sexta-feira, 7 de setembro de 2012

C. Pequeno, ontem: Telles não é deste "filme" e Fernandes "não morreu" em Lisboa...

António Telles estava ontem no "filme" errado...
Rui Fernandes: raça, garra e o seu eterno valor. Mas ontem, "no pasó nada"...

Miguel Alvarenga - Pablo Hermoso de Mendoza saíu ontem do Campo Pequeno "por cima" - bem por cima - dos portugueses que com ele alternaram. Mas isso não admira ninguém e a mim não me espantou minimamente. Era altamente previsível.
António Ribeiro Telles estava ontem no "filme errado". "Aquilo" não tem nada a ver com ele. Aqueles "toirinhos amestrados" são a verdadeira negação da sua Tauromaquia. O Maestro António fez, pela terceira vez este ano, o favor de "abrir praça" a Pablo. Foi ali no lugar que estava destinado e anunciado para Manzanares, lesionado e que não pôde vir a Lisboa.
O seu primeiro "toiro" (continuo a designá-los entre aspas, porque considero que "aquilo" é a total e perfeita negação da raça brava e do que é um toiro) era manso e reservado. Manso? Sei lá se era. Estes animaizinhos, repito, não são mansos, nem são bravos. Não são, pura e simplesmente...
António esteve ali sem estar. Não se deu por ele, porque não se podia dar por ele. Procurou o toureio de verdade, mas com "toiros de mentira" não se pode ser verdadeiro. No primeiro, recusou a volta. No segundo deu-a. Valeu a pena? O "filme" de António Telles é outro. Não tem a ver com ontem...
O primeiro "toirinho" de Rui Fernandes tinha "uma patinha presa" e foi para dentro, mesmo depois de ter levado um ferro. Toureou a seguir o que lhe estava destinado em segundo, outra "vaquita" sem trapio, de vergonhosa apresentação. Pode um Toureiro de Verdade, como Rui Fernandes, brilhar com oponentes assim? Claro que não. Esteve ali, mais nada...
O último "toiro" tinha maior apresentação. Mas comportamento idêntico aos outros, "nhoc-nhoczinho". Rui fez os possíveis, quis pôr emoção onde não a havia, quis pôr "a carne no assador" com "toirinhos amestrados" onde não há risco nem emoção, mas, apesar de tudo, esteve muito bem. Muito bem, mesmo. Não era fácil, para nenhum toureiro, vir à praça depois de Hermoso dar quase quatro voltas à arena...
Rui Fernandes é um Grande Toureiro. Marcou a diferença nos anos que leva de alternativa, tem escrito páginas de glória nas arenas de todo o mundo. "Morreu" ontem no Campo Pequeno, como ouvi alguns detractores opinarem no final da corrida? Credo! Nem ele é "homem para isso", nem foi isso que aconteceu. Por morrer uma andorinha nunca acabou a Primavera. Mas ontem, a Fernandes, morreram mais que uma andorinha e a Primavera quase se foi...
Perdeu os papéis, perdeu também a cabeça, pura e simplesmente, como pode acontecer a qualquer um. Tinha o "trabalhinho" todo feito e saía em plano de triunfo, quando mudou de cavalo e pediu mais um ferro. Em terrenos "complicados", quase "chocou" com o "toiro". Não levantou vôo porque "aquilo" não era um toiro. Depois, quis pôs um par de bandarilhas. Quem lhe manda querer ser lobo se não tem condições para vestir a pele? Nem esperou que os bandarilheiros tirassem o "toiro" das tábuas. Resultado: as bandarilhas cairam no chão (Bastinhas há só um!). Voltou a tentar no "corredor". E desta vez o "toiro" bateu no cavalo. Mas quem caíu foi ele e não o cavalo. Ficou deitadinho. Cena ridícula e degradante. Rui Fernandes foi embora com a "pintura borrada" e a praça a assobiar. Há momentos em que os toureiros precisam de ter cabeça e não a têm...
Resumindo: Pablo levou ontem a melhor e os "tugas" não tiveram unhas p'ra tocar guitarra. Doa a quem doer, foi isto que se passou.

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com