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29 de Maio de 1977: Campo Pequeno esgotou a lotação para o ver triunfar |
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Fernando Guarany na actualidade: na Monumental de Albufeira com o Maestro João Moura |
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Fernando Guarany actuando na arena de Lisboa. O único toureiro brasileiro não esconde a vontade de regressar ao Campo Pequeno para "assinalar a aventura" vivida em 1977 |
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"Esses tempos foram únicos, jamais esquecerei o alvoroço que isso criou na imprensa portuguesa e na sociedade em geral", recorda Fernando Guarany 35 anos depois da "grande aventura" |
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Abril de 1977: esteve 20 dias e 20 noites à porta do Campo Pequeno a reclamar uma oportunidade de ali tourear. A 29 de Maio esgotou a lotação da praça lisboeta |


O único toureiro brasileiro na história
da tauromaquia, Fernando Guarany, esgotou há 35 anos o Campo Pequeno, em
Lisboa, após ter estado no interior de um caixão à porta da praça de toiros
para reivindicar uma oportunidade (foto da esquerda).
Três décadas e meia depois da "grande
aventura", o novilheiro brasileiro garantiu hoje à Agência Lusa que
"voltava a fazer o mesmo". "Tudo o que tenho hoje devo a esse
facto", justificou.
A história passou-se na manhã de 10 de
Abril de 1977, quando os transeuntes se depararam com um homem vestido de
toureiro, no interior de um caixão à porta do Campo Pequeno, a reivindicar uma
oportunidade e munido de um cartaz onde se podia ler: "só saio daqui em
triunfo ou morto".
O toureiro brasileiro foi no mesmo dia
detido pela PSP e o caixão foi apreendido pelas autoridades, mas horas depois
Fernando Guarany regressava para a porta principal do Campo Pequeno a
reivindicar uma oportunidade.
"Esses tempos foram únicos, jamais
esquecerei o alvoroço que isso criou na imprensa portuguesa e na sociedade em
geral", recorda.
Munido de capotes, muletas, bandarilhas
e estoques (espadas), ali permaneceu 20 dias e 20 noites, reivindicando um
contrato para actuar em Lisboa.
Ao fim de 20 dias, a empresa deu-lhe uma
oportunidade, contratou-o para uma corrida no dia 29 de Maio, tendo esgotado o
Campo Pequeno e exigido à empresa, horas antes, que hasteasse a bandeira do
Brasil, porque se assim não fosse "não toureava".
Passados 35 anos, o toureiro continua no
activo, recentemente toureou no México e espera este ano tourear em Portugal
"três a quatro festejos", não escondendo a vontade de regressar ao
Campo Pequeno para "assinalar a aventura" vivida em 1977.
O sonho de implantar as corridas de
toiros no Brasil continua também no seu horizonte, tendo já desenvolvido várias
iniciativas nesse sentido.
"Eu tenho divulgado a Festa nas
emissoras, nas revistas e televisões do Brasil. Para implementar a tauromaquia
no Brasil, tenho desenvolvido ainda vários contactos com os políticos
brasileiros ao longo dos últimos anos", explicou.
Fernando Guarany, que goza de grande
popularidade no meio artístico brasileiro, recordou que a última vez que se
realizou uma corrida de toiros no Brasil foi em 1922, ano em que se assinalou o
centenário da independência do país.
"Eu gostava imenso de mostrar aos
meus compatriotas a minha arte, mas ainda não perdi a esperança", disse.
Apaixonado por Portugal, onde possui
vários negócios, Fernando Guarany é respeitado pelas pessoas do meio taurino,
que o consideram "um verdadeiro romântico da Festa".
Fotos D.R.