção. Na próxima, tenho que cortar o som, para a conseguir ver em questão" - a crítica, pertinente e corajosa, é de Joaquim Murteira Correia, antiga glória dos Forcados de Montemor, do alto da sua sabedoria e isenção, postada ontem na sua página da rede "Facebook", a que se segue uma valente série de desabafos de aficionados, em nada abonatórios para os comentários do Dr. Vasco Lucas e de José Cáceres...

- Lamentável que só um forcado, precisamente o valente Vaz Freire, de Santarém, se tenha lembrado de brindar à comitiva de deputados que assistiu à corrida. Os cavaleiros, pura e simplesmente, ignoraram-nos... Foi feio.

- Lamentável que a empresa tenha tido a ousadia de anunciar aos microfones, no final da segunda lide de Rouxinol e quando faltava ainda Rui Fernandes actuar (preparava-se para entrar em praça), que o cavaleiro de Pegões, por ter sido o grande triunfador da noite (faltava actuar um...), seria repetido no cartel de 7 de Junho, ao lado de Rui Salvador e Duarte Pinto. Ou o fazia no fim, ou deixava para hoje esse anúncio, em comunicado. Mas fazê-lo quando o último cavaleiro ainda se preparava para tourear o último toiro, foi precipitação e falta de bom senso. Foi desagradável. Eu, se fosse ao Rui Fernandes, tinha-os mandado dar uma volta ao bilhar grande e anunciava que, sendo assim, já não estava ali a fazer nada. Cavalos para a camioneta e vamos embora!...

- Lamentável a forma como o forcado João Lucas emendou, no último toiro da noite, o lesionado Pedro dos Santos, com uma pega à meia volta... no Campo Pequeno e a honrar a jaqueta de um grupo tão prestigiado como o de Lisboa, isso não se pode fazer...

- Lamentável que, por muito desiludido que estivesse, o Maestro Moura largasse perante as câmaras da televisão a suspeita de que o seu segundo Palha "parecia já estar toureado"... O ganadeiro João Folque, certamente informado, respondeu-lhe depois à letra: pois é, "mas os grandes toureiros também têm que saber tourear os toiros mansos"... Escusava de o ter ouvido.

Foto Emílio