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O matador José Luis Gonçalves (actuando em Espanha) considera "caricato" o facto de ser reconhecido em Portugal como matador de toiros e proibido de exercer legalmente a sua profissão... |
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O novilheiro Manuel Dias Gomes (21 anos) exercendo a sua profissão no ano passado na Monumental de Madrid. Em Portugal, se matar vai preso... |

Os matadores de toiros portugueses são
detentores de uma carteira profissional que lhes confere a categoria de
"matador", mas são "obrigados" a emigrar porque em Portugal
a legislação não permite a morte dos toiros na arena.
Em declarações à Agência Lusa, hoje, o diestro
José Luís Gonçalves, que tomou a alternativa de matador de toiros em Badajoz
(Espanha), em 1994, lamentou esta situação, considerando todo o processo
"caricato".
"É a mesma coisa de nós sermos
taxistas, termos a carta de condução e não podermos guiar táxis, só podendo
guiar os outros carros", ironizou. O matador de toiros português, que
dirige actualmente a Academia de Toureio do Campo Pequeno, em Lisboa, explicou
que os matadores têm uma carteira profissional passada pelo governo espanhol e,
em Portugal, possuem uma carteira que "confirma tudo", mas que é
passada pela Associação Nacional de Toureiros (ANT).
"Quando vamos tourear em qualquer
praça do nosso país, a Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC) deixa as
empresas anunciar-nos como matadores. Tudo isto é caricato", considerou.
"Este é o velho debate, o debate de
toda a vida. Infelizmente, tomamos a alternativa fora do nosso país, em
Portugal é-nos permitido sermos acompanhados pela dita carteira profissional,
mas não nos é permitido exercer a nossa profissão por completo", lamentou.
Na opinião de José Luís Gonçalves,
"falta cultura taurina", bem como "conhecimento do campo e do
toureio" por parte das entidades competentes para que a situação seja
alterada.
Em Portugal, o único regime de excepção,
onde é permitida a morte do toiro na arena é na vila alentejana de Barrancos
(Beja), mas o jovem novilheiro (aspirante a matador) Manuel Dias Gomes espera
ver esta situação "alterada" nos próximos anos.
Novilheiro desde 2009, este jovem, de 21
anos, revelou à Lusa que "sonha" tornar-se matador de toiros, mas tem
"consciência" que terá que emigrar para "vingar" na sua
profissão.
"Para nos sagrarmos como toureiros
tem que ser em Espanha, onde está a verdade do toureio (sorte de varas e morte
do toiro), mas lamento não poder exercer esta profissão no seu todo no meu
país", disse.
"Quem sabe um dia a coisas não
mudam", avançou.
Em Portugal, existem várias escolas de
toureio (formação para novilheiros), entre as quais se destacam as de Vila
Franca de Xira, Lisboa (Campo Pequeno), Moita do Ribatejo, Alter do Chão e
Santarém.
Todas estas escolas contam com várias
dezenas de jovens inscritos que sonham um dia tornar-se matadores de toiros.
Fotos D.R. e Ricardo Relvas