terça-feira, 3 de abril de 2012

Se os outros calam, contamos nós!

Já cheira mal tanta "Festa dos Forcados"... Não andam empresários a angariar euros
à custa da exploração da imagem (e do corpinho) dos nobres pegadores de toiros?

(Cartoon de Augusto Cid)



Pese embora o aparente optimismo assumido pela empresa do Campo Pequeno quando fez o balanço da recente Festa do Forcado (terá "engolido um sapo" para não dar parte fraca nem prejudicar a boa imagem da praça), a verdade é que o evento, que decorreu em dois dias, foi um tremendo fracasso em termos de público. E ninguém teve a coragem de o assumir. Muito menos de o referir. Porquê?

Com preços sensivelmente mais baratos e a vantagem de decorrer num só dia, a nova Festa do Forcado que se anuncia para Évora (14 de Abril) deverá superar, em quase todos os aspectos, mas sobretudo no que a público diz respeito, a de Lisboa. O que obrigará a concluir que, afinal, a Festa do Forcado deveria ter permanecido quietinha e sossegada em Évora. Depois falamos...

Entretanto, começam a disparar por todo o lado e em mais praças, outras pretensas "festas do forcado", concursos de cernelhas, etc. Começa a cheirar mal. Começa a parecer que andam alguns empresários a pretender angariar mais uns euros à custa da exploração da imagem do forcado - o que é triste e é, sobretudo, inaceitável.

Mais: nessas festas, por regra, participam dois elementos de cada grupo (os cernelheiros). Os outros, para assistir, têm que pagar bilhete. E sempre se fazem "touradas" com "gado manso" cedido por criadores a custos baixos ou mesmo gratuitos. Resumindo e concluindo: há empresários a ganhar dinheiro à custa da exploração da imagem (e do corpinho) dos nobres executantes da portuguesíssima arte de pegar toiros. Além de que estão a banalizar um evento que nasceu em Évora e que agora se realiza "por dá cá aquela palha" onde e quanto calha...

Como sempre, a Associação de Forcados não tem atitude. Não diz nada. Se fosse para vetar alguém, já aí estava de vento em popa... É pena que esconda a cabeça na areia e só a levante quando não deve... Mas é assim.

Senhorio, classe, temple, técnica, experiência e saber - foi assim Paulo Caetano no festival de Vila Viçosa. Sem espalhafatos, sem modernismos. Ele que foi exímio intérprete, nos seus tempos áureos, do toureio moderno, com cavalos tão completos e tão fantásticos como o "Tupilupi", o "Bolero" e outros mais, é hoje o retrato fiel de um toureiro maduro e clássico. De um Maestro em pleno. Pena que não toureie mais. Porque nos tempos que correm, marcaria certamente a diferença. E aos mais novos haveria de servir de exemplo. E grande.

Diz-se que não foi só o desânimo por as coisas não lhe terem corrido de feição em Alcochete e Santarém o que ditou a desistência de Manuel Lupi. Apesar de anunciado para duas das mais importantes praça do mundo, Lisboa e Madrid, a verdade é que, segundo consta, não estavam anunciado para mais corridas. E a falta de contratos, em ano de crise, pode ter levado o jovem Lupi a tomar a decisão que tomou. Mas faz falta.

Diz-se também que as paragens não se ficam por aqui. Antes de Lupi, foi Tomás Pinto que, embora não suspendendo, anunciou que iria abrandar a actividade. A seguir (era esperado) foi Vitor Ribeiro. E há mais prestes a encostar às boxes. Há quem não esteja disposto a ir "empobrecendo aos poucoas", toureando por "cachet's" insignificantes... como muitas empresas esão a propor e muitos toureiros estão a aceitar.

Campo Pequeno àparte - com bilhetes caros, vai encher na mesma e esgotar em ocasiões mais significativas, como na noite de abertura e na data da chegada de Pablo Hermoso - a esmagadora maioria dos empresários vai ter mesmo que se acautelar. Já houve exemplos negativos, praças vazias com bons toureiros no cartel. Já houve "adiamentos forçados", avisos suficientes à navegação...

Quem teve a culpa? Se já se sabia, de antemão, que a Protecção de Menores não autorizaria Miguel Moura a tourear em Santa Eulália, porque se manteve o jovem toureiro anunciado?...

Domingo, continua Miguel Moura anunciado num idêntico festival na Póvoa de São Miguel... o que se passará?

E, afinal de contas, o que esteve por detrás do misterioso "lapso" da IGAC ao não referir na sua lista oficial de espectáculos para o último fim-de-semana, o festival que se deveria ter efectuado em Santa Eulália? Terá sido mesmo lapso? Ou a IGAC comeu e calou para não levantar ondas?...