Já cheira mal tanta "Festa dos Forcados"... Não andam empresários a angariar euros à custa da exploração da imagem (e do corpinho) dos nobres pegadores de toiros? (Cartoon de Augusto Cid) |
Pese embora o aparente optimismo
assumido pela empresa do Campo Pequeno quando fez o balanço da recente Festa do
Forcado (terá "engolido um sapo" para não dar parte fraca nem
prejudicar a boa imagem da praça), a verdade é que o evento, que decorreu em
dois dias, foi um tremendo fracasso em termos de público. E ninguém teve a
coragem de o assumir. Muito menos de o referir. Porquê?
Com preços sensivelmente mais baratos e
a vantagem de decorrer num só dia, a nova Festa do Forcado que se anuncia para
Évora (14 de Abril) deverá superar, em quase todos os aspectos, mas sobretudo
no que a público diz respeito, a de Lisboa. O que obrigará a concluir que,
afinal, a Festa do Forcado deveria ter permanecido quietinha e sossegada em
Évora. Depois falamos...
Entretanto, começam a disparar por todo
o lado e em mais praças, outras pretensas "festas do forcado",
concursos de cernelhas, etc. Começa a cheirar mal. Começa a parecer que andam
alguns empresários a pretender angariar mais uns euros à custa da exploração da
imagem do forcado - o que é triste e é, sobretudo, inaceitável.
Mais: nessas festas, por regra,
participam dois elementos de cada grupo (os cernelheiros). Os outros, para
assistir, têm que pagar bilhete. E sempre se fazem "touradas" com "gado
manso" cedido por criadores a custos baixos ou mesmo gratuitos. Resumindo
e concluindo: há empresários a ganhar dinheiro à custa da exploração da imagem
(e do corpinho) dos nobres executantes da portuguesíssima arte de pegar toiros.
Além de que estão a banalizar um evento que nasceu em Évora e que agora se
realiza "por dá cá aquela palha" onde e quanto calha...
Como sempre, a Associação de Forcados
não tem atitude. Não diz nada. Se fosse para vetar alguém, já aí estava de
vento em popa... É pena que esconda a cabeça na areia e só a levante quando não
deve... Mas é assim.
Senhorio, classe, temple, técnica,
experiência e saber - foi assim Paulo Caetano no festival de Vila Viçosa. Sem
espalhafatos, sem modernismos. Ele que foi exímio intérprete, nos seus tempos
áureos, do toureio moderno, com cavalos tão completos e tão fantásticos como o
"Tupilupi", o "Bolero" e outros mais, é hoje o retrato fiel
de um toureiro maduro e clássico. De um Maestro em pleno. Pena que não toureie
mais. Porque nos tempos que correm, marcaria certamente a diferença. E aos mais
novos haveria de servir de exemplo. E grande.
Diz-se que não foi só o desânimo por as
coisas não lhe terem corrido de feição em Alcochete e Santarém o que ditou a
desistência de Manuel Lupi. Apesar de anunciado para duas das mais importantes
praça do mundo, Lisboa e Madrid, a verdade é que, segundo consta, não estavam
anunciado para mais corridas. E a falta de contratos, em ano de crise, pode ter
levado o jovem Lupi a tomar a decisão que tomou. Mas faz falta.
Diz-se também que as paragens não se
ficam por aqui. Antes de Lupi, foi Tomás Pinto que, embora não suspendendo,
anunciou que iria abrandar a actividade. A seguir (era esperado) foi Vitor
Ribeiro. E há mais prestes a encostar às boxes. Há quem não esteja disposto a
ir "empobrecendo aos poucoas", toureando por "cachet's"
insignificantes... como muitas empresas esão a propor e muitos toureiros estão
a aceitar.
Campo Pequeno àparte - com bilhetes
caros, vai encher na mesma e esgotar em ocasiões mais significativas, como na
noite de abertura e na data da chegada de Pablo Hermoso - a esmagadora maioria
dos empresários vai ter mesmo que se acautelar. Já houve exemplos negativos,
praças vazias com bons toureiros no cartel. Já houve "adiamentos forçados",
avisos suficientes à navegação...
Quem teve a culpa? Se já se sabia, de
antemão, que a Protecção de Menores não autorizaria Miguel Moura a tourear em
Santa Eulália, porque se manteve o jovem toureiro anunciado?...
Domingo, continua Miguel Moura anunciado
num idêntico festival na Póvoa de São Miguel... o que se passará?
E, afinal de contas, o que esteve por
detrás do misterioso "lapso" da IGAC ao não referir na sua lista
oficial de espectáculos para o último fim-de-semana, o festival que se deveria
ter efectuado em Santa Eulália? Terá sido mesmo lapso? Ou a IGAC comeu e calou
para não levantar ondas?...