segunda-feira, 26 de junho de 2017

Parreirita Cigano: "Tudo o que sei devo ao meu Mestre, Manuel Jorge de Oliveira"

"Devo muito ao Campo Pequeno, deram-me muitas oportunidades e eu tive a
felicidade de as aproveitar. Espero continuar no futuro a merecer a confiança
que esta empresa tem depositado em mim"
O jovem cavaleiro ladeado por seu pai, o matador de toiros Parreirita Cigano e o
seu mestre, Manuel Jorge de Oliveira, que esta 5ª feira lhe vai conceder a
alternativa no Campo Pequeno

Monta a cavalo desde os 8 anos mas, só aos 20 anos e depois de muito trabalho orientado por Manuel Jorge de Oliveira, se decidiu a enveredar pela carreira de cavaleiro tauromáquico. “Manuel Jorge de Oliveira tem sido o meu Mestre na equitação e no toureio. Vai ser o meu padrinho de alternativa. Aliás, não fazia sequer sentido ser outro cavaleiro que não o Mestre Manuel Jorge. Tudo o que sei devo-o a ele. São muitos anos a trabalhar sob a sua orientação, em Portugal e na Suíça”, diz o jovem cavaleiro Parreirita Cigano, que na próxima quinta-feira, dia 29, toma a alternativa no Campo Pequeno.
Baptizado com o nome de Carlos Miguel Serôdio da Conceição, usa como nome artístico Parreirita Cigano, o mesmo de seu pai que foi matador de toiros. “É uma homenagem que faço ao meu pai, que sempre apoiou a minha escolha profissional”, afirma.
A sua apresentação púbica teve lugar no Cartaxo, a 22 de Junho de 2012, numa garraiada em que alternou com o amador Manuel Oliveira, filho de Manuel Jorge de Oliveira. Fez a prova de praticante a 13 de Outubro de 2013 na Terrugem.
O seu primeiro triunfo importante e que lhe valeu ter ganho o prémio em disputa para a melhor lide, foi a 1 de Novembro de 2013, no Cartaxo, frente a um toiro de David Ribeiro Telles. "Nunca tinha visto um toiro tão grande… francamente que, à primeira vista, assustava. Mas o único remédio era ir-lhe para cima, acreditar e dar a volta à situação, o que consegui, ao ponto de ter ganho o prémio em disputa", recorda.
Outra corrida para recordar: “20 de Setembro de 2014, no Cartaxo em que partilhei cartel com os Maestros João Moura e Rui Salvador, tendo o meu pai toureado a pé. Uma data inesquecível pelos triunfos e pelo facto de ter toureado com o meu pai".
O Cartaxo volta a ser praça talismã para Parreirita Cigano, na corrida de 2015, integrada nas festas da cidade: "Foi uma das lides mais completas que tive."
Sobre o papel do Campo Pequeno na sua trajectória profissional, agradece o apoio que a empresa sempre lhe deu e sublinha: "Devo muito ao Campo Pequeno. Deram-me oportunidades e eu tive a felicidade de as aproveitar. Ali é gente de palavra. Espero que, no futuro, possa continuar a merecer a confiança da empresa".
"Identifico-me totalmente com a praça de toiros do Campo Pequeno. Desde a primeira vez que aqui toureei, senti uma energia fantástica. A vibração desta praça é algo de indescritível", afirma Parreirita Cigano.
Quanto ao facto de ser Manuel Jorge de Oliveira o seu padrinho de alternativa diz ser "uma honra e um privilégio, e ainda por cima ter-se disponibilizado para sair do conforto da sua posição de 'retirado' para comemorar 40 anos de alternativa, confirmando assim o seu estatuto de figura do toureio".
Num momento de festa como é este, Parreirita Cigano relembra também o papel que Filipe Oliveira, irmão de Manuel Jorge de Oliveira, e já falecido, teve na sua carreira: “Recordo o amigo que sempre me deu bons conselhos. Para ele haverá sempre da minha parte um pensamento de gratidão”.
O cartel da corrida da próxima quinta-feira engloba ainda os nomes dos cavaleiros Rui Salvador, Ana Batista, João Maria Branco e Jacobo Botero, bem como os forcados Amadores do Ribatejo, Amadores da Chamusca e Amadores do Aposento da Chamusca, capitaneados por Pedro Espinheira, Nuno Marecos e Pedro Coelho dos Reis, respectivamente.
“É um cartel que me agrada bastante, pois reúne colegas de várias gerações, desde os consagrados àqueles com quem terei de me 'bater' directamente para conseguir ser alguém no mundo do toiro”, afirma o cavaleiro que antecipa também uma grande noite de competição para os grupos de forcados.
Quanto aos toiros, define a ganadaria Veiga Teixeira como “muito boa, dura, de respeito e a sair com muita qualidade no que vai desta temporada”. Atribui um significado especial ao facto de ser a ganadaria da sua alternativa: “É uma ganadaria do concelho de Coruche, terra do meu pai e onde ele muitas vezes treinou enquanto esteve no activo”.
Quanto ao tipo de toiro que prefere, responde sem hesitar ser o “que transmite emoção ao púbico, pois o público tem que sentir o risco que corremos para acreditar naquilo que fazemos na arena” e define o seu tipo de toureio com apenas uma palavra: “Frontal!”.
No cavalo de toureio valoriza a “estabilidade, força, raça, carácter e versatilidade”, pretendendo estabelecer um binómio de confiança entre ambos que sintetiza da seguinte forma: “Gosto de me meter na cabeça do cavalo e que o cavalo se meta na minha cabeça”.

Fotos Emílio de Jesus