segunda-feira, 7 de maio de 2012

35 anos depois: Guarany recorda à Lusa a "aventura do caixão"



29 de Maio de 1977: Campo Pequeno esgotou a lotação para o ver triunfar
Fernando Guarany na actualidade: na Monumental de Albufeira
com o Maestro João Moura
Fernando Guarany actuando na arena de Lisboa.
O único toureiro brasileiro  
não esconde a vontade de regressar
ao Campo Pequeno para 
"assinalar a aventura" vivida em 1977
"Esses tempos foram únicos, jamais esquecerei o alvoroço
que isso criou na imprensa portuguesa e na sociedade em geral",
recorda Fernando Guarany 35 anos depois da "grande aventura"
Abril de 1977: esteve 20 dias e 20 noites à porta do Campo Pequeno
a reclamar uma oportunidade de ali tourear. A 29 de Maio esgotou
a lotação da praça lisboeta




O único toureiro brasileiro na história da tauromaquia, Fernando Guarany, esgotou há 35 anos o Campo Pequeno, em Lisboa, após ter estado no interior de um caixão à porta da praça de toiros para reivindicar uma oportunidade (foto da esquerda).
Três décadas e meia depois da "grande aventura", o novilheiro brasileiro garantiu hoje à Agência Lusa que "voltava a fazer o mesmo". "Tudo o que tenho hoje devo a esse facto", justificou.
A história passou-se na manhã de 10 de Abril de 1977, quando os transeuntes se depararam com um homem vestido de toureiro, no interior de um caixão à porta do Campo Pequeno, a reivindicar uma oportunidade e munido de um cartaz onde se podia ler: "só saio daqui em triunfo ou morto".
O toureiro brasileiro foi no mesmo dia detido pela PSP e o caixão foi apreendido pelas autoridades, mas horas depois Fernando Guarany regressava para a porta principal do Campo Pequeno a reivindicar uma oportunidade.
"Esses tempos foram únicos, jamais esquecerei o alvoroço que isso criou na imprensa portuguesa e na sociedade em geral", recorda.
Munido de capotes, muletas, bandarilhas e estoques (espadas), ali permaneceu 20 dias e 20 noites, reivindicando um contrato para actuar em Lisboa.
Ao fim de 20 dias, a empresa deu-lhe uma oportunidade, contratou-o para uma corrida no dia 29 de Maio, tendo esgotado o Campo Pequeno e exigido à empresa, horas antes, que hasteasse a bandeira do Brasil, porque se assim não fosse "não toureava".
Passados 35 anos, o toureiro continua no activo, recentemente toureou no México e espera este ano tourear em Portugal "três a quatro festejos", não escondendo a vontade de regressar ao Campo Pequeno para "assinalar a aventura" vivida em 1977.
O sonho de implantar as corridas de toiros no Brasil continua também no seu horizonte, tendo já desenvolvido várias iniciativas nesse sentido.
"Eu tenho divulgado a Festa nas emissoras, nas revistas e televisões do Brasil. Para implementar a tauromaquia no Brasil, tenho desenvolvido ainda vários contactos com os políticos brasileiros ao longo dos últimos anos", explicou.
Fernando Guarany, que goza de grande popularidade no meio artístico brasileiro, recordou que a última vez que se realizou uma corrida de toiros no Brasil foi em 1922, ano em que se assinalou o centenário da independência do país.
"Eu gostava imenso de mostrar aos meus compatriotas a minha arte, mas ainda não perdi a esperança", disse.
Apaixonado por Portugal, onde possui vários negócios, Fernando Guarany é respeitado pelas pessoas do meio taurino, que o consideram "um verdadeiro romântico da Festa".

Fotos D.R.